"Pelé do piano"
Adeus a Arthur Moreira Lima
Pianista tratava um câncer no intestino e morreu em Floripa na quarta à noite
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

Morreu na noite de quarta-feira o pianista Arthur Moreira Lima, aos 84 anos, em Florianópolis. Ele estava internado há semanas no Hospital Imperial de Caridade, onde tratava um câncer de intestino.
A cerimônia de despedida aconteceu no Crematório e Cemitério Jardim da Paz, em Florianópolis, do meio-dia às 16h de quinta. Depois o corpo foi cremado.
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Morador de Floripa desde 1993, ele ganhou em 2003 o título de Cidadão Honorário da capital catarinense. Em 2016, o pianista apresentou em Itajaí o projeto “Um Piano pela Estrada”, em um lindo espetáculo gratuito em frente à igreja Matriz do Santíssimo Sacramento. Com esse projeto, ele fez mais de 500 concertos gratuitos Brasil afora.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, lamentou, através das redes sociais, a morte do pianista. “O Brasil perde Arthur Moreira Lima, um dos maiores pianistas do seu tempo e que adotou Santa Catarina como seu lar. Um artista que viajou o mundo e dedicou a vida a levar a música clássica a todos os cantos do país, encantando corações e mentes com seu talento único”, escreveu na rede social X.
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Pelé do piano
Nascido no Rio de Janeiro em 1940, Moreira Lima é um dos maiores pianistas brasileiros. Ele iniciou os estudos ainda criança e teve o primeiro recital profissional em 1949, no Theatro da Paz, em Belém (PA). Na época, venceu importantes concursos no Brasil, como o Jovens Solistas, promovido pela Orquestra Sinfônica Brasileira, nas edições de 1949 e 1952.
A carreira é repleta de prêmios e de concertos nas principais casas de espetáculos do mundo. Com mais de 60 discos gravados, o pianista tocou com as filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia e com as sinfônicas de Berlim, Viena e Praga, a BBC de Londres e a National da França. A revista La Suisse o considerava o “Pelé do piano”.
No Brasil, entre os artistas e grupos com quem trabalhou, um dos destaques é o conjunto Época de Ouro, fundado por Jacob do Bandolim, o cantor e violeiro Elomar Figueira Mello, e os maestros e multi-instrumentistas Paulo Moura e Heraldo do Monte.
A partir da década de 1990, Lima passou a se apresentar com maior frequência em espaços públicos para a população sem condições de pagar às salas de concertos e espetáculos. Tocou em eventos no Morro da Mangueira e na Favela da Rocinha, além de percorrer o país a bordo do caminhão-teatro, a partir de 2003, realizando concertos gratuitos.