Por Alfa Bile - alfabile@gmail.com
Fotógrafo, poeta e escritor. Autor do livro Lume, suas obras Fine Art já decoram hotéis como Hilton e Mercure. Publicado pela National Geographic e DJI Global @alfabile | @alfabilegaleria
Publicado 22/11/2025 08:42
📸 ✍️ Por Alfa Bile – Blog VersoLuz | Jornal Diarinho
Alguns poemas nascem como mapas. Outros, como feridas.
E Cartografia do Desajuste surgiu exatamente nesse espaço onde o caminho e a dor se desenham juntos.
Escrevi esses versos pensando no percurso invisível que todos nós fazemos — esse trajeto interno, cheio de curvas inesperadas, desvios obrigatórios e trilhas onde ninguém nos acompanha. A solidão que aparece no poema não é ausência de gente; é ausência de entendimento. É aquele momento em que você até está rodeado, mas não se sente traduzido em lugar nenhum.
Cada “vim” do poema é um passo dessa caminhada.
Um passo cansado, um passo insistente, um passo teimoso.
É quase um inventário emocional: as dúvidas, as rotas improvisadas, o improviso transformado em sobrevivência.
A certa altura, percebi que eu não estava apenas lembrando um caminho — eu estava cartografando um modo de existir.
Quem nunca precisou criar os próprios óculos para tentar entender o mundo?
Quem nunca correu uma maratona que não escolheu participar?
Quem nunca precisou fazer força para seguir, mesmo exausto, só porque desistir seria ainda mais doloroso?
Escrever esse poema foi como abrir o peito e desenhar nele, com calma, aquilo que tantas vezes tentamos esconder.
No fundo, Cartografia do Desajuste fala disso: da coragem silenciosa de continuar, mesmo quando tudo em nós parece desalinhado.
No final, o verso que fica ecoando é o mais simples:
Sigo,
como quem não suporta
perder.
É uma confissão.
É uma força.
É uma forma de existir.
Segue abaixo o poema completo — como um mapa aberto sobre a mesa, esperando novos olhos:
⸻
Cartografia do Desajuste
Por Alfa Bile
Vim por um caminho de solidão —
não por estar sozinho,
mas por não me sentir compreendido.
Vim com dúvidas,
sem referências,
seguia porque precisava seguir.
Vim planejando caminhos,
mudando rotas,
aprendendo tudo o que podia.
Vim sem manual,
sem guia,
sem ritos.
Construindo meus próprios óculos,
descobrindo nova forma de olhar.
Vim como quem é lançado
na bagunça,
desajustado,
correndo uma maratona
que não escolhi.
Vim me fazendo forte,
secando as lágrimas,
disfarçando meus medos,
aprendendo a curar minha dor.
Vim —
sem pedir,
mas aceitei o desafio
e sigo,
como quem não suporta
perder.
Comentários:
Benjamin Beneduzi
22/11/2025 09:04
Abraços meu amigo e tenha um ótimo final de semana!
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