Colunas


Bocas e orelhas


É certo que cada um que participa das relações sociais procura pela distinção, pela diferença social. Todo o conjunto das relações sociais, efetivadas nas interações, podem ser observadas nas diferentes maneiras e condições de apropriação de bens sociais. A forma de gostos e consumos da arte, de serviços culturais, da qualificação da educação, dos instrumentos de segurança de propriedades, de postos de poder ou gerência ou controle, tudo isso, carrega um caminhão de símbolos de poder social. E na sociedade ninguém quer ser igual.

Gostos são atribuições sociais e não dons da natureza. Podemos verificar tais construções ao olharmos para culturas ou sociedades que se distinguem do nosso modo de ser, estar e sentir como é o caso dos orientais, europeus, norte-americanos, canadenses, latinos, africanos etc. Os alimentos que se dispõem à mesa, os talheres e copos e pratos, o rito alimentar conjunto, a posição na hierarquia do trabalho são categorias da classificação social.

Na organização política, a condição de existência social segue o mesmo trajeto e rumo. No caso brasileiro, os partidos políticos têm donos, proprietários e, embora se estruturem de acordo com as regras privadas, têm uso quase pleno de recursos públicos. Os eleitos, quando de campanha eleitoral, se colocam como representantes do eleitor e sua família, como defensores da economia e seu desenvolvimento, da pureza política e sua ética. Durante o período eleitoral, denunciam as fraquezas dos opositores e se colocam como heróis da esperança, da mudança. Quando eleitos se tornam poderosos, decisivos e colocam suas vontades pessoais ou seletivas à frente de qualquer objeção, na forma do “Eu” gritado.

Sendo a política a arena própria para discussões [parlamentar], as discussões ou debates se constituem como o caminho próprio para o arranjo de argumentos, para a compreensão das críticas, da sobriedade das posições divergentes, do mundo fora do meu ego. Na falta do bom senso e da prática de princípios éticos, a discussão se transforma em disputa e violência.

Sendo a arrogância a arena para a acusação, a falta da prática de princípios morais, coloca o sujeito como arrendatário do poder de si mesmo, se arvora como dono do poder, e promove o chicote ante as palavras e a compreensão de si e do outro. Por muitas vezes, a maioria delas mesmo, revela mais seus medos, temores e fraquezas construídas durante sua trajetória do que seu poder. Aos berros, por acusações, a intolerância destaca sua miséria social e espiritual.

Por uma psicanálise social, o espírito do arrogante se contrai em falta de ouvido e presunção da fala. Tal espírito de nada absorve e em nada pode se transformar posto que, pelo próprio medo que carrega como fardo pessoal, coloca no outro as razões de suas próprias desventuras. Os méritos do arrogante são pessoais, e as vitórias se firmam como comemorações particulares a convidados com a função de aplaudir, ainda que seja pelas redes sociais e seus bonequinhos, fixadas em sorrisos de farsa.

Poderíamos mesmo afirmar que os meios que são utilizados para se conquistar a distinção pelos que participam das relações sociais são a primeira fonte de informação sobre como se colocam no mundo de lutas políticas. Quando xingam, imputam julgamentos e colocam nos outros as origens de suas fraquezas se demonstram seres de pequena envergadura social e que jamais poderão caminhar sem a presença de seus réus. Ao fim de um irão em busca de outros. Restam-lhes a própria fraqueza, desvendadas nas orelhas que não ouvem, na boca que não entende o que fala e nos olhos que não observam as imposições do mundo sempre maior do que qualquer indivíduo. Pobres de espírito, com a espada erguida, precisam da guerra para se manterem vivos e falsamente poderosos. Como marca de distinção social, quando se recolhem para dormir têm medo do escuro!


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

Você acha que a “CNH acessível” será boa para o trânsito?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Mudanças no texto não resolvem problemas do projeto, dizem especialistas

PL Antifacção

Mudanças no texto não resolvem problemas do projeto, dizem especialistas

Na sede da COP30, falta água e saneamento em bairros de maioria negra

Belém

Na sede da COP30, falta água e saneamento em bairros de maioria negra

Raoni desafia planos de Petrobras e Lula na COP30: “Não queremos petróleo na Amazônia”

EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Raoni desafia planos de Petrobras e Lula na COP30: “Não queremos petróleo na Amazônia”

Obras bilionárias da COP30 revelam contradições entre progresso e precarização em Belém

COP30

Obras bilionárias da COP30 revelam contradições entre progresso e precarização em Belém

Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil

LABORATÓRIO

Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil



Colunistas

Hang contra os pichadores

JotaCê

Hang contra os pichadores

Proclamação da República

Charge do Dia

Proclamação da República

A revolução humana da criação

Artigos

A revolução humana da criação

Cartão-postal

Clique diário

Cartão-postal

Cercando conexões

Coluna Esplanada

Cercando conexões




Blogs

Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento: 70 anos de história

Blog do Magru

Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento: 70 anos de história

Aluguel milionário

Blog do JC

Aluguel milionário

Vamos emagrecer 😃

Espaço Saúde

Vamos emagrecer 😃






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.