BLACK FLOW

Chefes de esquema criminoso com construtoras são cariocas, revela o Gaeco

Empreendimento foco da investigação teve 168 compradores lesados; há outros 13 prédios lançados somente em Itapema

Grupo teria movimentado quase R$ 90 milhões em fraudes imobiliárias (Foto: Gaeco/Divulgação)
Grupo teria movimentado quase R$ 90 milhões em fraudes imobiliárias (Foto: Gaeco/Divulgação)

Os chefes do golpe milionário que usava construtoras como fachada em Itapema foram presos no Rio de Janeiro. A prisão dos líderes, ligados a uma família carioca, foi confirmada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) durante coletiva de imprensa em Itajaí. A operação deflagrada nesta quarta-feira recebeu o nome de “Black Flow” e revelou um esquema que teria movimentado quase R$ 90 milhões em negócios fraudulentos na construção civil.

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Leia mais: Gaeco investiga golpe milionário de construtoras

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Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva. Todas as prisões aconteceram no Rio. Já em Santa Catarina, o foco foi a coleta de provas em Itapema, Porto Belo, Joinville e Balneário Camboriú. Também houve buscas em São Paulo. 

 

Como funcionava o golpe

De acordo com a promotora Bianca Andrighetti Coelho, coordenadora do Gaeco em Itajaí, o grupo usava uma estratégia para dar aparência de legalidade aos empreendimentos. Para cada novo projeto era criada uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), modelo permitido em lei e comum no mercado. Só que as SPEs eram criadas sem o devido registro de incorporação imobiliária, exigência mínima para comercializar imóveis.

Mesmo sem esse registro, as empresas vendiam apartamentos como se estivessem regulares. O dinheiro entrava nas contas da SPE, passava por outras empresas do grupo e terminava pulverizado em contas pessoais dos mandantes do grupo criminoso, presos no Rio de Janeiro.

A quebra dos sigilos bancário e telemático mostraram que o dinheiro era usado em passagens aéreas, carros de luxo, mensalidades escolares e cartões de crédito, em vez de financiar as obras.

Colline expõe ligação com a B|Fabbriani

O Ministério Público não divulgou os nomes das construtoras investigadas, mas durante a coletiva os promotores apontaram o residencial Colline, em Itapema, como principal objeto da investigação. O empreendimento pertence à construtora B|Fabbriani.

A ligação não para aí. O Gaeco destacou que o grupo investigado tem 16 empreendimentos ativos: sendo 14 em Itapema. Esses são exatamente os números que aparecem no site da B|Fabbriani, incluindo um no Rio Grande do Sul, estado mencionado pelo Gaeco como sendo um dos estados em que teriam escritório, e Joinville, cidade citada pelo Gaeco como território de atuação do esquema. Além disso, o grupo mantém escritórios em Itapema e no Rio de Janeiro, mesma estrutura declarada pela empresa. 

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No caso do Colline, de acordo com o Gaeco, 66% das unidades já foram vendidas, o equivalente a pelo menos 168 compradores lesados. A entrega estava prometida para dezembro de 2025, mas no local só existe a fundação e nenhum avanço da obra. A promotora Bianca ainda lembrou que apenas um empreendimento foi entregue pela empresa em Itapema, mas com irregularidades graves e alvo de ações judiciais.

O DIARINHO procurou a construtora B|Fabbriani para comentar a investigação e o envolvimento de seus empreendimentos. Até a publicação deste material, não houve retorno. O espaço segue aberto.

Atração pelo “preço de custo”

O golpe se aproveitava de uma prática comum no mercado: vender imóveis bem abaixo do valor de mercado. Essa promessa atraía consumidores que viam no negócio uma oportunidade de pagar menos pelo imóvel próprio ou de investir para revenda.

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O problema é que, nesse modelo, o comprador não adquiria um apartamento pronto, mas sim se tornava sócio do empreendimento via SPE. Isso significa assumir riscos que não eram explicados aos clientes. “É fundamental que o comprador se pergunte por que o preço está tão abaixo do mercado. A SPE não é uma construtora comum. Quem compra se torna sócio do empreendimento, e não comprador direto de um imóvel pronto”, alertou o Gaeco. 

Linha do tempo do esquema

  • • 2017: grupo começa a atuar em SC
  • • 2020: modelo fraudulento se consolida com mais lançamentos
  • • Setembro de 2024: Gaeco inicia investigação
  • • Dezembro de 2025: prazo prometido para entrega do Colline, que nunca passou da fundação
  • • Setembro de 2025: deflagração da Operação Black Flow, com prisões no Rio e buscas em SC e SP

Vítimas devem procurar o MP

O Ministério Público orientou as vítimas a procurarem a 2ª Promotoria de Justiça de Itapema, levando contratos, comprovantes de pagamento e registros das negociações. O objetivo é reunir provas e buscar ressarcimento com o bloqueio de bens dos envolvidos.

As denúncias também podem ser feitas pelo site do MPSC (www.mpsc.mp.br) ou pelo WhatsApp da promotoria.

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Corretores também na mira

O Gaeco informou que corretores de imóveis ligados às vendas serão investigados. Há indícios de que alguns sabiam das irregularidades, enquanto outros também podem ter sido vítimas, já que há relatos de comissões não pagas.

O Sindicato dos Corretores será notificado e os profissionais que atuaram nas vendas devem ser chamados para depor. O MP reforçou: corretor pode vender imóvel, não pode vender cotas de SPE como se fossem apartamentos prontos.

Como fazer uma denúncia ao Ministério Público de SC

Quem desconfia de fraudes em construtoras ou de qualquer outro crime pode denunciar diretamente ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). O procedimento é rápido e pode ser feito pela internet:

  • 1. Acesse o site oficial: www.mpsc.mp.br
  • 2. No menu principal, clique em “Denuncie”
  • 3. Escolha se a denúncia será anônima (sem identificação) ou identificada (com nome e contato do denunciante)
  • 4. Preencha o formulário com o máximo de detalhes possível: nomes de pessoas ou empresas envolvidas, endereços, valores, datas e qualquer prova disponível
  • 5. Anexe documentos, imagens ou prints, se tiver
  • 6. Clique em enviar

Depois de registrada, a denúncia é analisada pelo Ministério Público. Se for o caso, pode ser encaminhada ao Gaeco ou a outra promotoria responsável para investigação.






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