PATRIMÔNIO

Capelinha histórica sobrevive no coração de arranha-céu

Ícone do luteranismo em Balneário Camboriú, Capela da Paz foi preservada em meio à verticalização e hoje é tombada como patrimônio histórico

Capela preservada demonstra compromisso com a história (Foto: Joca Baggio)
Capela preservada demonstra compromisso com a história (Foto: Joca Baggio)
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Quem caminha pela movimentada rua 2300, a poucos metros do mar em Balneário Camboriú, costuma se surpreender com a presença de uma pequena capela incrustada na base de um edifício residencial. Rodeada por um dos metros quadrados mais valorizados do país, a Capela da Paz resiste ao tempo e à urbanização, preservando um importante capítulo da história religiosa da cidade.

Construída em 1960 por iniciativa de Berty Jensen, imigrante que se mudou de Curitiba para o então nascente balneário catarinense, a capela foi erguida em apenas sete semanas com apoio de empresas locais e trabalho de voluntários. Inicialmente, Jensen realizava cultos em sua casa, até que decidiu mobilizar a comunidade para viabilizar um espaço exclusivo para os luteranos. Sua família doou o terreno, e a construção foi conduzida pelo pedreiro Paulo Tesch, com ajuda de um auxiliar.

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A capela foi inaugurada em 22 de janeiro de 1961 e rapidamente se tornou o ponto central da comunidade Luterana que vivia ou veraneava em Balneário Camboriú. Com capacidade para apenas 40 pessoas sentadas, a pequena construção abrigava cultos, encontros infantis, reuniões e demais atividades comunitárias.

O crescimento da cidade e o aumento da comunidade luterana, no entanto, tornaram o espaço insuficiente. “A capela ficou muito pequena. Hoje temos mais de 700 lugares na nova igreja”, conta o pastor Eloir Carlos Ponath, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Balneário Camboriú.

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Com a venda do terreno à construtora Ciaplan, surgiu o risco de a capela ser demolida. No entanto, graças ao reconhecimento de seu valor histórico, arquitetônico e cultural, o imóvel foi tombado pelo município, o que impediu sua destruição. A solução encontrada foi ousada: construir o prédio por cima da capela, preservando sua estrutura original. No entanto, o pastor Carlos diz que apenas o exterior da capela foi preservado, sendo que o espaço interno foi totalmente modificado.

O edifício que nasceu ali foi batizado de Tour Chapelle (Torre da Capela, em francês), em reverência à igrejinha que permaneceu intocada. Os engenheiros enfrentaram o desafio de manter a fundação da capela, mesmo com o rebaixamento do lençol freático necessário à obra. A restauração, iniciada em 2012, exigiu o uso de técnicas compatíveis com o estilo original, materiais não agressivos e intervenções mínimas.

Hoje, a Capela da Paz tem 8,80 metros de comprimento por 6 metros de largura e capacidade máxima para 60 pessoas. Embora não funcione mais como templo luterano, o local se transformou em um espaço ecumênico aberto à comunidade. Missas católicas são celebradas semanalmente por um padre, e cultos luteranos ainda ocorrem de forma esporádica. No interior, o único item original preservado é uma cruz com Cristo, talhada em madeira nobre pelo escultor catarinense Hermann Teichmann.

A secretária aposentada Dalys Marlene Musskopf Geiser, que trabalhou por 21 anos na Igreja Luterana, testemunhou a transição da capela para a nova sede, construída em 1988 na rua Indonésia, no bairro das Nações. Ela relembra os tempos em que toda a vida comunitária girava em torno do pequeno templo. “Aos sábados, as crianças participavam do clube infantil. A comunidade foi crescendo, e a capela já não comportava mais tanta gente”, recorda.

Embora abrigada sob um moderno edifício de muitos andares, a Capela da Paz mantém sua simplicidade, agora como símbolo de resistência e diálogo entre passado e presente. Preservada, se mantém viva como ponto turístico, espaço de reflexão e testemunho da fé que ajudou a construir parte da história de Balneário Camboriú.




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