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SAÚDE

Santa Catarina se prepara pra “nova temporada” de dengue

Medidas preventivas terão foco nas cidades que concentraram casos e mortes neste ano

João Batista [editores@diarinho.com.br]

Estado viveu epidemia da doença, com 360 mil casos e 340 óbitos em 2024 (Foto: divulgação)
Estado viveu epidemia da doença, com 360 mil casos e 340 óbitos em 2024 (Foto: divulgação)


O ano de 2024 foi marcado pelo maior número de casos de dengue no país e no estado de Santa Catarina. Foram quase 360 mil casos prováveis notificados e 340 mortes confirmadas até agora. Após o cenário de epidemia da doença, o estado anuncia que está se preparando para a próxima “temporada” 2024/2025, prevendo ações no enfrentamento da dengue.


A Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), através da Secretaria Estadual de Saúde, iniciou seis eventos virtuais regionais voltados para os municípios prioritários, que representam mais de ...

 

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A Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), através da Secretaria Estadual de Saúde, iniciou seis eventos virtuais regionais voltados para os municípios prioritários, que representam mais de 90% dos casos de dengue deste ano. A iniciativa começou na região de Florianópolis e chega neste mês à Foz do Rio Itajaí e Vale do Itajaí, entre outras três regiões.



As estratégias passam pela diminuição da infestação do mosquito, mutirões, análise de dados, classificação de risco, plano de contingência e fluxo de atendimentos. O diretor da Dive, João Fuck, explica que as ações planejadas com os municípios levam em conta que a dengue tem uma alta taxa de transmissão e que as atuais condições do clima favorecem a reprodução do mosquito, com o risco de os casos da doença voltarem a subir.

Vistoria em Itajaí passou por mais de três mil imóveis (Foto: Divulgação/PMI)

Os eventos integram Defesa Civil, Ministério Público, Tribunal de Contas e Conselho das Secretarias Municipais de Saúde. Para o secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi, o foco é dar mais atenção para os municípios maiores, porque concentram o maior número de casos devido ao tamanho da população, pra minimizar o avanço da doença.


“É importante reforçarmos a questão do manejo clínico e intensificar as ações na Atenção Primária, para evitar os casos graves da doença”, afirma, explicando que a ajuda da população pra eliminar focos do mosquito é importante. Nas reuniões regionais, a principal discussão é em como reduzir a magnitude, a gravidade e os óbitos da doença.

 


Estado infestado

No período de 31 de dezembro de 2023 a 7 de outubro de 2024, foram identificados 53.423 focos do mosquito Aedes aegypti em 255 (86,44%) municípios de Santa Catarina. Das 295 cidades do estado, 175 (59,32%) são consideradas infestadas pelo mosquito, incluindo todas os municípios da Amfri.

No mesmo período, foram 550.364 notificações de dengue em Santa Catarina, das quais, 357.070 foram consideradas casos prováveis. Na comparação com igual período de 2023, houve alta de 156,41% no número de casos prováveis. A alta refletiu no número de mortes, que também cresceu no período, chegando a 340 registros, dos quais 38 em Itajaí, líder de mortes na Amfri.

Itajaí faz mais de três mil vistorias

Entre 9 e 26 de setembro, Itajaí fez o Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa). Os agentes de combate a endemias vistoriaram 3154 imóveis e o resultado apontou que a cidade tem médio risco de infestação pelo mosquito transmissor da dengue, com índice de 1.7%.


O índice indica que a cada 100 casas visitadas, de uma a três tem larvas do Aedes aegypti. Durante o levantamento, 45 casas e comércios apresentaram focos do mosquito. Também foram encontrados focos em 10 terrenos baldios e foi registrada a presença de mais de um foco no mesmo imóvel.

A Secretaria Municipal de Saúde reforça que, com a elevação das temperaturas, é importante redobrar os cuidados. A pesquisa mostrou os principais criadouros do mosquito. Do total de focos, 50 estavam em vasos, pratos de vasos e brinquedos, 20 foram localizados em lixos (garrafas, sucatas e entulhos), oito em calhas, lajes e similares, dois em toneis e caixa d’água e outros dois em plantas (bromélias).

“Neste ano, tivemos mais de 30 mil casos confirmados e a superlotação do sistema de saúde. A população tem que entender que  faz parte da prevenção, eliminando recipientes que possam acumular água, para que isso não se repita e possamos ter um verão mais tranquilo”, destaca Lucio Vieira, coordenador do Programa de Controle da Dengue de Itajaí.

 

Meta é reduzir as mortes


A ação em Santa Catarina integra as medidas do Plano Nacional de Enfrentamento à Dengue, apresentado na quarta-feira pelo Conselho Nacional de Saúde. O plano, que abrange outras doenças virais transmitidas por mosquitos, prevê a integração entre estados, prefeituras e população pra redução de casos e mortes.

“A meta é reduzir as mortes, pois é inadmissível que, com tratamentos simples como a hidratação, ainda estejamos perdendo vidas”, afirmou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Rivaldo Venâncio. Ele apontou a importância de a rede de saúde se preparar com antecedência para a nova temporada, com o abastecimento de insumos básicos pro enfrentamento à doença.

Plano nacional tem foco contra o mosquito diante de vacinas ainda limitadas (Foto: Ricardo Trida/Secom)

 

O plano contempla seis eixos principais de estratégias de prevenção e combate da dengue. Um dos destaques é o uso de tecnologias inovadoras, como a liberação de mosquitos machos estéreis para controle do Aedes aegypti, e “estações disseminadoras”, que aplicam larvicidas em áreas periféricas de difícil acesso.

O controle da dengue com mosquitos machos, em parceria com a Fiocruz, já começou em Santa Catarina, de projeto em Joinville, no Rio de Janeiro e Pernambuco, com previsão de chegar a 35 cidades em 2025. O reforço nas equipes de agentes comunitários de saúde e campanhas de orientação também são previstas.

As vacinas também são consideradas importantes pra conter a dengue, mas diante da pouca oferta de doses pelo fabricante, o Ministério da Saúde diz que o foco segue na eliminação de criadouros do mosquito. O público, em 2024, é composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, entre os mais hospitalizados pela doença.

O governo federal comprou todo o estoque de vacinas para 2024 e 2025 e deve receber até o final do ano 5,2 milhões de doses, além de outras 1,3 milhão de doses que serão doadas. O total servirá pra vacinar 3,2 milhões de pessoas com as duas doses do esquema vacinal.

Até setembro, foram 2,2 milhões de primeiras doses aplicadas e 636 mil segundas doses no país, entre cerca de 700 cidades atendidas. Em Santa Catarina, foram 142,7 mil doses recebidas, com menos da metade do público (49%) ainda sem completar o esquema de duas doses.

Apenas cidades das regiões de Joinville, Floripa, Blumenau e Chapecó receberam doses da vacina. A ampliação para outras regiões vai depender do envio de novas remessas pelo Ministério da Saúde ao estado.




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