Durante a reunião, foram registrados episódios que chamaram a atenção das participantes. Entre eles, a postura de uma servidora comissionada ligada ao Instituto Itajaí Sustentável (Inis), que reagiu com risos enquanto voluntárias descreviam situações graves relacionadas ao abandono e aos resgates. Também foi destacada a fala de uma gestora pública afirmando que, ao colocar um animal para dentro do portão, “a responsabilidade passa a ser da pessoa”, declaração criticada pelas protetoras por ignorar a necessidade de suporte adequado do poder público.
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Os relatos apresentados reforçaram a percepção de que o trabalho voluntário vem sendo tratado com pouca seriedade e reconhecimento, apesar de sua relevância para o município. Mesmo com a iniciativa da audiência, que permitiu expor essas fragilidades, a expectativa é de que medidas concretas sejam adotadas para mudar esse cenário.
Após a repercussão da audiência, a vereadora Renata Narcizo se pronunciou sobre os episódios e reforçou que situações de desrespeito não representam a postura da câmara. “Se houve algum episódio de desrespeito durante a audiência, tratou-se de um fato isolado, que não representa a postura da câmara nem o respeito que sempre dedicamos às protetoras independentes, cujo trabalho é essencial para a cidade e para os animais”, afirmou.
Renata destacou ainda as ações já encaminhadas ao executivo: a Indicação nº 56/2025, acompanhada do anteprojeto da portaria que institui o Programa de Apoio ao Protetor Independente (Papi). O objetivo é criar regras claras de credenciamento e garantir benefícios como castração, microchipagem, vacinação e suporte veterinário para os animais resgatados. “Continuarei cobrando o executivo para que coloque o programa em prática o quanto antes. Meu compromisso é garantir que as protetoras voluntárias sejam tratadas com seriedade, respeito e tenham o respaldo que merecem”, reforçou.
Além disso, já está protocolado o Requerimento nº 315/2025, que solicita ao executivo e ao Inis informações detalhadas sobre o cadastro das protetoras, a fiscalização realizada, a quantidade de atendimentos, os animais vinculados e os critérios utilizados. Segundo a vereadora, o pedido reafirma o compromisso com transparência, controle e respeito ao trabalho das voluntárias. “Seguiremos acompanhando de perto e cobrando as medidas necessárias para que todas sejam tratadas com seriedade e dignidade pelo município”, concluiu.
Apesar da abertura para o diálogo, representantes da causa animal relatam que, até o momento, pouco foi colocado em prática. Segundo Joice Ferreira, que acompanha os desdobramentos após o encontro, “até agora nada foi feito” em relação às ações que deveriam assegurar respeito e suporte às protetoras voluntárias.
Em resposta, a diretora do Inis, Maria Heloísa Furtado Lenzi, afirmou ao DIARINHO que o município tem 25 protetoras cadastradas e que todas têm acesso gratuito aos serviços previstos em lei, como castrações, consultas veterinárias, vacinação e atendimentos clínicos. Segundo ela, o Inis realiza cerca de 1,2 mil atendimentos por mês e, em 2025, já acolheu mais de 4 mil animais, a maioria enviada pela própria população. A diretora destacou que o atendimento segue critérios técnicos, priorizando casos de maus-tratos, animais sem tutor e situações de risco, e reforçou que não é possível oferecer atendimento personalizado ou preferencial. Heloísa também informou que o município ampliou em 30% o número de castrações neste ano, iniciou visitas técnicas para melhorar os serviços e repudiou o comportamento da servidora citada, afirmando que ela não representava o Inis no momento do episódio.