Navegantes tem o privilégio de contar com a vegetação de restinga preservada na região mais valorizada da cidade. A exuberante vegetação que protege as areias da praia central rendeu ao município, neste ano, o selo da Green Destinations, que reconhece os esforços das cidades que veem em seus recursos naturais um ativo, não um obstáculo para o crescimento sustentável. Esse feito se soma a outros índices que colocam Navegantes na rota do turismo internacional, alinhado com as demandas ambientais.

“Além de garantir a preservação da fauna e flora no local, manter a restinga intocada é a nossa garantia contra ressacas e a elevação do nível do mar por causa do aquecimento dos oceanos”, afirma ...

“Além de garantir a preservação da fauna e flora no local, manter a restinga intocada é a nossa garantia contra ressacas e a elevação do nível do mar por causa do aquecimento dos oceanos”, afirma o engenheiro ambiental Drusko da Cunha, do Instituto Ambiental Navegantes (IAN). Segundo dados da Unesco publicados em junho, nos últimos 30 anos, o nível do mar subiu 9 cm, mas, devido ao aumento de atividades como a queima de petróleo e carvão, estima-se que até 2050 essa elevação chegue a 36 cm, colocando em risco as cidades costeiras.

O primeiro passo para a preservação da restinga foi dado em 2002, quando bares foram removidos da praia graças a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público. Também foram retiradas passarelas de cimento e instaladas placas informativas sobre as proibições no local, como atear fogo, remover mudas e plantar espécies exóticas. Sombreiros e bananeiras foram substituídos por árvores nativas.

Na década seguinte, o poder público investiu na construção de deques de madeira e passarelas que permitem a passagem de pedestres até a praia sem prejudicar a vegetação. Como resultado, a restinga se expandiu, alcançando até 2 metros de altura em alguns trechos. Isso possibilitou o aumento da população de preás, caranguejos, pequenos lagartos e da coruja-buraqueira, eleita pelos estudantes da rede pública como símbolo da cidade.

“Essas ações fazem de Navegantes uma cidade mais resistente às mudanças climáticas, ou seja, que está se preparando para conter e se recuperar rapidamente diante de eventos extremos”, acredita o engenheiro. Já na praia do Gravatá, que perdeu essa proteção natural devido à erosão costeira e à ação humana, está previsto, no projeto de engordamento da praia, o replantio de restinga. No entanto, o projeto ainda está sendo readequado para atender às demandas da Secretaria de Patrimônio da União e do Tribunal de Contas de Santa Catarina.

Outra questão importante é a implementação de um sistema de esgoto na cidade para destinar corretamente os dejetos domésticos e industriais. Atualmente, casas e comércios utilizam apenas fossas sépticas, mas não é raro o poder público receber denúncias de ligações clandestinas.

“Atualmente, estamos atualizando o Plano Municipal de Saneamento Básico para avançarmos em 2025, já que a cidade cresceu muito nos últimos anos e dependerá da implantação de um bom sistema de água e esgoto para atender de forma sustentável à população”, explica o secretário municipal de Saneamento Básico, Renato Benatti.

Costa limpa e preservada atrai novo perfil de visitantes

Uma costa limpa e preservada também atrai outro perfil de turista, além dos tradicionais veranistas que trazem dinheiro nos meses de calor. Para movimentar Navegantes fora da temporada, a prefeitura incluiu no mês de agosto uma agenda com práticas esportivas, aproveitando a vocação do município para atividades náuticas.

Entre os dias 23 e 25 de agosto ocorreu a segunda edição do Festival Náutico, com competições de barcos à vela, contando este ano com a participação do atleta olímpico Bruno Fontes. No ano passado, 63 barcos competiram em várias categorias, inserindo Navegantes no calendário nacional do iatismo. No início do mês, aconteceu também a segunda edição do Festival de Pesca de Praia, com 183 participantes das regiões Sul e Sudeste. No ano passado, a pescaria coletiva resultou em 80 kg de pescado, que foram doados para entidades.

Está prevista para o final do ano a inauguração de uma trilha ecológica com 650 metros de extensão no bairro Pedreiras, que levará a um mirante de 156 metros de altura, com vista para a praia do Gravatá e Meia Praia. O projeto já saiu do papel e está em fase de limpeza do trecho para a segurança dos amantes de caminhadas, e de instalação de placas de sinalização e descrição das espécies nativas de fauna e flora.

O esforço do poder público e da comunidade para manter Navegantes no topo dos destinos turísticos já se reflete nas empresas que medem a opinião pública. Segundo o secretário de Turismo, Luciano Maibuk, a cidade se destaca como destino das férias de julho no site de passagens aéreas Decolar e apresentou, em 2023, a maior nota de hospitalidade entre os usuários da plataforma de hospedagem Airbnb, em acomodações “em frente à praia”. “No mapeamento de destinos turísticos do Ministério do Turismo, Navegantes saltou da nota D para B”, comemora.

Novo parque Pontal Sul ainda é um sonho

O molhe, construído para facilitar a navegação de grandes embarcações, em breve pode se tornar um destino ainda mais agradável para quem curte caminhadas e aprecia o pôr do sol, assistindo ao vai e vem dos navios. O projeto Parque Pontal Sul pretende transformar a área de 27 mil m² e atrair turistas e moradores com uma variedade de opções de esporte, lazer e gastronomia, que sejam agradáveis aos olhos e acessíveis a todos.

O projeto é de autoria do arquiteto Dagmar de Oliveira, responsável por todos os projetos paisagísticos da atual gestão. Natural de Blumenau, ele conta que se inspirou no Parque Ramiro Ruediger, na cidade natal, que se tornou um concorrido cartão-postal, unindo as belezas de um bosque com equipamentos que favorecem a prática de esportes.

No caso de Navegantes, a ideia é aproveitar a paisagem praieira para apresentar novos esportes como o beach tênis, sem deixar de lado jogos mais tradicionais, como futebol e bocha. Também haverá espaço para a prática de capoeira, basquete de rua, caiaque, 1500 metros de pista de ciclismo e uma pista de skate para futuras competições.

Estão previstos ainda um local para apreciar as manobras dos navios em frente à bacia de evolução, um anfiteatro para apresentações culturais, uma área reservada para food trucks e um memorial às vítimas da pandemia de covid-19.

Os materiais escolhidos para o projeto seguem a linha eco-friendly. Serão instaladas placas solares para geração de energia limpa e uso de lâmpadas de LED, além de piso que absorve a água. Já na área destinada às crianças, o piso de borracha será produzido a partir da reciclagem de pneus de caminhão. Para o pergolado, foram escolhidas peças de resina, que têm durabilidade de 50 anos, em vez de madeira, que degrada rapidamente.

O projeto foi apresentado à autoridade portuária de Itajaí em abril, já que a área pertence à União. O diretor-geral de engenharia da superintendência do Porto, Jucelino dos Santos Sora, informou que o pedido está em fase de análise. Embora seja favorável à revitalização do molhe, ele acredita que é importante executar primeiro a segunda etapa das obras da bacia de evolução, para garantir a segurança dos equipamentos turísticos que venham a ser instalados no local. Além disso, é necessário remover os destroços do navio Pallas, que naufragou em 1893 e ainda estão no fundo do rio, a fim de assegurar a navegabilidade de navios maiores.