Em nota enviada ao DIARINHO, Deco Sandri disse que “gostaria de esclarecer que, no calor da partida, agi como um torcedor apaixonado, e acabei me exaltando com relação à arbitragem e seus integrantes. Reconheço que passei dos limites na forma como me manifestei”.
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O chefe de gabinete negou, contudo, as agressões aos GMs. “Em nenhum momento houve qualquer tipo de agressão física de minha parte”, afirmou.
Deco ainda contou que, no dia seguinte ao episódio, conversou com o prefeito Robison Coelho. “Reconheci meu erro, pedi desculpas e fui devidamente advertido. Tenho plena consciência de que, embora estivesse ali como torcedor, ocupo um cargo público e, por isso, devo manter sempre uma postura equilibrada e respeitosa. Lamento o ocorrido, reforço meu compromisso com a responsabilidade que o cargo exige”, disse.
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A confusão no ginásio Gabriel João Collares aconteceu por volta das 21h de sábado, após o apito final da arbitragem. Descontentes com a derrota, torcedores itajaienses teriam partido pra cima do árbitro, que se refugiou em uma sala, protegido pelos GMs.
Deco Sandri então teria agredido um guarda municipal que fazia a segurança do evento com chutes e xingado os servidores. Mesmo com a agressão, Deco não teria sido detido, pois o secretário municipal de Segurança teria interferido a favor dele. Também há denúncia de que o caso foi abafado e os GMs proibidos de chamar reforço da Polícia Militar, o que teria colocado a vida dos guardas municipais em risco diante da confusão.
O secretário municipal de Segurança Pública, Ettore Stenghele, negou as acusações. Ele informou que o caso está sendo tratado administrativamente. “Não queremos expor nenhum dos envolvidos, que pessoalmente já conversaram após a situação. Meu compromisso é resguardar os guardas municipais de exposição e também os demais citados. Estamos buscando imagens que comprovem as falas, tanto de um lado quanto de outro. Meu posicionamento, como secretário de Segurança, será o de esclarecer, não fomentar desordens ou inimizades entre os envolvidos”, falou Ettore ao DIARINHO.
O secretário também desmentiu a denúncia de que tenha evitado a prisão de Deco Sandri por agressão a um GM. “Sobre a suposta agressão, eram muitas pessoas no local, então não poderíamos precisar quem teria agredido o GM, segundo relato. O citado [Deco Sandri] nega que agressão aos guardas municipais, por isso estamos apurando”, finalizou o secretário.
GMs fazem carta de repúdio
Os GMs enviaram ao DIARINHO uma carta de repúdio sobre o caso. “Em nenhum momento o comportamento do Sr. André foi condizente com a dignidade do cargo que ocupa. Sua postura agressiva não só desrespeitou a integridade física de um agente público, como também inflamou a turba que estava prestes a atacar o árbitro da partida, colocando em risco a segurança de todos os presentes”, diz um trecho da carta.
Os GMs ainda lamentam que, diante da gravidade do fato, nenhuma medida tenha sido adotada. “A falta de ação e de posicionamento de nossos superiores hierárquicos, incluindo o prefeito municipal e seus auxiliares, é inaceitável. Somos guardas municipais de carreira e, diariamente, colocamos nossas vidas em risco para proteger a população de Itajaí. Entretanto, somos tratados com desrespeito e desconsideração por parte de quem ocupa cargos comissionados e temporários, que deveriam, ao contrário, ser os primeiros a dar exemplo de moralidade e ética”, escreveram.
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A carta ainda defende que a missão dos GMs é fazer cumprir a lei, mesmo quando isso não agrada figuras influentes. “No entanto, ao sermos impedidos de realizar uma prisão legítima e ao vermos a segurança da guarnição comprometida por interesses políticos, ficamos extremamente preocupados com o futuro da nossa corporação e a valorização da nossa função”, justificaram.
O texto ainda afirma que o respeito à legislação, à hierarquia e à missão da GM deve prevalecer acima de qualquer consideração política ou pessoal. Os GMs também afirmaram: “Repudiamos com veemência qualquer tentativa de proteger agressores ou obstruir o cumprimento da lei em nome de interesses políticos. Não aceitaremos mais que o desrespeito à nossa corporação se perpetue sem que as devidas providências sejam tomadas”.
A carta de repúdio finaliza pedindo que o episódio sirva de reflexão para todos os envolvidos e para os que ocupam cargos de confiança, a fim de que nunca mais se repitam erros tão graves que prejudiquem a integridade física e moral dos guardas municipais de Itajaí.