Uma reunião marcada para este início de semana, em Brasília, deve definir o futuro da autoridade portuária de Itajaí. A delegação municipal vence em 31 de dezembro, e a incerteza tem deixado os políticos da região e o mercado em alerta. 

Um encontro entre os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos, deve ocorrer nesta terça-feira e definir o modelo de gestão mais adequado. A proposta será apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para validação final. 

Publicamente, representantes do setor portuário e políticos catarinenses, tanto de situação quanto de oposição ao governo federal, defendem a renovação da autoridade portuária municipal por mais 25 anos. A medida garantiria a operação do porto público, resolveria o problema de dragagem e permitiria o recebimento de navios de cruzeiro na atual temporada. Porém, especula-se que a gestão federal possa ser retomada, como nos anos 80, subordinando o porto de Itajaí ao comando de Brasília. 

O ex-superintendente do porto de Itajaí e atual presidente do Sebrae, Décio Lima (PT), é citado nos bastidores como mentor da federalização. Contudo, por meio de sua assessoria, ele negou qualquer envolvimento. Segundo Décio, como presidente nacional do Sebrae, não cabe a ele opinar sobre a questão, que é decisão exclusiva do presidente Lula e do ministério dos Portos e Aeroportos. Décio informou que comanda o encontro nacional de dirigentes do Sebrae, em Brasília, e não tem agenda relacionada ao porto de Itajaí. 

“Crime contra SC

O senador Esperidião Amin (PP) afirmou que a federalização seria um “crime contra Santa Catarina”. Ele destacou que a questão ainda está longe de uma decisão e reiterou que, junto com o ex-senador Mário Covas, defendeu a municipalização do porto em 1995. Amin declarou desconhecer qualquer relação de Décio Lima com a possível  volta da federalização. 

O deputado federal Carlos Chiodini (MDB)  confirmou que a definição caberá ao ministro Silvio Costa Filho. Como integrante da bancada de apoio ao governo Lula, Chiodini já manifestou ser favorável à renovação da autoridade portuária municipal. 

O vice-prefeito de Itajaí, Marcelo Sodré (PDT), também defendeu a delegação municipal e negou os rumores sobre a federalização. Ele relatou ter conversado com Décio Lima, que negou qualquer iniciativa nesse sentido. 

Indefinição preocupa

O prefeito eleito de Itajaí, Robison Coelho (PL), demonstrou preocupação com o atraso na definição do modelo de gestão. Ele lembrou que a Câmara de Vereadores já criou a empresa pública exigida pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) para viabilizar a imediata renovação da autoridade municipal. “A federalização seria um retrocesso. A gestão municipal é essencial para garantir melhorias, como a expansão da retroárea e a operação de cruzeiros”, disse.