Deputada federal Caroline de Toni (PL) disse que taxação é um anúncio pra deixar Bolsonaro em paz; especialista adverte que tiro pode sair pela culatra (Foto: Reprodução)
Trump alega que nova tarifa imposta será aplicada ao Brasil em agosto
(foto: reprodução)
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quarta-feira, anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país norte-americano. Segundo Trump, as tarifas passam a valer a partir de 1º de agosto. Parlamentares catarinenses apoiaram a decisão de Trump, enquanto políticos nacionais criticam a medida. Especialista alerta que tiro de Trump pode sair pela culatra e aumentar preços nos Estados Unidos.
Continua depois da publicidade
No documento, Trump justifica a medida citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ele também destacou ordens ...
Já tem cadastro? Clique aqui
Quer ler notícias de graça no DIARINHO? Faça seu cadastro e tenha 10 acessos mensais
Ou assine o DIARINHO agora e tenha acesso ilimitado!
Faça login com o seu e-mail do Google:
OU
Se você já tem um login e senha, por favor insira abaixo:
No documento, Trump justifica a medida citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ele também destacou ordens do STF emitidas contra apoiadores do ex-presidente brasileiro que mantêm residência nos Estados Unidos. “A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!”, escreveu Trump.
Continua depois da publicidade
O presidente norte-americano justifica a medida tarifária citando ainda supostos “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”. “A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os EUA, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta”, afirmou.
A manifestação acontece na mesma semana em que Trump e Lula trocaram críticas por conta da cúpula do Brics, bloco que reúne as maiores economias emergentes do planeta, no Rio de Janeiro. Trump chegou a ameaçar os países do grupo com imposição de tarifas comerciais.
Continua depois da publicidade
Chantagem internacional
Cientista político Sérgio Saturnino chamou o ato de Trump de chantagem. “Tem sido assim quando trata sobre a guerra, sobre decisões políticas internas de algum país... Este é um governo centrado nas vontades de um “rei” que, ao acordar, expõe suas vontades e suas feições como lei, independentemente do que tenha decidido em dias anteriores. Trump é um típico autocrata e se volta contra o mundo apoiado pelo sentido de suas formas de tutela e castigo. É como o adolescente que é o dono da bola e só joga de acordo com suas próprias regras”, analisou.
Mestre em Gestão de Políticas Públicas, Luiz Fernando Ozawa diz que a medida de sobretaxação é uma resposta imediata aos avanços do Brics, presidido pelo Brasil e que também engloba China, Rússia, África do Sul, Índia e outras tantas nações, que surge como um grande player fora do eixo eurocêntrico e norte-americano. “Esse eixo alternativo tem conquistado e avançado para, inclusive, uma ideia de uma moeda paralela ao dólar para suas negociações. O que aflige a hegemonia dos EUA e, nitidamente, a sobretaxação vem para machucar o centro político deste novo momento macroeconômico internacional. Sobre a cortina de fumaça de um pretenso apoio a um ex-presidente que está prestes a ser condenado por julgamento colegiado da Suprema Corte do Brasil, em um devido processo legal, o presidente dos EUA, então, pode colher frutos negativos na sua própria economia”, opina.
Ozawa lembra que o Brasil exporta muitas coisas básicas para os EUA. “Os preços de alguns produtos que abastecem as prateleiras dos mercados do povo americano podem ficar mais caros a partir de agora. Aqui, ao contrário, porque alguns desses produtos que são exportados vão encalhar nas prateleiras do mercado nacional, que vai baratear e influenciar positivamente, muito provavelmente, a inflação. Em contrapartida, claro, a balança comercial deve dar uma balançada, mas não tão diferente quanto à desigual relação que já existe entre Brasil e EUA. Os reflexos na microeconomia e na macroeconomia ainda serão sentidos no futuro próximo, mas provavelmente deve haver recuo, como aconteceu em outros momentos em relação aos EUA”, opinou.
Políticos atacam e defendem taxação
Deputada federal Caroline de Toni (PL) disse que taxação é um anúncio pra deixar Bolsonaro em paz (foto: Bruno SpadA/Câmara dos Deputados)
Políticos de todo o Brasil se posicionaram após a carta de Trump. A direita defendeu a imposição de Trump, enquanto políticos aliados do governo Lula criticaram a ameaça do presidente dos EUA. A deputada federal catarinense Caroline de Toni (PL) publicou a carta em suas redes sociais e disse que “Trump reforçou o recado pelo segundo dia consecutivo”. “Deixem o grande ex-presidente do Brasil em paz. Caça às bruxas”, escreveu.
Continua depois da publicidade
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi o primeiro da família do ex-presidente a se pronunciar. “Depois de tantas ações provocando a maior democracia do mundo, tá aí o resultado do vexame da sua política internacional ideologizada”, escreveu.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) escreveu, em suas redes sociais, que com o anúncio de Trump “o estado mais industrializado do Brasil e que poderá perder mais empregos é São Paulo”.
Jaques Wagner, líder do governo no Senado Federal, disse que, a pedido da família Bolsonaro, Trump anuncia a taxação de 50% em todos os produtos brasileiros de forma autoritária e unilateral. “O presidente norte-americano está confundindo a quem está se dirigindo. O Brasil não será quintal do país de ninguém. Quem decide a nossa vida somos nós. Que fique claro: o Brasil é dos brasileiros e não de capachos!”, escreveu.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), repudiou a taxação. “Temos um ataque econômico, mas temos um ataque às instituições, à democracia, ao Supremo Tribunal Federal. Por isso, temos certeza que o governo vai tomar uma medida contra esse posicionamento. É mais do que economia, é a defesa das instituições, da soberania nacional”, apontou.
Continua depois da publicidade
Outras acusações
A carta de Trump, segundo o governo brasileiro, ainda acusa o Brasil de praticar relação comercial injusta com os Estados Unidos. “Tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco. Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual”, disse Trump.
A declaração de Trump contraria os números do fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos. Juntos, os dois países têm um volume de comércio de cerca de US$ 80 bilhões por ano. Ao considerar a balança comercial, exportações menos importações, os Estados Unidos têm superávit de US$ 200 milhões com o Brasil.
Ainda na carta, Trump ameaça o Brasil em caso de retaliação. “Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!”.
Trump ainda determinou a abertura de investigação sobre o que chamou de “ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas” no Brasil.
O presidente Lula fará um pronunciamento oficial e em rede nacional para responder ao presidente dos Estados Unidos. A data ainda está sob avaliação, mas acontecerá até a noite de sexta. O secretário de Comunicação do Palácio do Planalto, Sidônio Palmeira, está fechando os últimos detalhes da fala com o presidente Lula.
Fran Marcon; formada em Jornalismo pela Univali com MBA em Gestão Editorial. Escreve sobre assuntos de Geral, Polícia, Política e é responsável pelas entrevistas do "Diz aí!"
Dando seu ok, você está de acordo com a nossa Política de Privacidade e com o uso dos cookies que nos permitem melhorar nossos serviços e recomendar conteúdos do seu interesse.