CARTA DE REPÚDIO
GMs de Itajaí lamentam silêncio da prefeitura e tentativa de abafar o caso
Carta repudia ataque do chefe de gabinete à Guarda Municipal e critica omissão de superiores
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Os guardas municipais de Itajaí enviaram ao DIARINHO uma carta de repúdio sobre as acusações de agressão do chefe de gabinete do prefeito Robison Coelho (PL) a um guarda municipal de Itajaí, com o agravante de que o secretário municipal de Segurança, Ettore Stenghele, teria abafado o caso e evitado a prisão de Deco Sandri pelas supostas agressões e xingamentos aos guardas.
Além do DIARINHO, a carta foi enviada ao prefeito Robison Coelho, ao vice-prefeito Rubens Angioletti (PL) e ao secretário de Segurança. “A atuação da nossa Guarda Municipal foi comprometida pela agressão física e verbal direcionada ao GM, pelo Sr. André Gustavo Sandri e Silva, Chefe de Gabinete do Prefeito, que, embriagado e alterado, atacou nossos agentes com chutes e proferiu palavras de baixo calão. Em nenhum momento o comportamento do Sr. André foi condizente com a dignidade do cargo que ocupa. Sua postura agressiva não só desrespeitou a integridade física de um agente público, como também inflamou a turba que estava prestes a atacar o árbitro da partida, colocando em risco a segurança de todos os presentes”, diz trecho da carta.
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Os GMs ainda lamentam que, diante da gravidade do fato, nenhuma medida tenha sido adotada. “A falta de ação e de posicionamento de nossos superiores hierárquicos, incluindo o prefeito municipal e seus auxiliares, é inaceitável. Somos guardas municipais de carreira e, diariamente, colocamos nossas vidas em risco para proteger a população de Itajaí. Entretanto, somos tratados com desrespeito e desconsideração por parte de quem ocupa cargos comissionados e temporários, que deveriam, ao contrário, ser os primeiros a dar exemplo de moralidade e ética”, escreveram.
A carta ainda defende que a missão dos GMs é fazer cumprir a lei, mesmo quando isso não agrada figuras influentes ou poderosas. “No entanto, ao sermos impedidos de realizar uma prisão legítima e ao vermos a segurança da guarnição comprometida por interesses políticos, ficamos extremamente preocupados com o futuro da nossa corporação e a valorização da nossa função”, justificaram.
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O texto ainda afirma que o respeito à legislação, à hierarquia e à missão da Guarda Municipal deve prevalecer acima de qualquer consideração política ou pessoal. “Lamentavelmente, entendemos que muitos dos nossos companheiros de farda não puderam se posicionar devido aos cargos ocupados e aos benefícios que esses cargos proporcionam às suas famílias. Contudo, devemos reforçar que a nossa honra não está à venda”, completaram.
Os GMs também afirmaram: “Repudiamos com veemência qualquer tentativa de proteger agressores ou obstruir o cumprimento da lei em nome de interesses políticos. Não aceitaremos mais que o desrespeito à nossa corporação se perpetue sem que as devidas providências sejam tomadas. Nossa missão é a de proteger a população e manter a ordem, mas acima de tudo, precisamos ser respeitados e valorizados como profissionais de segurança pública”.
A carta de repúdio finaliza pedindo que o episódio sirva de reflexão para todos os envolvidos e para os que ocupam cargos de confiança, a fim de que nunca mais se repitam erros tão graves que prejudiquem a integridade física e moral dos guardas municipais de Itajaí.
O caso
Deco Sandri, chefe de gabinete do prefeito Robison Coelho (PL), foi acusado pelos GMs de ter xingado e dado chutes em um guarda municipal após o apito final da partida que terminou com a derrota do Marcílio Dias Futsal por 2 a 1 para o Rio do Sul, sábado à noite, no ginásio Gabriel João Collares, em Itajaí. A acusação dos GMs é que o chefe de gabinete chutou e xingou os guardas que estavam em serviço no ginásio e que o secretário de Segurança impediu a prisão do cargo comissionado.
Ao DIARINHO, nesta quarta, Deco reconheceu que “passou dos limites” como torcedor, nega que tenha agredido um GM e informou que foi advertido pelo prefeito depois da confusão, pedindo desculpas por sua postura. Já o secretário de Segurança nega que tenha impedido a prisão de Deco e alega que o caso está sendo tratado internamente e administrativamente.