É nesse cenário de desenvolvimento que se buscam soluções conjuntas, com destaque para o Projeto de Mobilidade Integrada Sustentável da Região da Foz do Rio Itajaí (Promobis), que tem entre as obras a construção do túnel subaquático entre Itajaí e Navegantes, com conclusão prevista para 2031.
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Outra proposta importante do Promobis é o sistema de transporte coletivo para interligar os 11 municípios da foz, promovendo deslocamentos sustentáveis, rápidos e seguros por meio de sistema de transporte multimodal integrado com o Bus Rapid-Transit (BRT) totalmente elétrico. O Promobis, orçado em 120 milhões de dólares, tem financiamento do Banco Mundial.
A mobilidade urbana está diretamente relacionada à capacidade que as pessoas têm de se deslocar dentro das cidades. Santa Catarina está entre os 10 estados mais motorizados do Brasil, ocupando a sexta colocação com 6,1 milhões de veículos emplacados até 2023, segundo os dados mais recentes do IBGE.
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Em Balneário Camboriú, por exemplo, há investimentos constantes em micromobilidade, com ciclovias e vias para veículos leves elétricos, além de outras obras, como a do binário norte que conectará bairros de Itajaí e Balneário com novas pistas, ciclovias e calçadas. Para esta obra, o governo de SC destinou R$ 136 milhões para custear as desapropriações e obras de infraestrutura, além dos recursos municipais investidos/programados no projeto que visa transformar a mobilidade entre as duas cidades.
Muito além do direito de ir e vir
A mobilidade humana na foz do Itajaí-açu não se restringe à fluidez do tráfego, mas à garantia de que os deslocamentos diários sejam sinônimos de dignidade e inclusão. A região da Amfri abriga polos turísticos, portuários e industriais, e a pressão sobre a infraestrutura existente expõe desigualdades: enquanto Balneário Camboriú avança em ciclovias e veículos elétricos, municípios como Penha ou Porto Belo ainda enfrentam desafios de conectividade, especialmente para populações periféricas ou com mobilidade reduzida.
O Promobis surge como uma oportunidade para equilibrar essa equação, desde que projetos como o BRT elétrico e o túnel subaquático sejam acompanhados de políticas de acessibilidade universal — como estações adaptadas, tarifas sociais e integração com modais ativos (bicicletas, patinetes). A meta é clara: transformar a mobilidade em direito, não num privilégio, assegurando que um idoso de Itapema ou um trabalhador de Navegantes tenham a mesma eficiência e conforto ao atravessar a região.
Para a diarista Bianca Caetano de Lima, 30 anos, moradora do loteamento Santa Regina, em Itajaí, a luta é diária. “Eu trabalho em diversos locais e cidades da região, como Balneário Camboriú e Itapema, além de Itajaí. Antes de comprar minha motinho, eu tinha que me virar de bike ou de ônibus, sem falar quando o ônibus não passava e chamava carro de aplicativo. Parte do dinheiro das diárias já perdia no transporte”, conta Bianca, que ainda passa pela situação sempre que chove. “Eu não vejo a hora de existir um transporte que realmente funcione, pois tenho um filho pequeno e é muito perigoso andar de moto nesse trânsito, principalmente na BR”, completa.
A qualidade de vida urbana na foz do Itajaí-açu também depende de como a mobilidade impacta o tempo e o bem-estar da população. O exemplo citado pelo diretor-executivo do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário CIM-Amfri, Jaylon Cordeiro — 30 dias perdidos anualmente no trânsito entre Balneário Piçarras e Porto Belo —, revela um custo social invisível: horas que poderiam ser dedicadas ao lazer, à família ou à educação. A proposta de um corredor viário paralelo à BR 101 e as marginais funcionais são passos urgentes para descongestionar a via, mas é preciso ir além.
A integração do Promobis com sistemas municipais, como hubs de transporte em Camboriú ou linhas alimentadoras em Itajaí, pode reduzir a dependência do carro particular, mitigando emissões e democratizando o acesso ao emprego e à saúde. Além disso, iniciativas como o binário norte, com ciclovias e calçadas amplas, reforçam a importância de desenhar cidades para pessoas, não apenas para veículos. Por isso, as PPPs podem não ser apenas ferramentas de financiamento, mas mecanismos para alinhar interesses públicos e privados em prol da mobilidade que une desenvolvimento econômico, sustentabilidade ambiental e equidade social — pilares essenciais para a região que quer ser referência nacional em planejamento urbano integrado.
BR 101 colapsada é tempo de vida perdido
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Para o advogado e professor universitário Jaylon Cordeiro, hoje não há um meio de transporte integrado e eficaz na região. De acordo com seus cálculos, pessoas que precisam se deslocar diariamente entre Balneário Piçarras e Porto Belo, por exemplo, acabam perdendo 30 dias por ano nas filas e gargalos da BR 101 transitando em carro particular.
“A gente perde 15 dias para ir e 15 dias para voltar percorrendo a distância entre as duas cidades, num cálculo aproximado”, explica Jaylon que está sempre em movimento na região. Especialista em Parcerias Público Privadas (PPPs) neste segmento, o diretor do CIM-Amfri adianta que há uma ação na esfera federal, voltada à Autopista Litoral e ANTT, visando a execução de marginais funcionais ao longo da BR 101, especialmente entre Balneário Piçarras e Itapema. “Estamos trancando o desenvolvimento da nossa região sem uma infraestrutura eficiente”, acrescenta Jaylon.
Outra proposta do CIM/Amfri, por meio de PPP, é a possibilidade de se fazer um corredor viário paralelo à BR 101, passando por trás de Navegantes, Itajaí (Itaipava) e Camboriú, seguindo até a divisa com Tijucas.
Quanto ao Promobis, Jaylon acrescenta que é fundamental que os prefeitos sigam unidos, pois a solução do BRT e túnel submerso no Itajaí-açu vai depender também de projetos no âmbito do transporte coletivo dentro das cidades. “Serão necessárias iniciativas para alimentar as linhas troncais do BRT, capilarizando o transporte municipal para que moradores de todos os bairros e áreas mais afastadas possam ter acesso ao serviço integrado. Precisamos pensar sempre em toda a região, em integração e em união quando falamos deste projeto inovador e grandioso”, completa o especialista, reforçando as PPPs com um caminho viável para a efetivação dos projetos.