A paixão de Sílvia de Borba da Silva, de 44 anos, moradora de Itajaí, fala mais alto que qualquer obstáculo. Pilotando desde 2018, ela vai representar a cidade na 14ª edição do Armageddon, o maior evento de arrancada de carros da América Latina, que rola nos dias 14 e 15 de novembro, no Velopark, no Rio Grande do Sul.
Sílvia corre desde 2018, mas sua relação com o automobilismo começou um pouco antes. O marido, que também era apaixonado por motores, queria que ela encontrasse uma atividade que despertasse emoção ...
Sílvia corre desde 2018, mas sua relação com o automobilismo começou um pouco antes. O marido, que também era apaixonado por motores, queria que ela encontrasse uma atividade que despertasse emoção. Tentaram vários esportes — até salto de paraquedas —, mas nada fazia o coração dela acelerar. Até o dia em que ela foi parar numa pista de arrancada.
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“Fui com o nosso carro de rua, dei um tiro de 201 metros e gostei. Ele viu no meu olho que eu tinha me emocionado de verdade e disse que ia fazer um carro pra mim”, lembra Sílvia.
A partir daí, o casal começou a se dedicar às corridas. Mas o caminho até as pistas não foi fácil. “A gente passou bastante tempo com o perrengue de oficina. O pessoal enganava a gente, o carro nunca estava pronto. Até que um dia ele se 'cabrerou' e resolveu fazer o carro sozinho”, contou. Foi assim que o casal conseguiu colocar o projeto de pé.
Em 2019, Sílvia estreou na Lista Área 47, que reúne pilotos da região de Balneário Camboriú, e nunca mais parou. “Já fui cinco vezes rainha da lista, que é o primeiro lugar no ranking”, diz, orgulhosa.
Mas a maior reviravolta da sua história aconteceu em abril deste ano. Enquanto fazia testes na oficina, o carro teve uma falha e acabou atropelando a própria Sílvia. O acidente foi grave. Ela ficou 14 dias no hospital, sendo 13 na UTI, entre a vida e a morte. “O médico decidiu amputar a perna pra salvar minha vida”, recorda.
Menos de dois meses depois, ela fez o impensável: voltou pra pista. “Meu marido adaptou o carro, colocou a embreagem na mão, e em junho eu já tava no Armageddon. Eram 144 carros do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Fiquei entre os 32 melhores”, conta.
Hoje, Sílvia é uma das poucas mulheres na arrancada — e também uma das mais rápidas, sendo a quarta do Brasil. Mesmo depois de perder a perna, ela continua representando Itajaí nas pistas e servindo de inspiração pra muita gente.
“O legal da minha história é isso. Sou mulher, deficiente física, e não desisti dos meus sonhos. Tô lá na pista, fazendo o que gosto, levando força e motivação pras pessoas. Porque tem gente que, por muito menos, desiste da vida. Eu tô lá, firme e forte, representando Itajaí e as mulheres com muito mais força”.
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