Porto
Canal portuário de Itajaí está há dois meses sem dragagem
Já o porto de São Chico anuncia dragagem de R$ 300 milhões em parceria com a iniciativa privada pra receber navios de até 366 metros
João Batista [editores@diarinho.com.br]
A superintendência do porto de Itajaí ainda não lançou o edital de licitação emergencial para a retomada da dragagem do rio Itajaí-Açu. O serviço vai completar dois meses de paralisação na semana que vem, desde que a empresa Van Oord largou as operações por levar um calote de R$ 35 milhões devidos pelo porto. O fracasso nas negociações pra retomada do trabalho fez a superintendência romper o contrato com a empresa no início deste mês, com a promessa de a dragagem voltar a ser feita numa contratação emergencial.
A homologação das profundidades mínimas no canal portuário pela Marinha do Brasil venceu no dia 17 de setembro e ainda não foi atualizada. Segundo a assessoria do porto, o departamento jurídico analisa a documentação de uma empresa pra contratação emergencial com dispensa de licitação. A empresa foi consultada previamente pelo porto, supostamente com as condições de se mobilizar em 15 dias, com a draga vindo da Argentina. O nome da empresa não foi divulgado.
Em paralelo, o porto ainda lida com a dívida da dragagem e busca de dinheiro pra garantir a retomada do serviço. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) analisa um pedido do porto sobre a antecipação de tarifas portuárias da Portonave e porto ainda espera a prometida ajuda financeira do Ministério dos Portos, que estaria travada por causa do período eleitoral. Agora, há expectativa que o dinheiro possa vir logo após as eleições.
JBS recebe contêineres no cais público
A JBS Terminais retomou as operações com contêineres no Porto de Itajaí, ainda em parceria com a SC Portos, usando os berços do cais público, enquanto espera pelo alfandegamento da Receita Federal. A última previsão é que a autorização poderá sair nesta sexta-feira ou no início da semana que vem.
Nesta sexta-feira, a JBS recebeu o navio Maersk Lota, com contêineres para carregamentos da Seara, com atração no berço 3 da área pública. Ainda na segunda-feira, atracou o MSC Kalamata VII, com 200 contêineres, também da Seara.
Pra este sábado, está previsto o Chesapeake Highway, navio com veículos, e, no domingo, o MSC Ajaccio, de contêineres.
As operações ainda não são de linhas regulares, esperadas a partir de outubro, com a liberação do alfandegamento. A JBS deve retomar as atividades no terminal de contêineres com ao menos cinco linhas, incluindo serviços internacionais e navios de cabotagem. Entre elas são previstas linhas da MSC, Sealead e Norcoast. A projeção da empresa é de movimentar 58 mil contêineres mensais na retomada.
Dragagem do porto de São Chico vai ser paga pela iniciativa privada
O Porto de São Francisco do Sul recebeu o licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para a obra milionária de alargamento e aprofundamento do canal de acesso portuário da baía da Babitonga. Com a licença de instalação (LAI), a autoridade portuária pode iniciar o processo de licitação para a contratação da empresa que tocará a obra, que tem investimento estimado de R$ 300 milhões.
O modelo de financiamento é inédito no Brasil, por meio de uma parceria público-privada com o Porto Itapoá, que vai bancar a execução como adiantamento das tarifas portuárias. “Os R$ 300 milhões da dragagem serão devolvidos pelo Porto de São de Francisco, com a arrecadação suplementar gerada pela receita tarifária decorrente do aumento da movimentação de navios”, diz o presidente do Porto, Cleverton Vieira.
A dragagem permitirá o acesso de navios maiores, até 366 metros de comprimento, ao complexo portuário. O projeto prevê o aumento da profundidade do canal externo de 14 metros para, no mínimo, 16 metros. O edital tem previsão de lançamento até o final do ano, pra iniciar a obra nos primeiros meses de 2025.
A licença autoriza a retirada de 12,8 milhões de metros cúbicos de areia. Parte será usada no alargamento da praia de Itapoá, afetada pela erosão costeira, e o restante depositado em alto mar. Essa será a primeira vez que sedimentos de uma dragagem portuária serão usados para a recuperação de uma praia.
O presidente do Porto de São Francisco do Sul, Cleverton Vieira, acredita que a dragagem tornará os portos do complexo ainda mais competitivos. “A frota marítima internacional está sempre se atualizando, fazendo com que os navios se tornem maiores e, consequentemente, necessitem de maior profundidade. Com essa obra, colocaremos o Complexo Portuário da Baía da Babitonga e nosso Estado na rota das grandes embarcações”, disse.