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Coluna Exitus na Política

Por Sérgio Saturnino Januário - pesquisa@exituscp.com.br

Bocas e orelhas


É certo que cada um que participa das relações sociais procura pela distinção, pela diferença social. Todo o conjunto das relações sociais, efetivadas nas interações, podem ser observadas nas diferentes maneiras e condições de apropriação de bens sociais. A forma de gostos e consumos da arte, de serviços culturais, da qualificação da educação, dos instrumentos de segurança de propriedades, de postos de poder ou gerência ou controle, tudo isso, carrega um caminhão de símbolos de poder social. E na sociedade ninguém quer ser igual.

Gostos são atribuições sociais e não dons da natureza. Podemos verificar tais construções ao olharmos para culturas ou sociedades que se distinguem do nosso modo de ser, estar e sentir como é o caso dos orientais, europeus, norte-americanos, canadenses, latinos, africanos etc. Os alimentos que se dispõem à mesa, os talheres e copos e pratos, o rito alimentar conjunto, a posição na hierarquia do trabalho são categorias da classificação social.

Na organização política, a condição de existência social segue o mesmo trajeto e rumo. No caso brasileiro, os partidos políticos têm donos, proprietários e, embora se estruturem de acordo com as regras privadas, têm uso quase pleno de recursos públicos. Os eleitos, quando de campanha eleitoral, se colocam como representantes do eleitor e sua família, como defensores da economia e seu desenvolvimento, da pureza política e sua ética. Durante o período eleitoral, denunciam as fraquezas dos opositores e se colocam como heróis da esperança, da mudança. Quando eleitos se tornam poderosos, decisivos e colocam suas vontades pessoais ou seletivas à frente de qualquer objeção, na forma do “Eu” gritado.

Sendo a política a arena própria para discussões [parlamentar], as discussões ou debates se constituem como o caminho próprio para o arranjo de argumentos, para a compreensão das críticas, da sobriedade das posições divergentes, do mundo fora do meu ego. Na falta do bom senso e da prática de princípios éticos, a discussão se transforma em disputa e violência.

Sendo a arrogância a arena para a acusação, a falta da prática de princípios morais, coloca o sujeito como arrendatário do poder de si mesmo, se arvora como dono do poder, e promove o chicote ante as palavras e a compreensão de si e do outro. Por muitas vezes, a maioria delas mesmo, revela mais seus medos, temores e fraquezas construídas durante sua trajetória do que seu poder. Aos berros, por acusações, a intolerância destaca sua miséria social e espiritual.

Por uma psicanálise social, o espírito do arrogante se contrai em falta de ouvido e presunção da fala. Tal espírito de nada absorve e em nada pode se transformar posto que, pelo próprio medo que carrega como fardo pessoal, coloca no outro as razões de suas próprias desventuras. Os méritos do arrogante são pessoais, e as vitórias se firmam como comemorações particulares a convidados com a função de aplaudir, ainda que seja pelas redes sociais e seus bonequinhos, fixadas em sorrisos de farsa.

Poderíamos mesmo afirmar que os meios que são utilizados para se conquistar a distinção pelos que participam das relações sociais são a primeira fonte de informação sobre como se colocam no mundo de lutas políticas. Quando xingam, imputam julgamentos e colocam nos outros as origens de suas fraquezas se demonstram seres de pequena envergadura social e que jamais poderão caminhar sem a presença de seus réus. Ao fim de um irão em busca de outros. Restam-lhes a própria fraqueza, desvendadas nas orelhas que não ouvem, na boca que não entende o que fala e nos olhos que não observam as imposições do mundo sempre maior do que qualquer indivíduo. Pobres de espírito, com a espada erguida, precisam da guerra para se manterem vivos e falsamente poderosos. Como marca de distinção social, quando se recolhem para dormir têm medo do escuro!


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