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Raimundo Nonato, detetive


Só procura os serviços de um detetive particular quem está numa fria, no amor, nos negócios, nas finanças ou algo assim. Mas como essas coisas não livram ninguém, pode acontecer de você precisar. Por isso, lhes falo do único profissional especializado na área que conheço: Raimundo Nonato.

Sei muito bem que Raimundo Nonato não é um nome confiável de detetive. Mas o fato é que ele existe, tem cartão de visita, anuncia nos classificados de jornal, tem escritório em Brasília – nos fundos do andar de um prédio meio soturno, no Setor Comercial Sul. Está instalado lá há muito tempo, e o público-alvo dele são os nordestinos que moram na Capital Federal e nas cidades-satélites, desde o tempo em que eram chamados de candangos.

Até que não se deu mal, se considerar que Nonato não é policial aposentado nem fez curso por correspondência para exercer a charmosa profissão. Nonato é detetive porque era fissurado nos filmes “noir” americanos. Tudo o que ele sabe, no seu ofício, bebeu daquela fonte. Gosta de ser chamado pelas iniciais RN, “como JK”, segundo ele. E também porque “lembra meu estado natal”, ele que é potiguar de Caicó.

Profissão charmosa eu disse? Em termos. Na verdade, a profissão tinha charme quando o detetive era Humphrey Bogart. Nos filmes, ele fumava um cigarro atrás do outro, atendia mulheres provocantes, fatais – em geral loiras –, sempre metidas em apuros, envolvidas em casos escabrosos. Bogart, nos filmes, às vezes batia e às vezes apanhava de meliantes e malfeitores de todos os gêneros. Olhava tudo com um olhar meio cínico, desconfiado do gênero humano, sobretudo das “vamps” que cruzavam o seu caminho. Ele sabia que iria se enrolar naquelas tramas intrincadas, mas ia em frente, impávido e durão.

Claro, isso nada tem a ver com Raimundo Nonato; e, com toda a franqueza – me desculpem os profissionais desse honrado ofício – nada tem a ver com qualquer detetive nascido no Brasil, que só fale português.

Detetives como Bogart só existem na ficção cinematográfica. Beldades como Verônica Lake, Lauren Bacall, Mary Astor e Bárbara Stanwick, musas sedutoras, em geral perigosas, de piteiras longas e cinturas inacreditavelmente finas, também só existiam na telona.

Nosso personagem RN está lá todos os dias, à espera de um cliente, ou melhor, de uma clienta – como diria a nossa querida presidenta – daquelas de fechar o expediente, femme fatale, cheia de malícia e charme, que lhe encomende a solução de um caso complicado e que lhe permita mostrar o talento investigativo.

Claro, Raimundo Nonato sonha também conquistá-la, envolvê-la nos braços, sussurrando-lhe ao ouvido doces palavras, fazendo-a tremer de emoção, enquanto ele lança no ar círculos perfeitos de fumaça, daqueles que somente atores – e atrizes - de filmes “noir” sabem fazer.

Detetive não é uma carreira muito promissora do ponto de vista financeiro, mas ao menos se trabalha embalado nos melhores sonhos. No caso de Raimundo Nonato, a realização dos sonhos será mais difícil, não apenas por causa do nome, mas também pelo fato de que o nosso detetive de Caicó é baixinho, gordo e careca.


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