Especialistas, porém, destacam que o acesso à tecnologia deve vir acompanhado de orientação pedagógica. A formação continuada dos professores é considerada peça-chave nesse cenário. O professor e pesquisador da Univali, André Luís Alice Rabbe, doutor em Informática na Educação e pós-doutor pela Universidade de Stanford, alerta que o movimento ainda é inicial.
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“Temos muita coisa começando, mas pouca consolidada. Alguns municípios estão à frente, mas ainda há muito a fazer. O principal desafio é a formação docente, que é dispendiosa e leva tempo”, aponta Rabbe. A aquisição e manutenção de equipamentos, segundo ele, é outro obstáculo. “Não basta colocar um computador ou celular nas mãos do aluno. É preciso ensinar como usar de forma crítica, responsável e criativa.”
Nesse contexto, a cidadania digital aparece como um dos pilares. A proposta é formar jovens capazes de compreender o impacto de suas ações no ambiente online, desenvolver senso crítico diante das informações e agir com ética nas redes. Outro eixo, o pensamento computacional, vai além do ensino de programação. “Trata-se de estimular a lógica, a resolução de problemas e a criatividade, competências essenciais em qualquer área de atuação”, completa Rabbe.
Santa Catarina vem se destacando na área, com diretrizes próprias para a educação digital e para a jornada em tempo integral. “O MEC também tem feito esforços para ampliar o acesso à internet nas escolas, relatórios anuais mostram isso. Mas o investimento precisa ser contínuo”, acrescenta o pesquisador. Ele lembra ainda que a cultura digital está prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), reforçando que a competência tecnológica se tornou indispensável ao mercado de trabalho.
A professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidente do Conselho Municipal de Educação de Balneário Camboriú, Dayane Regina Masselai, ressalta que a inclusão digital tem o papel de tornar a escola um ambiente mais acolhedor, facilitando aprendizagens e contribuindo para metodologias de alfabetização em diferentes fases. Para ela, os recursos digitais devem ser integrados aos objetivos pedagógicos, funcionando como ferramentas de potencialização do processo de ensino-aprendizagem.
“O acesso à tecnologia é um direito de aprendizagem de todas as crianças brasileiras. Ele garante fluência digital não apenas para o mercado de trabalho, mas também melhora a qualidade da educação como um todo”, reforça Rabbe.
O grande desafio, segundo gestores da área, é garantir que a infraestrutura tecnológica chegue a todas as unidades escolares, evitando desigualdades. A meta é assegurar que a tecnologia seja instrumento de equidade, ampliando oportunidades e promovendo inclusão, em vez de aprofundar a exclusão social.