Entre os estados, poucos melhoraram as notas. Santa Catarina ficou entre os 24 estados que não bateram nenhuma das metas. Considerando os resultados das escolas públicas e privadas, Santa Catarina ocupou a 10ª posição no ranking nacional do Ideb, com média de 3,8, enquanto o esperado era 5,3. O cenário mais positivo foi nos anos iniciais, mas ainda abaixo da meta.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o Ideb de 2023 da rede pública foi o mesmo de 2019 (5,7). Esse resultado foi alcançado com uma redução na aprendizagem, que caiu de 6,02 para 5,91, e um aumento nas aprovações, de 0,94 para 0,97. Apenas seis estados evoluíram na aprendizagem pela nota padronizada do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Os maiores avanços foram no Amapá, Alagoas e Pará. Em Santa Catarina, o indicador ficou estagnado, mantendo os mesmos 6,4 pontos de 2021, resultado 0,1 ponto abaixo da meta para o estado. Os estados que mais retrocederam foram Mato Grosso do Sul, Rondônia e Minas Gerais.
Nos anos finais, o Ideb da rede pública foi de 4,7, frente a 4,6 em 2019, com alta também em apenas seis estados, com Alagoas e Ceará entre os destaques. Apenas três estados atingiram a meta de 5,5 definida para 2023: Paraná, Ceará e Goiás. Santa Catarina alcançou 5,2 pontos, com queda de 0,9 em relação a 2021.
No Ensino Médio, modalidade com os piores indicadores educacionais do país, o Ideb de 2023 da rede estadual foi de 4,1, frente a 3,9 em 2019. Apenas oito estados tiveram aumento nas notas e nenhum atingiu a meta nacional de 5,2. Em Santa Catarina, o ensino médio registrou 4,2 pontos, longe da meta de 5,6 para o estado. Considerando só as escolas públicas catarinenses, o estado ficou na 16ª posição nacional.
O governo estadual promete ações para melhorar os indicadores. Entre elas estão cursos de formação para professores de Língua Portuguesa e Matemática e implantação de ciclos anuais de avaliação no Ensino Fundamental, permitindo que os docentes trabalhem nas principais carências de aprendizado.
Para o Ensino Médio, o Estado já criou o Programa Catarinense Técnico (Catec), que integra formação técnica profissionalizante. A expectativa é que o projeto melhore as taxas de aprovação e reduza a evasão escolar. Outra medida foi a criação de núcleos de acompanhamento nas coordenadorias regionais de Educação, para propor melhorias pedagógicas e atuar na formação continuada dos professores.
Particulares também não atingiram metas
Apesar de resultados melhores que a rede pública, a rede particular também apresentou desempenho estagnado no Ideb e não conseguiu atingir as metas de aprendizado em nenhuma etapa da educação. As escolas particulares tiveram pequena melhora nos anos iniciais (1º ao 5º ano) do Ensino Fundamental, com nota de 7,2, contra média de 7,1 em 2019 e 2021. A meta era 7,5 para 2021.
Na etapa final do Fundamental (6º ao 9º ano), as escolas privadas mantiveram a nota de 2021 (6,3). A estagnação também se verificou no Ensino Médio, com a média de 5,6 permanecendo no mesmo patamar. Os resultados ainda são inferiores aos de 2019, na pré-pandemia, quando as notas foram de 6,4 (anos finais) e 6 (Ensino Médio). As metas eram de 7,3 e 7, respectivamente.
Considerando apenas a avaliação do Saeb, a rede particular registrou queda no desempenho dos estudantes. Em português, a nota caiu de 314,46, em 2021, para 314, em 2023. Em matemática, a queda foi de 322,25 para 318,35 no mesmo período.
Na análise dos dados, tanto nas redes pública quanto privada, o governo federal ressaltou que a comparação com 2021 deve ser cautelosa devido a distorções provocadas pela pandemia. Além de as escolas terem lidado de formas diferentes com a aprovação dos alunos, o Saeb 2021 ocorreu num período em que muitas escolas ainda estavam com aulas online, o que resultou em queda na participação dos alunos.
Análise: Avaliação do Saeb não recuperou taxas pré-pandemia
Usadas no cálculo do Ideb, as provas do Saeb mediram o desempenho dos estudantes em matemática e português. Até o 5º ano do Ensino Fundamental, a avaliação registrou uma recuperação próxima dos patamares da pré-pandemia. Já nos anos finais e no Ensino Médio, o desempenho ficou estagnado.
Santa Catarina obteve média de 6,59 no Saeb nas séries iniciais, um pouco melhor que o resultado de 2021 (6,56), mas ainda abaixo da nota da pré-pandemia, de 6,70. Na rede pública no estado, a média foi de 6,37, estagnada em relação a 2021 e abaixo da avaliação de 2019. Na rede particular, a média foi de 7,86, melhor que 2021 (7,78) e 2019 (7,79).
Nas séries finais, o estado teve média de 5,60, ainda abaixo do desempenho de 2019 (5,76). As escolas particulares tiveram a melhor nota (6,84), também sem recuperar os índices de 2019 (7,03) e 2021 (6,90). No Ensino Médio, Santa Catarina ficou com 4,85, com média de 6,14 na rede privada e de 4,59 na rede estadual. Na pré-pandemia, o estado foi avaliado com 5,01.
A evasão escolar é um dos problemas no Ensino Médio que prejudica a avaliação. Em 2023, 600 mil jovens abandonaram os estudos, segundo o governo federal, com Santa Catarina ocupando a 8ª maior taxa. Medidas como a ampliação do ensino profissionalizante, prevista no novo Ensino Médio, e o programa Pé de Meia buscam ajudar os alunos a concluírem o curso.
Conheça os indicadores Ideb e Saeb
O Ideb é um indicador calculado a cada dois anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que reúne as taxas de aprovação escolar, a partir do Censo Escolar, e as médias de desempenho nas avaliações do Saeb.
Ele é o principal indicador de qualidade da educação no Brasil, com nota de 0 a 10. Pela medição, quanto melhor o desempenho dos alunos e mais alto o número de aprovados, maior é a nota do Ideb.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um conjunto de avaliações em língua portuguesa e matemática, aplicado pelo Inep aos estudantes do 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio.