A bailarina Hantiêla Salerno encontrou no projeto Corpo de Baile de Itajaí uma forma de garantir a jovens de 12 a 24 anos as mesmas oportunidades que teve ao concluir o ciclo básico de dança oferecido gratuitamente pelo Porto de Itajaí, na segunda metade dos anos 2000. Hoje, aos 27 anos, com recursos do Programa de Incentivo à Cultura (PIC) do governo estadual, ela promove a inclusão por meio da dança, oferecendo um curso intermediário de ballet clássico totalmente gratuito a 25 alunos.
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O projeto surgiu para dar continuidade ao curso de ballet do antigo Arte nos Bairros, da Fundação Cultural de Itajaí, agora renomeado Aqui tem Arte. Hantiêla, inclusive, é uma das professoras das ...
O projeto surgiu para dar continuidade ao curso de ballet do antigo Arte nos Bairros, da Fundação Cultural de Itajaí, agora renomeado Aqui tem Arte. Hantiêla, inclusive, é uma das professoras das fases iniciais do programa municipal.
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“O Corpo de Baile foi criado para suprir uma demanda que surge com o fim do ciclo básico no projeto do município e garantir que pessoas sem condições financeiras possam continuar os estudos”, explica a bailarina. O projeto teve início em abril deste ano. Para participar, os alunos precisam ter concluído pelo menos três anos do curso básico e passar por uma seletiva.
“Minha família não tinha condições de pagar uma escola particular de ballet. Se não fosse o ensino gratuito, eu não teria chegado onde estou. Poder retribuir o que recebi ensinando ballet a quem vive a mesma realidade é extremamente gratificante”, afirma.
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“Desenvolver o projeto Corpo de Baile de Itajaí é uma forma gostosa e saudável de transformar vidas” Hantiêla Salerno
Do kung fu ao ballet clássico

Natural de Itajaí, Hantiêla conta que começou no ballet após o avô inscrevê-la numa seletiva do projeto Alícia Alonso, então patrocinado pelo porto. Ela relembra com bom humor que, antes disso, praticava kung fu para se defender dos irmãos nas brincadeiras de “lutinha”.
Aos sete anos, ela se apaixonou pela dança. Depois de passar pelo curso básico, seguiu no nível intermediário em escolas da região e também em São Paulo. Aos 14 anos, já dava aulas em um estúdio de dança de Itajaí.
Posteriormente, concluiu a formação na Escola Nacional de Ballet de Cuba. Hoje, aplica a metodologia cubana em suas aulas, com supervisão de professores da instituição de Havana, que visitam Itajaí anualmente.
“A técnica cubana se adapta bem ao biotipo do brasileiro e às condições climáticas dos países tropicais”, explica.
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Hantiêla também é fundadora do Hama Espaço Artístico, criado há cerca de um ano e meio, no centro histórico de Itajaí. O local pode ser alugado por artistas para ensaios e apresentações, além de oferecer aulas pagas em outras modalidades de dança.
Mesmo tendo pensado em construir carreira fora, Hantiêla optou por permanecer em sua cidade natal. “Itajaí é uma potência cultural. É uma fábrica de artistas: da música, do teatro e da dança. Muitos bailarinos começam aqui e fazem sucesso lá fora. Temos formação de qualidade e grupos premiados no Brasil e no exterior”, afirma.
Para o futuro, Hantiêla sonha com a expansão do Corpo de Baile de Itajaí e com uma cidade onde a arte seja cada vez mais democrática, transformando vidas por meio do acesso à cultura.