O secretário da Associação Catarinense dos Importadores de Adubo (Acia), Renan Saldanha da Silva, afirmou que a autoridade portuária do Porto de São Francisco do Sul mentiu sobre o atraso na descarga de navios de fertilizantes que aguardam atracação. Ele afirma que as explicações foram para “agradar o governador” e “minimizar os impactos e problemas motivados pelo porto”.
Na semana passada, a direção do porto admitiu que a espera para descarga aumentou pelo crescimento nas operações e ao represamento de navios pelas condições de chuva em julho e agosto ...
Na semana passada, a direção do porto admitiu que a espera para descarga aumentou pelo crescimento nas operações e ao represamento de navios pelas condições de chuva em julho e agosto, mas negou risco de desabastecimento dos insumos aos produtores rurais. Segundo o porto, a média de espera de navios de fertilizantes é de 12 dias, mas chegou a 17 dias em julho, com seis navios na fila na semana passada.
A Acia, em resposta, afirma que a espera teve média de 19 dias em julho. Um dos navios chegou a esperar 58 dias. “Estamos desde junho e julho convivendo com fila entre 15 e 21 navios de prontidão, aguardando serem chamados para atracar e descarregar os fertilizantes”, informa Renan. Ele é gerente da Eleva Química, uma das oito empresas da Acia, que responde por 90% do volume de fertilizantes entregues no estado.
Fura-filas
O Porto de São Francisco adota a resolução SCPAR PSFS Nº 038/2022, que prevê atracação preferencial de três navios seguidos de fertilizantes. A medida não agrada nem os importadores dos insumos, nem a Federação das Indústrias de SC, que pede revisão da norma. Para a Fiesc, a regra prejudica a entrega de materiais ao setor siderúrgico, como aço, que abastece metalúrgicas e empresas do polo metalomecânico estadual. Já pra Acia, o problema é que a resolução não garante isonomia aos importadores e, segundo denúncia, estaria sendo usada para beneficiar um dos armadores, por “lobby político” junto ao porto.
“O porto está há dois anos aplicando o uso de um artifício que a Resolução 38 não prevê, que é descarregar o navio e, sem que ele volte para fila, já carregam o mesmo navio com exportação de madeira. Isso gera um benefício financeiro para o exportador G2 Ocean”, afirma o secretário da Acia sobre o suposto favorecimento ao “fura-fila”.
Uma reunião pretende discutir o assunto com o governador. Se as normas não forem alteradas, a associação dos importadores não descarta a possibilidade de denúncia ao Ministério Público e de solicitar que o TCE audite as normas atuais.
A Federação das Cooperativas Agropecuárias destacou que a demora traz o risco de que as empresas que importam a matéria-prima para produção de fertilizantes não consigam atender os agricultores até os prazos pro plantio. O atraso também gera prejuízos aos importadores pelos custos dos navios parados. O valor gira entre US$ 25 mil e US$ 35 mil por dia. O porto afirma que tenta reduzir a fila, mas diz que a demanda aumentou muito, sem que os berços de atracação fossem ampliados.