Criança já teria chegado ao posto de saúde sem vida e seria vítima de maus tratos
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Pai acredita que houve negligência da mãe nos cuidados com a criança (Foto: Acervo pessoal)
Gael morreu na véspera de completar dois aninhos
(foto: Acervo pessoal)
A Polícia Civil indiciou por homicídio culposo a mãe e o padrasto de Gael Estevan Caldeira Machado, que morreu no dia 14 de maio, um dia antes de completar dois anos. A investigação sobre a morte do menino, vítima de um engasgamento em casa, no bairro Espinheiros, foi concluída e enviada ao Ministério Público de Itajaí.
Segundo o delegado Marcos Okuma, da Delegacia de Proteção à Mulher, Criança e Adolescente, o laudo pericial apontou que Gael morreu devido a um traumatismo toracoabdominal, possivelmente ...
Segundo o delegado Marcos Okuma, da Delegacia de Proteção à Mulher, Criança e Adolescente, o laudo pericial apontou que Gael morreu devido a um traumatismo toracoabdominal, possivelmente causado por manobras de desobstrução das vias aéreas feitas incorretamente.
O inquérito também identificou sinais de negligência por parte da mãe nos cuidados diários com a criança. O menino estava sofrendo com uma anemia profunda.
Pai diz que quer justiça
O eletricista Carlos Eduardo Machado, de 29 anos, pai de Gael, quer a responsabilização do casal pela morte do filho. Há quase um ano, Carlos estava impedido de ver o menino e acredita que a negligência da mãe teve papel determinante na tragédia.
Além de acompanhar as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, o pai contratou um advogado para reforçar o pedido de denúncia contra a ex e o atual companheiro dela. “O laudo mostrou que meu filho sofria negligência. Ele estava com anemia aguda. Quero justiça! Nada vai trazer meu menino de volta, mas não posso ficar sem resposta. Meu sonho sempre foi ser pai, e tiraram isso de mim”, desabafou.
Desde a separação, a mãe de Gael vetou as visitas de Carlos Eduardo ao filho. Em agosto de 2023, o advogado Gabriel Pereira protocolou na justiça itajaiense uma solicitação para que a guarda do menino fosse dada ao pai.
“Gael tinha uma vida pela frente, e me tiraram ele de vez. Quase um ano sem ver meu filho e, quando pude vê-lo, ele estava no caixão, gelado”, narra o pai, ainda inconformado com a morte.
Chegou morto ao posto de saúde
O advogado Gabriel Pereira relatou que a mãe e o padrasto disseram que Gael se engasgou com pirão de feijão e foi levado ao posto de saúde São Francisco de Assis, onde os socorristas tentaram reanimá-lo.
No entanto, médicos suspeitam que Gael já chegou à unidade sem vida, fato sustentado por imagens das câmeras de segurança da unidade.
O laudo pericial não apontou sinais de agressão direta, mas indicou que o menino estava com anemia aguda. “Relatórios e laudos apontam indícios de negligência, com lesões anteriores, falta de higiene e pouca supervisão. No dia da tragédia, Gael estava sob os cuidados da mãe e do padrasto”, afirmou o advogado.
Carlos Eduardo espera que a Justiça entenda o caso como homicídio doloso. “Vamos pedir que o Ministério Público considere o dolo eventual, onde há consciência do risco de morte, e não apenas o homicídio culposo”, explicou Gabriel Pereira.
O advogado também afirmou que o caso pode estar sendo negligenciado por conta da família ser simples. “A tristeza é que, se Gael ou seu pai fossem brancos e de classe média ou alta, a Justiça já teria dado uma resposta. Um pai que lutava na Justiça pela guarda do filho agora sofre dia e noite pela perda precoce dele”, acusa.
O MP ainda não respondeu aos questionamentos do DIARINHO sobre o indiciamento feito pela Polícia Civil.
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