preservação
Desafios e possibilidades para a conservação do litoral catarinense
Estudos e projetos comunitários apontam caminhos para proteger o oceano
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O mar que banha Santa Catarina é muito mais do que cenário: é fonte de alimento, renda, turismo e identidade para milhares de pessoas. Mas também é um ambiente que precisa de cuidados urgentes. Pesquisas desenvolvidas por universidades catarinenses e empresas de consultoria ambiental revelam que a saúde marinha vive sob ameaça.
A notícia sobre a corresponsabilidade do Itajaí-açu na contaminação do mar com microplásticos acendeu mais um alerta para o problema.
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A constatação foi resultado de estudo desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O relatório divulgado pelo pesquisador Igor Marcon Belli, em junho, na Alesc, revela que foram detectados microplásticos em 49% dos peixes de uma amostra capturada em Garopaba, assim como em ostras produzidas nas baías norte e sul da Ilha de Santa Catarina.
Segundo o estudo, os resíduos plásticos são transportados por diversos rios catarinenses até o Atlântico, onde são dispersados e atingem várias regiões da costa, chegando inclusive aos estados vizinhos.
“As pesquisas indicam que os microplásticos produzem efeitos tóxicos nos organismos, o polietileno causa efeitos oxidativos nas células, afeta a morfologia, a reprodução e a mobilidade, e esses efeitos são passados às gerações seguintes”, detalhou o pesquisador.
Ciência a serviço do mar
Além da UFSC, pesquisadores e cientistas da Univali desenvolvem pesquisas contínuas de monitoramento da qualidade da água e modelagem das correntes oceânicas no litoral catarinense.
Entre eles, destaca-se o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que cobre de Laguna (SC) até Saquarema (RJ). Nos três primeiros anos, a Univali foi a responsável técnica pela área que englobava os estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, a chamada Fase 1 do projeto. Desde meados de 2019, com uma nova configuração no PMP-BS, assumiu apenas a região sul (Área SC/PR). Este é consiederado o maior projeto do gênero no mundo.
Desafios locais
Em Itajaí, onde convivem porto, pesca e turismo, o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental é um desafio constante. O aumento da urbanização, aliado à movimentação portuária e ao crescimento populacional, amplia a pressão sobre os ecossistemas.
Nesse contexto, o Serviço Municipal de Água, Saneamento e Infraestrutura de Itajaí (Semasa) desenvolve programas contínuos de educação ambiental e outras ações em conjunto com outras institições e organismos focados na conservação.
Exemplo disso foi a presença do Semasa no Fórum Brasil ODS 2025, em Joinville, reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade e a inovação no saneamento. Representada por sua equipe técnica, a autarquia acompanhou painéis sobre mudanças climáticas, ESG e bioeconomia, reforçando o papel do conhecimento como ponte entre desenvolvimento e preservação.
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Signatário do Movimento Nacional ODS SC desde 2016, o Semasa integra a coordenação do Comitê Local Itajaí e atua de forma ativa na busca pelas metas do ODS 6 (água potável e saneamento) e do ODS 17 (parcerias e meios de implementação).
“Nosso foco é avançar nas metas de saneamento por meio da inovação e da colaboração”, destaca Natália Pires, relações públicas do Semasa.
Água da chuva
Em Balneário Camboriú, a Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) celebrou 20 anos de criação em outubro, anunciando novos investimentos em saneamento.
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O diretor-presente da Emasa, Auri Pavoni, revelou que Balneário Camboriú poderá ser a primeira cidade da América do Sul a tratar água da chuva. “Há uns 15 dias estiveram aqui engenheiros alemães da empresa HydroShark, que hoje é a melhor tecnologia do mundo em tratamento de água da chuva. Já estamos em tratativas bem avançadas para que sejamos a primeira cidade da América do Sul que trata água da chuva”, afirmou.
Além desse projeto, a autarquia também avança em outros investimentos estruturais voltados à modernização e à sustentabilidade.
Um dos destaques é a implantação de hidrômetros inteligentes, que permitirão leitura remota, identificação de vazamentos internos e controle em tempo real do consumo. Os novos equipamentos integram um sistema de automação que conecta sensores, telemetria e softwares de gestão para reduzir perdas, economizar energia e proteger os mananciais.
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A eficiência hídrica é também um eixo estratégico da conservação ambiental, pois reduz o volume de captação e o lançamento de esgoto sem tratamento nos cursos d’água. O reflexo vai muito além da rede: o saneamento impacta diretamente a saúde do mar, pilar central da economia azul.
Educação ambiental na prática: Escola de Surfe alia o esporte à conscientização
Um projeto inspirador em andamento na cidade é o desenvolvido pela Escola de Surf Atalaia. O fundador e coordenador Arlindo Camilo Machado Filho, o Ney Machado, fala da importância de liderar ações que unem esporte, cidadania e preservação ambiental. “Nosso trabalho é voluntário e tem como foco conscientizar os alunos — sejam crianças, adultos ou idosos — sobre a importância de manter os mares limpos e proteger a fauna marinha”, explica Ney. Além das aulas de surfe, o projeto realiza atividades educativas e oficinas com pranchas feitas de garrafas PET, promovendo a reutilização de materiais e o aprendizado sobre sustentabilidade de forma prática.
Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.
