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Um tiro pela culatra


A política é o fenômeno que dilui cada indivíduo no programa “sociedade”. Política e todos os seus componentes, como a democracia, é como a água que conduz a dispersão de todos os temperos no preparo do arroz. Cada grão, cada indivíduo, recebe o que os outros grãos e indivíduos recebem. A própria composição de “povo” [Demo] se refere ao conjunto, ao todo, a todos ao mesmo tempo, sem dispor de qualquer privilégio ou distinção para qualquer um dos indivíduos. Democracia é a expressão de que política é para todos e não para cada um.

A política e a democracia exigem, por sua natureza de existência, a “eliminação” do indivíduo em nome da projeção do conjunto. Numa panela de arroz, cada grão somente fará sentido para configurar o “alimento” como conjunto. Um grão não fará sentido para ser considerado alimento, tal qual um indivíduo, por si só, não poderá representar política e democracia. Esse fenômeno somente poderá haver no conjunto complexo e trabalhoso de suas relações, como um fruto que só pode ser pensado e concebido sob reflexão da planta.

Nesse trabalhoso dia a dia da política ocorrerão conflitos. Uma série deles será resultado de problemas de condicionamento entre desejos pessoais e movimento coletivo. Os desejos, considerados de instância individual, na política serão diluídos em juízos coletivos. As exigências democráticas colocam os desejos de cada um para fora de seu corpo [do indivíduo] e sob a legitimidade do que é comum e geral [sociedade]. Os desejos, em democracia, somente serão considerados legítimos e adequados se forem submetidos ao “comunitário”.

Mas se você quer impor seus desejos aos outros então, em tese, você terá antes que substituir o juízo coletivo e a legitimidade comunitária em um fenômeno pessoal, individual, exclusivo ...

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A política e a democracia exigem, por sua natureza de existência, a “eliminação” do indivíduo em nome da projeção do conjunto. Numa panela de arroz, cada grão somente fará sentido para configurar o “alimento” como conjunto. Um grão não fará sentido para ser considerado alimento, tal qual um indivíduo, por si só, não poderá representar política e democracia. Esse fenômeno somente poderá haver no conjunto complexo e trabalhoso de suas relações, como um fruto que só pode ser pensado e concebido sob reflexão da planta.

Nesse trabalhoso dia a dia da política ocorrerão conflitos. Uma série deles será resultado de problemas de condicionamento entre desejos pessoais e movimento coletivo. Os desejos, considerados de instância individual, na política serão diluídos em juízos coletivos. As exigências democráticas colocam os desejos de cada um para fora de seu corpo [do indivíduo] e sob a legitimidade do que é comum e geral [sociedade]. Os desejos, em democracia, somente serão considerados legítimos e adequados se forem submetidos ao “comunitário”.

Mas se você quer impor seus desejos aos outros então, em tese, você terá antes que substituir o juízo coletivo e a legitimidade comunitária em um fenômeno pessoal, individual, exclusivo, egoísta. Essa inversão fará com que você seja a política, o coletivo. A democracia e a política serão convertidas em seus desejos pessoais. Assim, teremos o nascimento da ditadura, da opressão, do autoritarismo, da violência para submeter os outros aos seus desejos. Ao invés de a água do arroz ser o distribuidor dos elementos de tempero da refeição, tal qual a política ser o dispersor dos parâmetros das relações sociais e políticas, você, como grão prepotente, seria a própria política. E isso só é possível com violência!

Se o indivíduo substitui o coletivo haverá a distorção do que seja paz e pacífico. Se você considera que seu desejo tem mais valor, mais grandezas, mais qualidades, mais legitimidade [porque seu], estamos impossibilitados de viver em Paz: um grão querendo ser todo o conjunto. A liberdade individual, como os desejos pessoais, tem, ao seu redor, todos os outros desejos e de todos os outros indivíduos. Liberdade, sendo uma relação social, só pode existir por restrições. Política é renunciar à imposição pessoal em nome da diluição no coletivo.

Essas condições não estão muito facilitadas em tempos de redes sociais alimentadoras de individualismos e do isolamento dos indivíduos fora da panela social. Os olhos das redes sociais se “hidratam” em telas e se “afogam” por excessos. Os casos de violência e agressividade encontram caminhos quando não há “treinamento social” para que as pessoas convivam com as pessoas e se vejam como grãos de um conjunto. Para alguns, se o conflito não consegue ser resolvido em instâncias políticas e democráticas, então que se elimine o conflitante.

Eliminar o conflitante para resolver o conflito é promover as condições do autoritarismo e da imposição dos desejos pessoais: um tiro pela culatra. A Democracia precisa ser ensinada!


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