"O aumento da gasolina acontece por causa do ICMS”
A deputada federal Ana Paula Lima (PT) foi entrevistada pela jornalista Fran Marcon e pelo colunista JC. Ana Paula falou sobre federalização do Porto de Itajaí, recursos pra SC e o governo Lula
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
"O governo recuou [no pix], e quem perdeu foi o povo brasileiro. A população acabou acreditando em algumas fake news" (Foto: Fabrício Pitella)
A senhora foi a primeira deputada estadual mulher eleita por Blumenau, em 2002, e chegou a presidir a Assembleia Legislativa. A senhora sempre foi do PT. O que mudou na política catarinense? O estado está mais conservador?
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Ana Paula: Estou filiada ao partido há 39 anos. Eu sou de Blumenau, vim estudar em Itajaí, na Univali, conheci o meu companheiro de vida e de lutas políticas, Décio Lima ...
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Ana Paula: Estou filiada ao partido há 39 anos. Eu sou de Blumenau, vim estudar em Itajaí, na Univali, conheci o meu companheiro de vida e de lutas políticas, Décio Lima, e durante todo esse período eu participei dos processos eleitorais, tanto no movimento estudantil, sindical e nas eleições, tanto para o Legislativo quanto para o Executivo. Fiz quatro mandatos de deputada estadual. Em 2022, eu fui eleita deputada federal e fui representar o povo catarinense no Congresso Nacional. A política teve um momento muito difícil, tanto nas eleições de 2018, eu digo depois do golpe na nossa presidenta Dilma, onde veio uma onda de ódio, onde as famílias não conversavam mais, muitas mentiras, muitas fake news. O que aconteceu pós-golpe foi que a população ficou dividida, foi iludida. Mesmo assim, o partido foi corajoso, foi forte, não desistiu. Nós ficamos numa vigília de 580 dias na frente da Polícia Federal, onde injustamente o presidente Lula foi preso: saiu dali para concorrer à eleição de 22 e foi vitorioso. Eu sempre digo: se o Lula não tivesse sido preso em 2018, ele ganharia as eleições em 2018.
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Historicamente, o PT sempre teve 27% dos votos em Itajaí. Houve uma tentativa de lançar o João Paulo candidato, que acabou não se firmando. Por que não lançaram candidato a prefeito?
Ana Paula: Nem todo mundo quer participar do processo eleitoral. [Mas o prefeito puxaria votos pros vereadores] Infelizmente, a decisão do João Paulo, devido às ocorrências que aconteceram na sua vida, a perda de um filho, estava muito abalado... Infelizmente, era o nosso nome que estava sendo preparado pra fazer o bom debate na cidade. E, realmente, as pessoas que colocaram o seu nome à disposição ficaram um pouco fragilizadas.
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A senhora é esposa do presidente do Sebrae, e presidente do PT de SC. A senhora e Décio não se mostraram favoráveis a manter a autoridade pública do porto, que era municipal. Pode explicar por que se posicionaram desta forma?
Ana Paula: O antigo governo federal sucateou o Porto de Itajaí. E muito pouco se viu de manifestações pra defender o porto. Eu não vi nenhuma autoridade estadual ou nacional que defendesse o porto. Bolsonaro, enquanto presidente, sucateou o porto que ficou dois anos sem nenhuma movimentação de carga. Nada mais justo do que a gente fazer esse processo e veio a JBS. Sabe por que as pessoas estão reclamando do porto hoje? Porque tem fila tripla de caminhões e os navios estão atracando. O porto está funcionando. Itajaí não perdeu nada, não perdeu receita e nem postos de trabalho. Agora a gente consegue visualizar o porto daquela época quando o Décio foi superintendente, que era o porto cinco estrelas... [Críticos dizem que o porto se tornou um “puxadinho do porto de Santos”. Houve um retrocesso?] Não houve retrocesso porque nós queríamos que o porto funcionasse. Eu fico entristecida porque quando o porto estava vazio, não tinha caminhão e nem contêiner, eu não vi ninguém se manifestar. Quando se ventilou a possibilidade de continuar sendo do governo federal, começou a movimentação com a proposta da JBS, agora com Santos assumindo essa responsabilidade, então deixa ele funcionar... Não foi dada a concessão ainda para ninguém. [Não é um embate porque o PL assumiu a prefeitura?] Aonde estava o PL quando o porto estava fechado? Inclusive o atual prefeito era secretário de Portos, que era a porta do governo do estado, e não fez movimentação nenhuma.
"O antigo governo federal sucateou o Porto de Itajaí"
A proposta é que Itajaí tenha a federalização direta, como é o caso do Porto de Santos?
Ana Paula: Isso é um debate que tem que ser feito. Nós conseguimos que o Porto de Santos, que é um porto federal, pudesse assumir interinamente as operações em Itajaí, trazendo, inclusive, navios que iam aportar em Santos e estão aportando hoje em Itajaí, gerando emprego, renda, receita para o município. [Deputada, a JBS tem um contrato de dois anos. Ano que vem, ano de eleição, a gente não corre o risco do mesmo problema que aconteceu lá no governo Bolsonaro, de iniciar uma privatização sem tempo hábil, mas agora de não se ter o edital definitivo...] Você falou uma coisa muito interessante: privatização. Por que sucatearam o porto na gestão passada do governo federal? Iniciaram o sucateamento para privatizar o porto. O que eu posso dizer é que nós somos contra a privatização. Esse porto é um porto da cidade, é um porto do Brasil, é um porto público e ele gera emprego e renda para a nossa gente. [Por que o advogado João Paulo, indicado por Décio Lima, não foi nomeado para a superintendência do Porto de Itajaí como foi anunciado?] Estamos em um processo, o nosso nome ainda é João Paulo, falta o presidente Lula e o ministro nomearem. A cidade o conhece, é preparado. O porto está em um processo de transição. Eu só pergunto uma coisa: o porto está parado? O porto está funcionando, os empregos estão garantidos.
Como é seu relacionamento com os deputados catarinenses? E com o governador Jorginho?
Ana Paula: O governador Jorginho Mello foi deputado estadual junto comigo, ele passou por vários partidos, já foi até apoiador do governo federal, mas a gente sempre mantém um bom relacionamento. [Existe relacionamento político com o governador?] Sim, quando somos provocados. Nesses primeiros dois anos do governo do presidente Lula já vieram 13 ministros para SC, nenhum deles o governador recebeu. Veio para cá o presidente Lula, inaugurar o contorno da grande Florianópolis, o governador não recebeu. O presidente Lula chama o governador para discutir a questão de segurança pública, participaram muitos governadores, o governador de SC não participou. Nas reuniões que tem no Palácio do Planalto, o governador de SC não vai. Onde ele vai? Na sede do PL, falar com o antigo presidente, inelegível, mas em nenhum momento vai buscar esse diálogo com o governo federal. Mas nem por isso o governo federal deixa de investir no estado de SC. Somente nesses dois primeiros anos do PAC, SC recebeu do governo federal R$ 48,6 bilhões. As nossas rodovias, as cinco grandes rodovias que ficaram inacabadas, tiveram investimento de R$ 1,3 bilhão. Há exemplos da nossa rodovia, a 470, que o antigo presidente, inclusive, tirou dinheiro da duplicação. Investimentos na área da saúde, hoje zerando filas das cirurgias eletivas; nas obras inacabadas de unidades de saúde, de escolas, de creches, pagar precatórios. [A senhora pretende ser candidata ano que vem?] Faltam dois anos. Naturalmente seria candidata à reeleição.
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Fica evidente que a direita hoje tem mais poder de comunicação e persuasão do que o PT...
Ana Paula: A mentira se propaga mais rápido do que uma verdade. As redes sociais, assim como o jornal DIARINHO, as nossas rádios, a TV, têm que ter regulamentação. Se você fala alguma coisa lá na sua coluna, você tem que responder. Nas redes sociais, não. Tem que ter a regulamentação da rede por vários motivos. Primeiro, porque houve muita discórdia no nosso país das mentiras que foram contadas. A última fake news foi do pix, que iam taxar o pix, e era uma mentira. [No caso do pix a senhora vê como uma derrota do governo?] Eu vou falar aqui uma opinião pessoal: eu acho que não devia ter retrocedido. Porque ficou até pior. Porque isso já existe. Essa movimentação já é controlada nos grandes bancos. Antes era de dois mil que faziam essas investigações. Passou para cinco mil e 10 mil. Mas em nenhum momento foi taxado. [Por que o governo recuou?] Porque houve um alvoroço no país. Tinha gente que não queria mais receber pix. Tinha gente que dizia: o preço é esse, mas tem a taxa do pix. O povo acreditou nisso. Foi de uma forma tão abrangente que todo mundo ficou apavorado. O governo recuou, e quem perdeu foi o povo brasileiro. A população acabou acreditando em fake news e aconteceram golpes também...
O que pode ser feito pelo governo federal em relação à BR 101 no trecho do nosso litoral, que apresenta sinais de colapso?
Ana Paula: Eu defendo sempre que para resolver o problema de mobilidade urbana no nosso país é trabalhar com transporte público, que infelizmente não tem. Transporte público evitaria todos esses congestionamentos que temos. O que está sendo discutido agora é uma terceira faixa. Esse é um projeto do governo do estado, não é? É um projeto que o DNIT está debatendo, o governador lançou, mas não é de responsabilidade dele. Acho que de responsabilidade dele são as estradas estaduais que também precisam da atenção. Em dois anos o governo federal já botou R$ 1,3 bilhão no estado, resolveu o problema da 470, da 280, de Jaraguá e São Francisco, da 285 no sul do estado, da 282 e da 163 lá no oeste de SC. Essas foram as prioridades de obras inacabadas. Na BR 101 precisa-se resolver esses gargalos que nós temos aqui. Eu ainda defendo outro tipo de transporte, de modal, como o trem, por exemplo. Tem que ser um projeto mais audacioso, de médio a longo prazo.
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"O governo recuou [no pix], e quem perdeu foi o povo brasileiro. A população acabou acreditando em algumas fake news"
A senhora já conversou com o novo prefeito de Itajaí e a nova prefeita de Balneário Camboriú?
Ana Paula: A prefeita de Balneário Camboriú pediu ajuda porque houve um problema de enchentes na cidade e ela não estava recebendo a atenção devida do governo do estado. Eu intercedi. O secretário Nacional da Defesa Civil, o ministro Valdez, da Integração, falou assim: Ana Paula, nós vamos atender os municípios desamparados. E naquele momento era o município de Camboriú, de Balneário Camboriú, de Itapema. Tanto é que eu visitei, falei com a prefeita Juliana, mas o prefeito de Itapema me ligou, querendo conversar comigo. Eu estive lá. O prefeito de Camboriú eu vou visitá-lo agora, o Leonel Pavan. Eles estão procurando a gente. A porta do nosso gabinete e do governo federal estão abertas. O prefeito de Itajaí nunca bateu lá. [A senhora nunca se colocou à disposição?] Sempre à disposição. Tem prefeito do PL que visitei agora no município de Benedito Novo, me chamou por causa das obras do PAC. Expliquei todo o processo de licitação. Itajaí vai ganhar recursos grandiosos: R$ 78 milhões para fazer as melhorias do abastecimento de água; R$ 242 milhões de esgotamento sanitário. Esse prefeito que assumiu vai ter recursos do governo federal para fazer grandes obras. Vai ganhar uma maternidade, R$ 50 milhões. Vai ganhar um Centro de Atendimento Psicossocial da ordem de R$ 2,6 milhões. Vai ganhar uma unidade básica de saúde, R$ 5 milhões. E vai ganhar uma creche de R$ 3,5 milhões. Eu sou deputada federal, em nenhum momento a gente fecha a porta para ninguém, mas o prefeito Itajaí esteve em Brasília, mesmo com essa questão do porto, e nunca conversou comigo.
Ana Paula, uma pergunta de um seguidor do DIARINHO nas redes sociais: o PT precisa diminuir o preço dos alimentos. A população está sofrendo!
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Ana Paula: O presidente Lula está muito preocupado com essa questão dos alimentos e a taxa de juros. Estamos conversando com os fornecedores, com os empresários, para que diminuam os preços dos alimentos. [E agora, em fevereiro, nós vamos ter aumento de gasolina...] O aumento da gasolina acontece por causa do ICMS, que em SC era 17%, agora foi para 20%. Todos os governadores vão botar 20% em cima do imposto de circulação de mercadorias e vai impactar no preço do combustível.
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