O Superior Tribunal Federal decide, opera, influencia, intervém sobre as decisões políticas nacionais. Volta e meia os ministros-juízes estão no entorno de mesas a ajustar decisões políticas. A institucionalidade do sistema jurídico provém de outra natureza. Essa ocorrência surge no fluxo das fraquezas institucionais, abaladas por sua própria conduta. Por outra lado, a ineficiência do Sistema Político passa a exigir soluções.
O Governo se percebe prisioneiro das desavenças e fragilidades sobre a própria conduta governamental. Numa cosmológica aliança partidária, com ministros que não conseguiriam se concentrar numa reunião pela quantidade de pessoas e diversidade de vertentes [simbolicamente expressos nos embates de Marina Silva desde o início do governo], há dificuldades de se produzir um caminho ao desenvolvimento e esperança. Não inspiramos, ar adentro, nem mesmo um processo de transição bem orientado.
A Câmara dos Deputados, a funcionar como uma chancelaria, atua como Poder Executivo tanto em definição de orçamento quanto de definição política ao governo. Distante anos-luz das esquinas onde vivem os brasileiros, vive um mundo à parte, numa dimensão galáctica distinta: dá-se direitos, faz-se orçamento público.
De tudo, a observação dos eleitores, dos trabalhadores, dos empresários de micro e pequenino portes, das donas de casa, dos operários da construção civil, dos ambulantes, das crianças, dos professores, dos alunos, enfim, das pessoas do mundo da vida vivida com pés no chão [pés apressados para chegar em qualquer lugar], resulta a revolta contida. Eis o nascedouro de políticos antissistema.
Há um certo fascínio em observar alguém a combater o sistema com alegorias, críticas, condutas espetaculares. Como o sistema político não tem um quilo ou um metro [não pode ser fisicamente mensurado], a concretude do sistema se espelha nos candidatos do sistema. Daí que o combate Marçal-Datena revela a lateral de um mesmo lado: é um pleonasmo. Datena se fez antissistema pela conduta televisiva como âncora da crítica institucional na versão “Tá tudo errado”; Marçal se faz antissistema pela conduta de criticar pessoas-candidatos como se fossem os representantes mais baixos do sistema político.
Cadeiras para cá, cadeiradas para lá, expressam a revolta contida dos eleitores de hoje. Fazer a crítica pessoal é como atingir o corpo do sistema político que se alimenta dos esforços convertidos em impostos de toda fonte, de todo lado, de todo consumo, de toda a produção, de toda transposição. Cadeiras para lá, cadeiradas para cá, é fácil imaginar as proporções que o uso do sistema pode causar nas ruas. Enquanto for confronto de cadeiras e cadeiradas, teremos a aversão e não a ideologia nas ruas. Ao fim e ao cabo, as cadeiras é que não são respeitadas.