O mar sempre fez parte da identidade catarinense, mas nas últimas décadas passou a simbolizar também inovação e prosperidade. O avanço do setor náutico transformou Santa Catarina em referência nacional, unindo tradição portuária, indústria moderna e turismo de alto padrão. Hoje, o estado responde por 70% da produção nacional de embarcações de lazer e 60% das exportações brasileiras do setor, segundo a Associação Náutica Brasileira (Acatmar) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
 
        
        
        
        Continua depois da publicidade
        
         
        
         
Nos últimos 10 anos, o número de empresas ligadas à cadeia náutica no Brasil saltou de 465 para cerca de 980, um crescimento superior a 110%. De acordo com a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), cada marina com capacidade para 300 embarcações pode gerar R$ 141 milhões anuais na economia local e cerca de 780 empregos diretos e indiretos. O setor brasileiro já emprega aproximadamente 150 mil pessoas e representa mais de um terço do mercado sul-americano.
 
Para o presidente da Acatmar, Mané Ferrari, o estado segue à frente: o sucesso catarinense é resultado da combinação entre empreendedorismo, planejamento e governança. “Há anos lutamos para desmistificar a visão elitista do setor. O que vemos hoje é uma cadeia produtiva em pleno funcionamento, que mobiliza desde a construção naval até o comércio e os serviços de manutenção”, afirma. Cada embarcação fabricada, acrescenta, “gera um efeito multiplicador que movimenta a economia e cria oportunidades”.
  
O impacto é nítido no eixo Itajaí–Balneário Camboriú, hoje o principal corredor náutico do país. Em Itajaí, a Marina Itajaí consolidou o município como destino internacional de eventos e competições, como a The Ocean Race, que projetou a cidade no cenário global. O complexo oferece 405 vagas secas e molhadas, reúne 20 empresas especializadas em manutenção e serviços e é o único no sul capaz de atender simultaneamente três embarcações de 80 pés. Segundo o diretor Carlos Gayoso de Oliveira, a náutica está se popularizando, e a marina se tornou também um centro de lazer, negócios e experiências.
 
A poucos quilômetros, em Balneário Camboriú, a Tedesco Marina Garden Plaza reafirma o padrão internacional da náutica catarinense. Com capacidade para 500 embarcações de até 120 pés, entre vagas secas e molhadas, foi a primeira marina de padrão internacional de Santa Catarina e posicionou o estado no mapa global do turismo náutico.
 
O empreendimento dispõe de três hangares de até quatro andares, 100 vagas molhadas, três forklifts de 12 toneladas e um travel lift de 50 toneladas, garantindo precisão e eficiência na operação. Atuante no dinâmico mercado de alto padrão, a marina é também um dos símbolos do lifestyle de Balneário Camboriú — cidade que une luxo, lazer e vocação marítima.
  
A força do litoral catarinense se reflete também nos investimentos. Após ampliar sua capacidade e adquirir um forklift de 12 toneladas, a Marina Itajaí avança na construção do Boulevard Marina Itajaí, que será o maior shopping náutico do Brasil, com 78 lojas, 15 operações gastronômicas e 3500 empregos diretos e indiretos. “O projeto representa uma virada para a náutica brasileira e reafirma Itajaí como vitrine internacional”, destaca Gayoso.
 
O diferencial catarinense está na integração entre poder público, porto, governo estadual e iniciativa privada — um modelo de cooperação que impulsiona inovação, eventos internacionais e formação de mão de obra qualificada. “Itajaí está à frente com planejamento e incentivo à inovação. O desafio é manter a bandeira da náutica no topo”, completa.