A formação do La Niña para o início do ano já era esperada pelos especialistas pelas condições do oceano Pacífico em dezembro. O fenômeno ocorre a cada três ou cinco anos, quando há o resfriamento do oceano na faixa do Equador, com uma diminuição igual ou maior a 0,5°C nas águas.
Segundo a agência norte-americana, é provável que o La Niña seja fraco, com a queda da temperatura do oceano não chegando a 1°C na temporada. Para o Brasil, o reflexo previsto é de redução das chuvas na região Sul e aumento na parte centro-norte do país. A condição também é favorável para entrada de massas de ar frio.
Por outro lado, a influência do fenômeno facilita a formação de temporais com ocorrência de granizo, porque o ar fica mais frio. O deslocamento das massas de ar também aumenta as chances de áreas de instabilidade que, combinadas com o calor e a umidade, podem provocar tempestades.
Conforme o relatório da agência, em dezembro de 2024 já foram identificadas temperaturas mais frias que o normal na superfície das águas em algumas partes do Pacífico, indicando a volta do fenômeno. Na última medição, uma das áreas monitoradas estava 0,7°C mais fria. Em outras áreas, foi registrado esfriamento abaixo da média.
O fenômeno deve continuar no próximo trimestre, entre fevereiro, março e abril, marcando o verão e o início do outono no hemisfério sul. Depois, a previsão é que as condições voltem à neutralidade climática.
Fraco e breve
O meteorologista Leandro Puchalski explica que a confirmação do La Niña decorre de semanas seguidas com a parte central do oceano com temperaturas mais baixas e as águas mais frias, além de outros indicadores de monitoramento.
Ele comentou que esse resfriamento vinha ocorrendo, mas ressalta que a parte das águas mais próximas à América do Sul, na altura do litoral do Peru, não estão tão frias assim. “Isso já demonstra que é um La Niña de intensidade fraca, isso dito até pela própria Noaa, e o período de atuação é muito curto”, afirma.
Pelos dados da agência do clima dos Estados Unidos, a partir de abril há 60% de chance de volta à neutralidade, sem La Niña e nem o El Niño, que provoca o aquecimento do mar. “São períodos muitos curtos, poucos meses onde tem a influência do La Niña no clima de uma maneira mundial. Fraco, passageiro e bastante curto, essa é a previsão”, frisa.
Mesmo com um fenômeno mais fraco, são esperadas mudanças no tempo. “Na teoria, existe uma redução dos volumes de chuva no sul do Brasil e um aumento dos volumes de chuva para o nordeste, quando a gente tem um La Niña atuando”, confirma.
Já ao longo de janeiro, Puchalski destaca que há condição de pouca chuva, especialmente para o Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina e no Paraná, a influência do La Niña não deve ser tão grande neste mês, principalmente em áreas do oeste e durante a segunda quinzena do mês.
E o fim de semana?
O tempo no litoral de Santa Catarina está sob influência da circulação marítima, com ventos que trazem umidade do mar e mantém a condição de chuvas na forma de pancadas isoladas. Em algumas regiões, há chances de temporais, com risco de alagamentos, como os ocorridos em Joinville na quinta-feira.
Em Itajaí, a Defesa Civil está em situação de monitoramento devido à condição de chuva isolada e temporais pontuais a qualquer momento até domingo. De acordo com o laboratório de Climatologia da Univali, o fim de semana será com nebulosidade, podendo rolar chuva isolada e chuviscos, no início ou fim dos dias.
As temperaturas devem ser mais agradáveis até domingo. As mínimas ficarão entre 18/20°C e as máximas entre 24/28°C. Para a próxima semana, a previsão é de dias mais quentes a partir de terça-feira, com máximas que poderão chegar aos 33°C.