Veio uma onda boa. Lucas Vicente, 12 anos, corta pela esquerda, rasga e fecha a manobra na parte de cima da onda. Na areia, o pai João Carlos Alexandre, 49, vibra. Também surfista, sabe reconhecer uma boa manobra. Voltou a vibrar pouco depois, desta vez com o anúncio da nota: 8,27. Uma das maiores de sábado, quando a nova geração de brous catarinas disputaram a quarta e última etapa do circuito Tide Rise e Big Wave apresentam Aspi Surfuturo Groms 2013, da associação de Surfe das Praias de Itajaí (Aspi), na Atalaia.
Lucas é apenas um da pá de surfistas que foi ao mar seguir os passos dos pais ou irmãos. E, claro, toda a molecada conta com o apoio dos parentes, que não só os levam à competição (sub-16), como ...
Lucas é apenas um da pá de surfistas que foi ao mar seguir os passos dos pais ou irmãos. E, claro, toda a molecada conta com o apoio dos parentes, que não só os levam à competição (sub-16), como bancam a carreira e os apoiam nas disputas.
A ideia de competir foi do próprio Lucas. O pai, que sempre surfou, nunca foi profissa. Nunca gostei de competir, confessa. O filho foi pelo caminho contrário, inspirado por filmes. Local da Joaquina, Lucas surfa desde os três anos e já competia com cinco. Aos seis, estreou no circuito peixeiro. Ele foi o primeiro atleta de fora, recorda João Carlos.
Hoje, além da peixeirada e de vizinhos vindos de cidades como Navega e Balnéario, o circuito Surfuturo recebe jovens de vários cantos da Santa & Bela. As praias de Itajaí agradam o menino da Joaca. As ondas aqui são muito boas. Gosto muito da Atalaia e da Brava, diz o menino.
Mas o pai de Lucas Vicente vai além do apoio. Ele treina o moleque e filma as manobras pra depois ver, no vídeo, os erros e acertos. E essa parceria pai-filho tem dado resultado. O manezinho é bicampeão catarina infantil (sub-12). Já surfou no Peru e na Indonésia e, no próximo mês, vai a uma das águas mais desejadas pelos surfistas. Dia 20 de janeiro vamos ao Havaí, informa o pai, que acrescenta: Na minha época, não tinha crianças dessa idade surfando, diz, impressionado com o que a nova geração tem mostrado em cima da prancha e com a força de vontade de competir.
Habilidade e disciplina é o que chama a atenção também de empresas. Há dois anos, Lucas Vicente é atleta da Mormaii. Antes disso, era patrocinado desde os seis por uma marca de roupa infantil.
O pai garante: nunca forçou nem vai forçar o filho a competir. Virou atleta por opção própria e pode largar a hora que quiser. Mas se insistir na carreira, não vai faltar apoio. O futuro parece promissor. Muita gente me diz que ele é um futuro WT [World Tour, a elite mundial]
Aspi vai buscar grana na lei de incentivo ao esporte
A distância até a Atalaia é menor pra Luan Piazera, 14, da Maravilha do Atlântico. Ele começou a surfar há quatro anos e aos 12 já encarava competições na região. Meu pai me incentivou, explica o garoto, filho de Marcelo Piazera. Líder da primeira bateria semifinal da categoria iniciante (sub-14), ele curtiu a condição do mar de sábado. Tem umas ondinhas boas, de meio metro. Tá bem legal de surfar, garante.
Era o que esperava a turma da Aspi pro sábado, e a previsão se confirmou. Nos bastidores, enquanto o evento rolava, batiam papo. Desde a comemoração pelo nível dos brous e pelo circuito estar atraindo jovens de vários cantos do estado até o anúncio de que a lei Municipal de Incentivo ao Esporte vai distribuir R$ 1,5 milhão no ano que vem. Tomara que muitas modalidades sejam contempladas. Desde que a lei foi criada, em 2005, nunca mais precisamos ficar mendigando migalhas pra fazer o evento, afirma Juliano Secco, vice-presidente da Aspi e que no sábado dividiu a locução com o presidente Cristhyan Ferro.
Não que o dindim que ganham com a lei banque todos os eventos, mas dá uma base pra procurarem patrocínios mais pontuais, afinal, não é barato fazer um campeonato. Além do palanque onde rola toda a organização da competição, tem o sistema de som, o sistema de notas da Surfpro, premiação e todos os detalhes. Não se faz um evento de surfe de dois dias com menos de R$ 10 mil, explica Secco. Na quarta etapa do Surfuturo, foram R$ 2 mil só de comissão de arbitragem.
Melhor briga veio entre as minas
Quem olhava de longe não imaginava que Anna Julia Takaki Junkes e Tainá Hinckel disputavam a mesma categoria. O motivo é que a altura engana. A grandona Anna Julia é só três anos mais velha que a baixinha Tainá, de 10 anos. Na água, a diferença some. As duas disputaram o título da etapa com Laura Pohl, mas a briga pelo caneco da temporada era entre a dupla mesmo. Anna chegou na etapa decisiva com apenas 100 pontos de vantagem, já que venceu duas etapas e ficou uma em segundo, enquanto Tainá venceu uma e foi vice nas outras duas.
Por isso, se Tainá vencesse a final e Anna ficasse em segundo, teria que rolar uma bateria extra, mina contra mina, pra definir a campeã da temporada. Mas Anna acabou levando a melhor.
Elas não fogem à regra. A paixão pelo mar vem de casa. Da Guarda do Embaú, só a mãe de Tainá não surfa. Por muitos anos, Carlos Kxote foi atleta profissa. Hoje ainda disputa competições máster, quando não está acompanhando a filha em disputas. O irmão de Tainá tá na luta pra seguir os passos do pai. Ela começou a surfar já com dois anos, mas passou por um trauma e parou. Há quatro anos, numa conversa com o pai, decidiu voltar pras ondas.
Sua rival, Anna Julia, também vem de família de brous. O pai é surfista e a mãe, Juliana Takaki, é bodyboarder (atleta de moribug). Com esse time em casa, não demorou pra Anna cair de prancha no mar. Há três anos, passou a competir. Além dos campeonatos regionais, ela disputa o campeonato da Fecasurf (federação catarina) e o Brasileiro sub-16, o Rip Curl Grom Search do Guarujá, onde ficou em quarto lugar.
Feminino
1º Ana Julia
2º Tainá Hinckel
3º Laura Pohl
Espumeiro
1º Luiz Mendes
2º Gabriel Junkes
3º Tainá Hinckel
4º Gustavo Picaski
Infantil
1º Lucas Vicente
2º Mateus Herdy
3º Leonardo Barcelos
4º Walley Guimarães
Iniciantes
1º Mateus Herdy
2º Giovanne Picaski
3º Luan Piazera
4º Lucas Vicente
Mirim
1º Yago Ramos
2º Giovanne Picaski
3º Luan Garcia
4º Lucas Vicente