Subir mais de um quilômetro de morro com 25 quilos nas costas. Este é o único jeito de saltar de parapente do morro da Atalaia, em Itajaí. Com a atividade inviabilizada há um mês, quando a fundação do Meio Ambiente (Famai) proibiu o acesso de veículos após o tombamento de um caminhão, os pilotos da associação de Parapentes de Itajaí e Região (Apir) protestaram ontem à tarde pedindo a liberação do acesso. Contudo, a superintendente da Famai, Rogéria Gregório, garante que não vai abrir mão da segurança dos visitantes pra ceder à pressão do grupo.
Como forma de protesto, 20 pilotos se reuniram ao pé do morro, no início da tarde de ontem, e amontoaram os equipamentos na entrada do parque. Durante o berreiro, uma caminhonete a serviço do parque ...
Como forma de protesto, 20 pilotos se reuniram ao pé do morro, no início da tarde de ontem, e amontoaram os equipamentos na entrada do parque. Durante o berreiro, uma caminhonete a serviço do parque desceu do morro. Como os pilotos se recusaram a recolher os equipamentos, o coordenador Alex Rocha teve que abandonar a direção do possante e liberar a passagem. Essa determinação não é minha. Nós sempre incentivamos o voo livre e só estamos cumprindo ordens, alega.
O presidente da Apir, Denis Coelho, 50 anos, reforça que o local onde fica a rampa de voo não pertence ao parque, por isso a entrada de moto ou carro dos pilotos deveria continuar liberada. O parque fica de um lado; a nossa área de voo, que funciona há mais de 30 anos, fica de outro, argumenta. Coelho conta que a associação já se reuniu várias vezes com a chefona da Famai. A abobrona teria prometido liberar o acesso, mas agora ele reclama que ela tá dando só desculpas esfarrapadas.
Pro piloto Juarez Sérgio Petri, 52, esse pico no morro da Atalaia é reconhecido internacionalmente. Voadores de todas as partes do globo adoram sobrevoar as praias da city peixeira. No entanto, eles têm encontrado as mesmas dificuldades do povo local. Eles chegam aqui e vão embora pra outro pico, porque tem piloto com mais de 60 anos que ainda voa, mas não tem condições de subir esse morro com os equipamentos. Até a galera mais jovem tá evitando, comenta.
Se em outras temporadas o dia era encerrado com voos livres saindo do morro da Atalaia, hoje os pilotos tão evitando a atividade por lá. O piloto Rodrigo Monteiro, 28, carca que não só o voo foi prejudicado, mas o turismo. Pra ele, o morro agora ficou deserto.
Vai continuar brecado
A superintendente da Famai, Rogéria Gregório, alega que a proibição do acesso de veículos é temporária. No entanto, não vai apressar os trâmites internos da instituição só por causa da pressão da Apir. A brecada no acesso rolou depois de dois acidentes, em novembro. O primeiro foi com a caminhonete do parque, que derrapou na estrada, mas não deixou feridos. Já o segundo resultou em duas pessoas hospitalizadas. O caminhãozinho turístico que levava os visitantes até o mirante tombou na pista. Dos 17 passageiros, uma mulher de 27 anos teve a perna prensada e um menino de quatro quebrou o braço. A sindicância que apura as causas do acidente ainda está em andamento.
A abobrona informa que a assessoria jurídica da Famai tá queimando os miolos pra encontrar uma forma de liberar o acesso pra galera do parapente. No entanto, adianta que não trabalha na base da pressão. Eu tô usando o bom senso e zelando pela segurança. Estamos estudandoa possibildiade de abertura, afirma, sem estipular prazos.