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Senador José Serra


O deputado Arlindo Chinaglia, petista juramentado, andou se gabando que contava com o apoio de José Serra (PSDB-SP) na sua postulação à presidência da Câmara. Os petistas em geral têm horror a Serra, mas podem abrir uma exceção quando lhes convêm.

José Serra vem de longe. Aos 21 anos, em 1963, foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes-UNE, quando a entidade era uma expressão vibrante das grandes demandas do país, no campo popular, democrático e de esquerda. Foi um dos oradores do histórico comício da Central do Brasil, no Rio, em favor das reformas de base, em março de 1964, às vésperas do golpe militar.

Quando estourou o golpe, Serra teve que se esconder. Os golpistas queriam o seu couro. Asilou-se na embaixada da Bolívia e três meses depois embarcou para o exílio. De La Paz, saiu às pressas, por conta do golpe militar do general René Barrientos, que derrubou o governo civil de Paz Estenssoro.

O novo destino do exilado seria Paris. Fez um longo périplo até retornar ao Brasil em 1965, na clandestinidade. Mas o perigo estava longe de passar e Serra seguiu para novo exílio, agora no Chile. No golpe de 1973, acabou preso no Estádio Nacional, em Santiago, transformado em centro de tortura e morte pelos celerados de Pinochet.

Certa noite foi liberado pelo major chileno Ivan Lavanderos. Deveria voltar na manhã seguinte para depor. Achou que ia ser morto na “fuga” e que seu cadáver iria boiar como tantos outros no Rio Mapocho. Felizmente não aconteceu e Serra se asilou na embaixada da Itália. O major Lavanderos foi assassinado dias depois com um tiro na cabeça, acusado de dar proteção a inimigos do Chile. Herói quase anônimo, salvou Serra e dezenas de presos políticos latino-americanos.

Em 1974 partiu para um exílio dentro do exílio, na Itália. Em julho foi para os Estados Unidos, estudou e lecionou nas universidades de Cornell e Princeton.

Na clandestinidade e no exílio, se aprofundou nos estudos, principalmente de economia. Com seus companheiros de infortúnio, denunciou sem trégua as brutalidades da ditadura. Voltou em maio de 1977, e logo se incorporou às forças locais da resistência democrática.

Foi secretário de Estado do governo Montoro. Eleito em 1986 deputado federal, foi um dos constituintes mais atuantes e respeitados. No ministério da Saúde de FHC, teve três enfrentamentos históricos contra empresas multinacionais: na ação implacável contra o cigarro, na expansão dos remédios genéricos e no programa de combate à Aids, um dos mais avançados do mundo. Nenhuma força política desafiou de forma tão direta os interesses do capital internacional. E no entanto, para certa esquerda, Serra é “de direita”.

Foi prefeito de São Paulo, governador do estado e senador. Concorreu duas vezes à presidência da República, sem êxito. Em 2010, um conhecido bloguista chapa-branca decretou a “morte política” de Serra. Em 2014, com 11 milhões de votos dos paulistas, foi eleito senador pela segunda vez.

Desconfio que boa parte dos petistas detesta Serra porque não suporta biografia tão densa e respeitável. Eles gostam mesmo é de Maluf, Sarney, Calheiros, Collor.


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