Itajaí
Fayal anuncia expansão em meio a denúncias de pais contra a gestão
Manifesto alerta para troca de diretores, demissões e falta de diálogo com famílias
João Batista [editores@diarinho.com.br]
O colégio Pedro Antônio Fayal, da rede Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), anunciou novos projetos em Itajaí e a expansão da rede, com a abertura de mais 10 unidades. O anúncio foi feito na rede social e ocorreu após manifesto de pais de alunos contra a crise na escola. Os pais denunciam problemas de gestão, incluindo a troca de diretores, alta rotatividade de professores, falta de planejamento e ausência de diálogo com as famílias, gerando incertezas sobre o futuro da instituição.
Apesar do anúncio feito nas redes sociais, os pais consideram o comunicado insatisfatório, pois não aborda problemas da administração que estaria, segundo eles, “uma bagunça sem fim” e “jogada às traças”. O Fayal é uma das instituições mais tradicionais de Itajaí, com mais de 62 anos de história. Para 2025, a direção promete novos projetos educacionais, aprimorando a qualidade do ensino.
Na educação infantil, estão previstos novos materiais didáticos com cadernos e projetos específicos de língua inglesa, cultura maker e educação socioemocional. No ensino fundamental, os materiais dos anos iniciais (1º ao 5º ano) estão sendo atualizados e o material regular será renovado. Os alunos ainda contarão com materiais complementares voltados à educação digital, formação humana, linguagens e matemática.
No ensino médio, a escola afirma acompanhar as discussões sobre as mudanças na modalidade e está estudando os ajustes necessários para atender à legislação e garantir um ensino de qualidade. “A unidade, com sua estrutura, já oferece cursos livres no contraturno/integral, esportes e handebol. Nesse contexto, o portfólio de cursos será expandido com novas modalidades, abertas a toda a comunidade escolar”, informou.
O DIARINHO solicitou esclarecimentos à CNEC e à secretaria do colégio Fayal sobre os problemas denunciados na gestão atual. A CNEC não se manifestou, e a escola informou que o departamento jurídico responderia por e-mail, o que não aconteceu.
Crise gera revolta e provoca saída de alunos
Em manifesto, os pais expressaram revolta e preocupação com o futuro da escola devido a uma série de problemas ocorridos nos últimos meses que, segundo eles, não têm sido discutidos com as famílias. Em quatro meses, a diretoria foi trocada três vezes. “A constante troca de diretores tem impactado negativamente a gestão escolar, dificultando a implementação de projetos e a continuidade das atividades pedagógicas”, afirmam.
Muitos pais disseram se sentir desamparados pela administração da escola em relação ao bem-estar e desenvolvimento dos alunos, o que gerou ainda mais insatisfação e desconfiança.
Segundo os pais, a CNEC não tem respondido às reclamações enviadas à ouvidoria e a nova diretora tem ignorado as famílias. A situação se soma a problemas antigos, como a falta de segurança e a necessidade de reformas e reparos, que já estavam na lista de demandas dos pais.
Outro ponto crítico destacado foi a alta rotatividade de professores, com demissões sem justificativas claras. Além disso, haveria professores com salários atrasados. “A recente demissão de uma professora da educação infantil na última sexta-feira exemplifica esse problema, deixando as crianças mais uma vez em uma situação difícil para se adaptarem a novos educadores”, afirma o manifesto.
Uma mãe de aluno comentou que o colégio só publicou o comunicado após muitas reclamações feitas pelos pais à ouvidoria. No entanto, os pais continuam indignados. “A coordenação está uma bagunça. Nos deixam à mercê. Para se ter uma ideia, trocaram a professora do meu filho e só fui informada no dia em que a nova professora já estava na sala”, relata.
Além da troca de diretores, ela menciona a contratação de auxiliares e estagiários sem formação em Pedagogia e trocas frequentes de assistentes, sem explicações. “A gente nunca sabe quem realmente está na coordenação, porque muda toda semana. Tanto que a coordenadora que trabalhava ali há 20 anos saiu porque não aguentava mais. É uma bagunça sem fim”, completa, adiantando que vai transferir o filho para outra escola no final do ano. Outras mães também já tomaram a mesma decisão.
Em um grupo de mães no WhatsApp elas discutem a situação. Uma delas cobra que ao menos um representante da CNEC venha a Itajaí para prestar esclarecimentos, ouvir os pedidos e se comprometer com os pais. No manifesto, os pais pedem união da comunidade escolar para buscar soluções e tentar reverter o cenário de insatisfação, cobrando uma gestão comprometida com o diálogo, para evitar a debandada de alunos.
Parcerias e expansão da rede
Durante o processo de expansão, o colégio informou que já possui parceria com a prefeitura de Itajaí e discute com o estado sobre novos projetos, entre eles propostas para educação, formação profissional e cultural.
O tema foi tratado em reunião em julho, que contou com a presença do presidente da CNEC, Alexandre Santos, da deputada federal Soraya Santos (PL-RJ) e do governador Jorginho Mello (PL).
Segundo o colégio Fayal, a rede CNEC possui mais de 20 parcerias com prefeituras e estados, e em 2024 reabriu quatro unidades no país, com mais uma reabertura prevista para este segundo semestre. Para 2025, prevê a abertura de 10 novas unidades no Brasil, uma delas em Brusque. Em Itajaí, a escola está em “expansão e crescimento” e segue recebendo matrículas de novos alunos.