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It Girls


“Não é bom tocar nos ídolos; o dourado pode sair nas nossas mãos.” (Gustave Flaubert)

Na próxima encarnação quero vir de It Girl, já está decidido.Quero ser aquela a quem todos consultam, reverenciam, escutam, a que dita tendências, aquela que define o que (e quem) é in e out, uma papisa de comportamentos, a que dá a palavra final em qualquer assunto da moda. Que piada!

É óbvio que eu estou brincando – embora nutra uma certa invejinha branca de todo esse luxo e riqueza. Acho impressionante, isso sim, que a descrição de uma It Girl seja rigorosamente fidedigna e que existam às pencas meninas que sobrevivem dessa novíssima profissão: a de personal palpiteiras. E olhem que isso dá dinheiro!

As It Girls são absolutas, inquestionáveis e navegam com segurança pelos mais amplos e rasos horizontes temáticos. Têm opinião formada sobre fashionismo, viagens, livros, discos, beleza, saúde. Nunca vi uma que não tivesse nascido em berço de ouro (por isso, lamentavelmente, estou fora da seleção, que pena!), já que um dos pré-requisitos para ser idolatrada como ícone dessa nova geração é o de ter experimentado pessoalmente todas as glórias que nós, os pobres e ordinários, sequer imaginamos que existam.

Uma It que é It sabe quem são Louboutin, Jimmy Choo e Manolo Blahnik – e pronuncia seus nomes corretamente, com todos os biquinhos e sílabas tônicas necessárias, que é para colocar quem não sabe falar direito no seu devido lugar. Uma It jamais vai dormir sem limpar a pele com discos de algodão Chanel, colhidos de campos egípcios e que custam 20 dólares o pacote. Flana por aí envergando seu exclusivo modelo de bolsa Hermès Birkin avaliada em 42 mil euros, mesmo tendo esperado mais de três anos pela entrega e pago em sete vezes no cartão de crédito internacional (aquele, que tem Smiles). Faz seu enxoval de bebê em Miami ou Nova Iorque e manda bordar camisetinhas polo Ralph Lauren tamanho recém-nascido com as iniciais de seu herdeiro. Tem seu próprio blog, em que narra seus delírios de consumo a la Becky Bloom. É convidada vip para assistir da primeira fila aos desfiles da semana de Moda de Milão, e ainda é muito bem paga para comentar as coleções.

Uma It Girl não se veste, se produz; não usa roupas como uma pessoa qualquer, e sim coordena looks incríveis. Não tem guarda-roupa, tem acervo. Seu vocabulário é recheado de expressões incompreensíveis para a maioria dos mortais, que precisam de tradução simultânea ou do Google Translator para saber o que é trendy, fail, lifestyle, addicted, backstage e wishlist.

Tanto glamour não é para todos. Duvido que uma It algum dia tenha entrado em uma fila da C&A para quitar o carnê de 11 prestações daquele blazer da coleção popular que a Isabela Capeto fez com os retalhos que sobraram dos vestidos de dois mil reais que ela vende na própria loja. Ora, eu também a-do-ro ahasar e causar, quero estar sempre toda trabalhada no glitter da rykezah, acho bapho andar sempre montada e amo que cobicem toda a minha phyneza. Porém, tenho que ser realista (alguém precisa ser!): estou mais pra It Guel dos trópicos do que para todo esse hight society.

Ah, fala sério! Será que sou só eu que penso assim ou o que era para parecer chique e exclusivo lembra muito mais o dialeto gay do que qualquer outra coisa? Embora meu vocabulário também tenha seus estrangeirismos da “muóda”, alguma coisa me diz que me faço entender muito mais do que uma It americanizada. Só não entendo por que não tenho tantas discípulas quanto as Girls originais!

Agora me digam: é para rir ou para chorar?

Comentários, críticas e sugestões para daianabfranco@gmail.com

* A autora é advogada


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