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Coluna Exitus na Política

Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

O aluno da carteira ao lado


Aparentemente, a maioria dos ambientes de encontro passaram a ter observações nebulosas. Os jogos eletrônicos deram os primeiros sinais. Brincar e jogar podem ser atividades realizadas com o olhar na tela do computador. Sentimentos e vibrações emocionais são expressões ora compartilhadas em mundo digital, em cenário de recorte particular entregue a outros mundos particulares. A unidade se encontra na web, deslocada da ideia de grupo. Comunidades na web provocam partilhas incompletas e, muitas vezes, fantasiosas.

Os home offices deram mais sinais. Tudo pode ser feito em casa, on line, no jeito de ser do operador e do jeito que tem que ser do resultado. Um mundo cujos objetivos são alcançados à distância. Pode parecer mais pessoal e libertador, mas o trabalho neste set abre mão de muito mais coisas do que se imagina.

Vizinho dos home offices transcorrem os ensinos à distância [EAD]. Atividades contínuas e programadas para atender o processo de ensino e, saravá, o processo de aprendizagem. Sessões de aula compartilhadas por muitos alunos, cada um em seu lugar, cada um em seu tempo, cada um em seu particular. É evidente que há ganhos importantes e condições exemplares em parte desses conjuntos de mundo sem latitude-longitude; é evidente que processos rápidos e reuniões objetivas são eficientes ao usarem de meios digitais para soluções de problemas precisamente pensados.

O que não se tem neste campo é a interação pessoal-orgânica, direta e completa em termos de percepção de sentimentos e elaboração contínua de empatia. É característica da espécie viver em grupo e conversar intensamente. Ao se encontrar com alguém para reuniões, ou no conjunto do ambiente do trabalho, ou nas salas de aulas com carteiras e professores, nos atos sacramentais religiosos, ou conversar com o vizinho sobre algo da vida ou acontecimento da rua, ou fazer fofocas sobre “quem está fazendo o que, quando, com quem, com quantos e os porquês”, conjugamos ali o exercício de empatia, controle social, aprendizados e percepção completa do interlocutor.

Perceber o outro em ambientes públicos é estabelecer um arranjo de exercícios sociais que não podem ser negligenciados na formação de um ser social. As interações diretas são requeridas em encontros festivos, bares e restaurantes, espetáculos de música e de arte. Nada substitui os olhares e o compartilhar de gargalhadas, o abraço e o alento causado por infortúnios da vida, os pedidos de desculpas e os agradecimentos sinceros feito olho-no-olho.

As salas de aula e os ambientes de trabalho exigem muito mais do que o cumprimento de tarefas laborais ou educacionais. Ali se aprende o exercício de viver na companhia de diferentes [alguns opostos], da diversidade imputada que precisa ser realocada naquele momento presencial, os desconfortos da intolerância, os suprimentos emocionais para se conviver com autoridades hierárquicas e diferenças de posicionamentos.

Os ambientes particulares são processos de recesso e autorrecolha, de descanso e privação, de recondicionamento e reposição. O mundo carnal, ali fora, é mais intenso e mais provocador. Compartilhar com os outros a existência é condição fundamental para a saúde social. As relações sociais do mundo instantâneo têm serventia curta e precisa e são eficientes enquanto temporárias e pontuais. Viver em grupo carnal é obter controle social, segurança e liberdade.

As salas de aula e as bancadas de trabalho provocam em nós o desafio de conviver com o outro, ensinam a necessidade de compartilhar responsabilidades e desafios. Quanto mais reclusão social mais difícil ajuizar as categorias do mundo social em nosso espírito. As salas de aula são mais do que as aulas ministradas. As telas que mostram pessoas não é o aluno da carteira ao lado!


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