São Vicente

Homem morto pela PM era caminhoneiro e tratava dependência química

Família conta que ele estava em surto quando xingou policiais

Arno era dependente químico e acompanhado pelo Caps de Itajaí (Foto: Acervo pessoal)
Arno era dependente químico e acompanhado pelo Caps de Itajaí (Foto: Acervo pessoal)
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Uma semana após perder o filho vítima de câncer, Rosana Serpa da Silva, de 59 anos, sepultou o irmão que criou como filho, Arno Antônio Serpa Júnior, de 46 anos. O homem, que já foi caminhoneiro, enfrentava problemas psiquiátricos devido à dependência química. Na noite de quinta-feira, armado com uma faca, em meio a um surto, Arno foi morto por dois tiros disparados pela Polícia Militar de Itajaí. Os cinco irmãos de Arno criticam a ação policial e acreditam que a PM poderia tê-lo levado para a UPA, para receber medicação e se acalmar.

Ainda muito abalada, a família de Arno procurou o DIARINHO para rebater as informações que circulam nas redes sociais de que Arno era “vagabundo”. Rosana e os irmãos contam que Arno era um homem trabalhador, um excelente motorista, mas que acabou se perdendo na dependência química após a separação da esposa. Ele deixa três filhos, dois maiores de idade e uma menina de 17 anos. O corpo de Arno foi sepultado na tarde de sexta-feira no cemitério do bairro Fazenda.

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Arno morava em uma quitinete alugada perto do local onde foi morto: o pátio da igrejinha Santa Clara, no bairro São Vicente. “Ele estava com problemas de saúde mental, fazia tratamento no Caps. Temos todos os medicamentos e o acompanhamento dele aqui”, relata Rosana. A irmã diz que ele ficou um tempo internado em uma comunidade terapêutica para recuperação de dependentes químicos, onde foi feita a foto que ilustra essa matéria. No entanto, ao sair do local, parou de tomar as medicações.

Na noite de quinta-feira, ele tinha brigado com dois ex-colegas de trabalho. “Ele não era vagabundo, sempre foi trabalhador, caminhoneiro. A gente fica triste de ver as redes sociais falando que ele era bandido, vagabundo, mas não era nada disso. Ele era um irmão maravilhoso. A PM fez tudo errado. Podiam ter usado spray de pimenta, tiro de borracha, ou atirar nas pernas. Não precisava ter matado”, lamenta Rosana, que cuidava de Arno desde que a mãe faleceu. “Ele só saiu da minha casa para casar”, recorda.

Com o fim do casamento, Rosana diz que Arno caiu na dependência química e ficou desgostoso da vida, parou de tomar medicação e volta e meia entrava em surto. “Há uma semana perdi um filho para o câncer, e hoje estou chorando diante dessa tragédia, dessa imprudência. A polícia foi imprudente e tirou a vida do meu irmão”, lamenta.

 

 

PM atira contra Arno

Os vídeos que começaram a circular ainda na noite de quinta-feira nas redes sociais mostram como Arno foi morto. Após discutir com dois homens, Arno atravessou a rua Nilson Edson dos Santos com uma faca na mão e xingou os policiais. Ele gritou: “vão embora, filhos da puta”.

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Nesse momento, um dos PMs que apontava a arma para Arno atirou duas vezes. Os tiros, segundo o comandante da PM de Itajaí, Ciro Adriano da Silva, atingiram a barriga e a perna de Arno, que não resistiu aos ferimentos.

A alegação da PM é que um dos policiais atirou para proteger sua vida e a de outras possíveis vítimas. Um inquérito administrativo será aberto para investigar o disparo, informou o comandante.

A PM também informou que Arno tinha nove boletins de ocorrência, a maioria por violência doméstica.

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Arno tinha abandonado a medicação 

A Assistência Social de Itajaí confirmou que Arno era atendido pelo Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (Caps AD). Em julho de 2023, ele recebeu alta do tratamento a pedido da família, para que fosse internado em uma clínica de recuperação. Ele também fazia uso de medicações controladas, que eram renovadas diretamente na unidade básica de saúde onde era atendido.

Segundo a família, Arno tomava risperidona, medicamento para tratar transtornos mentais, como esquizofrenia, transtorno bipolar e irritabilidade associada ao transtorno do espectro autista. Porém, por estar desgostoso com a vida, ele tinha deixado de tomar o remédio, e tinha os surtos. A função da risperidona no cérebro é justamente controlar o humor, a ansiedade, a saciedade e o sono.

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Comentários:

Dalton Luiz Scheunemann

27/09/2024 14:30

No caso da morte do Sr. Arno por policiais militares, precisamos pensar que cada vez teremos um maior número de pessoas com doenças mentais, transtornos, surtos, derivados da dependência química ou não. Assim, qualquer família está sujeito a esta situação e a polícia deveria estar melhor preparada para atender este tipo de situação, mediante treinamento e cursos. Acredito que o uso de arma de fogo deveria ser a última alternativa, hoje a polícia possui Taser ( arma de choque) e armas com munição de borracha, que são mecanismos não letais. Mesmo que tivesse de ser utilizado uma arma letal, poderiam mirar e atirar na perna ou no braço, em locais não vitais. Lamentável este episódio que cada vez está mais frequente em nossa região, meus sentimentos a família!!!

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