ITAJAÍ

Morre o colecionador Carlos Guérios

Carlos dedicou parte da vida a preservar raridades e a história dos imigrantes libaneses

Carlos Guérios dedicou parte da vida a preservar raridades e a história dos imigrantes libaneses (Foto: Arquivo)
Carlos Guérios dedicou parte da vida a preservar raridades e a história dos imigrantes libaneses (Foto: Arquivo)

O bancário aposentado Carlos Alberto Costa Guérios, de 77 anos, natural de Porto União, faleceu na manhã desta quarta-feira no hospital da Unimed em Balneário Camboriú, onde estava internado e tratava um tumor no cérebro. Ele morava em Itajaí há anos, onde dedicava o seu tempo a caçar raridades para colecionar. Carlos era reconhecido nacionalmente por suas coleções.

O velório será na capela do crematório Vaticano, em Balneário Camboriú, a partir das 9h desta quinta-feira. A cerimônia de despedida acontece às 13h30. Carlos Guérios deixa a esposa Lúcia Carmen Guérios e os filhos Maikon e Juliana.

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Foi funcionário de carreira do Besc, onde trabalhou de 1967 a 1989, chegando ao cargo de diretor Regional de Blumenau, trabalhando também em Brusque e Itajaí. Gerente estadual da Motorola, foi responsável pelo projeto de instalação do sistema BIP [1990-2003], empresa onde se aposentou.

Em Itajaí, foi sócio-fundador e primeiro presidente da Associação dos Colecionadores da Região de Itajaí (Acri), de 2020 a 2024, estando como presidente de honra. “Gostava de palestrar sobre colecionismo nas escolas, sendo membro da Associação de Numismática e Filatelia de Santa Catarina. Atuou como voluntário no Museu Oceanográfico da Univali e Instituto Cultural Soto, resgatando acervos e promovendo curadoria. Também auxiliava colecionadores de todo o Brasil no difícil processo de avaliação, compra e venda de peças. Era um ‘expert’ em todos os setores do colecionismo, tendo seu alto grau de conhecimento reconhecido entre os aficionados dessa atividade”, recordou o amigo Magru Floriano.

Carlos chegou em Itajaí em 1985 e morou na cidade até a sua morte. Descendente de libaneses, foi personagem de reportagem do DIARINHO em 2019, na qual se orgulhava de uma coleção que ocupava todo o seu escritório: cerca de 3,5 mil livros, pastas exclusivas com mais de duas mil moedas, 700 cheques e cédulas de vários países, centenas de cartões postais ingleses, selos, documentos raros sobre a história do Brasil e dicionários do século 19.

Uma das suas coleções mais valiosas era a de moedas. Entre as peças mais representativas estavam uma moeda de liga de ouro e prata do ano 600 a.C., encontrada na cidade de Lydia, atual Turquia, considerada a mais antiga já identificada, e uma moeda de prata de cerca de dois mil anos, que circulava em Jerusalém na época de Jesus. Conhecida como “moeda da traição de Cristo”, é do mesmo tipo que o apóstolo Judas Iscariotes teria recebido ao trair Jesus. Carlos a comprou em 1999.

Exposição e palestras

Com sua coleção, Carlos fez exposições do acervo e palestras pelo Brasil. A paixão surgiu ainda na adolescência, quando estudava no ginásio São José, em Porto União, e assistia a palestras sobre numismática e filatelia.

Carlos também se inspirou no avô libanês, que deixou materiais de uma viagem feita em um navio inglês, no fim do século 19, fugindo de guerras no Oriente Médio rumo ao Brasil. A partir dessa memória, transformou o hobby em missão. Para identificar outras famílias libanesas, vasculhou revistas, jornais, arquivos públicos e casas particulares em busca de fotos e histórias.

Entre os imigrantes que se destacaram está Abrahão João Francisco, que dá nome à avenida Contorno Sul. Ele foi advogado e vereador. Outro exemplo era de Camilo Nicolau Mussi, dono da Casa Esmeralda, na rua Hercílio Luz, que vendia chapéus, perfumes, tecidos, botões e fitas para famílias que vestiam suas filhas com glamour nas décadas de 1940 e 1950.

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Carlos também pesquisou sobre os imigrantes sírio-libaneses espalhados pelo Brasil. A maior colônia está em Bauru, seguida de São Paulo, onde foi fundado um dos hospitais mais renomados do país, em 1965.

Banco Inco

Durante os anos em que trabalhou no sistema bancário, Carlos conheceu várias figuras influentes de Itajaí. Ele se dedicou a resgatar a história do extinto Banco Inco, cuja matriz ficava no centro da cidade, entre as ruas Hercílio Luz e Felipe Schmidt, onde hoje funciona o Bradesco. O banco existiu entre 1940 e 1966 e teve 105 agências. Carlos vendeu o material de pesquisa sobre a instituição para a prefeitura de Itajaí, na gestão de Arnaldo Schmitt, e recentemente estampou uma exposição na cidade.

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