Porto pede ajuda de R$ 25 milhões a Portonave para quitar dívida da dragagem
Proposta será avaliada pelos acionistas da Portonave
João Batista [editores@diarinho.com.br]
O canal portuário está sem dragagem há duas semanas (Foto: João Batista)
O canal portuário está sem dragagem há duas semanas
(fotos: João Batista)
O Porto de Itajaí quer uma ajuda de R$ 25 milhões da Portonave para quitar a dívida de R$ 35 milhões referente à dragagem do canal de acesso do Complexo Portuário de Itajaí. Nesta semana, a empresa holandesa Van Oord confirmou a suspensão do serviço por falta de pagamento, um risco que já tinha sido alertado desde julho, mas que se confirmou em agosto. O canal portuário está sem dragagem há quase 14 dias.
O superintendente do porto de Itajaí, Fábio da Veiga, participou de reuniões em Brasília (DF), na segunda-feira, e em Itajaí, na quarta-feira, mas não conseguiu a liberação do dinheiro ...
O superintendente do porto de Itajaí, Fábio da Veiga, participou de reuniões em Brasília (DF), na segunda-feira, e em Itajaí, na quarta-feira, mas não conseguiu a liberação do dinheiro. Já a reunião em Itajaí foi entre a superintendência e a Portonave, discutindo a ajuda da empresa para o pagamento da dragagem. Outros R$ 10 milhões seriam complementados pela prefeitura de Itajaí.
A proposta de aporte da Portonave tinha sido debatida em reuniões anteriores, mas a empresa buscava obter as informações necessárias para tomar uma decisão.
Segundo o DIARINHO apurou, a superintendência apresentou a situação financeira e a estimativa de despesas do porto na reunião, enquanto a Portonave apresentou uma modelagem em que estima a forma do aporte financeiro e quais seriam as condições.
A informação é que o porto de Itajaí apontou que seriam necessários R$ 25 milhões da Portonave, enquanto a prefeitura daria os outros R$ 10 milhões de compromisso em novembro. Com isso, seria pago o que está em aberto, e a Superintendência do Porto esperaria ter caixa para voltar a pagar regularmente o serviço em novembro.
Em contrapartida, a Portonave começaria a receber o valor aportado a partir de junho de 2025, em 12 meses, como uma antecipação tarifária. Com o encaminhamento da conversa, a empresa agora vai apresentar a proposta para avaliação dos acionistas.
Se houver acordo, a proposta será levada tanto para a Antaq quanto para a Secretaria Nacional dos Portos para obter o aval. O “sinal verde” dos órgãos federais está entre as exigências da Portonave para garantir o reembolso da ajuda financeira.
Ao DIARINHO, a Portonave informou que está em tratativas preliminares no sentido de contribuir com uma solução para a continuidade do serviço essencial da dragagem. Essa solução não necessariamente é financeira e qualquer conclusão ou informação divulgada de forma precipitada pode atrapalhar a condução da análise pela alta gestão da companhia.
Governo federal deixou Itajaí na mão
As tratativas com a Portonave ocorrem em meio à indefinição do governo federal sobre o prometido repasse de R$ 50 milhões para a dragagem. Em reunião no dia 25 de julho com representantes do porto, da Antaq, da Portonave e da Van Oord, o diretor da Secretaria Nacional de Portos, Fábio Lavor, informou que o recurso está disponível e que a posição do ministério é de repassar, mas a liberação dependeria de uma análise jurídica.
A princípio, não haveria restrição pra liberação do repasse devido ao período eleitoral, o que destravaria os recursos apenas após as eleições de outubro. “A Secretaria Nacional de Portos está alinhando com a consultoria jurídica do ministério para tentar viabilizar o repasse. A preocupação é construir uma nota técnica com a argumentação validada pela consultoria jurídica para autorizar o repasse”, disse.
Na ocasião, Fábio considerou a possibilidade de o repasse não acontecer, destacando a necessidade de um “plano B”, com conversas em paralelo com as empresas em busca de uma solução alternativa, como a que está sendo tratada com a Portonave. Até o momento, o Ministério dos Portos não respondeu como está o processo para a liberação do dinheiro federal.
Além da ajuda do ministério, em maio a superintendência anunciou dois repasses para manter a dragagem em dia até o fim do ano, com R$ 20 milhões da prefeitura, em duas parcelas. Apenas uma parcela foi paga.
Em julho, a câmara aprovou mais R$ 21,8 milhões para a dragagem, mas a medida foi com base na previsão orçamentária do porto, não tendo esse dinheiro de fato pra transferência.
Fiesc cobra solução urgente para evitar prejuízos
A Federação das Indústrias de SC (Fiesc) cobrou providências para a retomada da dragagem no canal portuário. Em ofício, a entidade fez um pedido à Presidência da República, ao Ministério de Portos e Aeroportos, à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), aos membros do Fórum Parlamentar Catarinense, ao governador Jorginho Mello (PL) e à Superintendência do Porto.
No documento, a entidade destaca preocupação com os prejuízos e efeitos negativos da suspensão dos serviços para a atividade portuária e na indústria. Isso porque a movimentação do complexo portuário corresponde a cerca de 11% das cargas em contêineres do país.
Nesta semana, a Van Oord notificou à Superintendência do Porto de Itajaí afirmando que não retomará os trabalhos até que sejam pagos os R$ 35 milhões pelos serviços já prestados. O canal portuário está sem dragagem ao menos desde o dia 1º de agosto. A draga Njord, que realizava o serviço, estava em manutenção e deveria ter retornado às atividades nesta semana, mas o trabalho foi suspenso pela empresa.
De acordo com o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, “a falta de pagamento que levou à suspensão da dragagem de manutenção traz perplexidade, já que é condição básica e obrigatória para a gestão do complexo portuário”.
A Njord é uma draga pequena de jato d’água, que atua para manter as profundidades mínimas de 13,5 metros (canal interno) e 14 metros (canal externo) no acesso aos portos. As atuais medições, homologadas pela Marinha do Brasil em junho, têm validade até 30 de agosto.
Problemas em série
Segundo a Fiesc, a situação da dragagem revela problemas ainda maiores na gestão inadequada do processo de transição das operações no complexo portuário. A entidade aponta que projetos como a adequação do canal de acesso e a segunda etapa das obras na bacia de evolução para permitir a atracação de navios maiores não estão sendo tratados adequadamente.
O avanço dos projetos depende da definição do governo federal sobre o arrendamento definitivo do Porto, com edital previsto para lançamento em outubro, segundo o cronograma inicial da Secretaria Nacional de Portos. Já o leilão tem data para janeiro de 2025. A Fiesc cobra agilidade no processo.
“Parlamentares de SC e o governo federal firmaram um compromisso implícito com a sociedade catarinense quando rejeitaram o modelo de concessão anterior, que previa investimentos de R$ 2,8 bilhões. Agora, resta a eles comprovarem que a rejeição foi a melhor opção e que trará benefícios”, afirmou Mário Cezar de Aguiar.
No momento, o Porto de Itajaí ainda vive a expectativa de retomada das operações de contêineres, anunciada para 13 de setembro pela JBS/Seara. Para o presidente da Fiesc, essa retomada ainda não traz soluções para a falta de investimentos no terminal.
A lógica é realmente atraente, mas não fala de quantos impostos e investimentos a Portonave já pagou e realizou. O PRIVADO nem sempre é o vilão, pois diariamente tem que matar um leão por dia. Em relação ao leão, a Porotnave pagou mais de 292 milhões de reais em impostos no último ano de 2023 (conforme a demonstração financeira da empresa). E sabe o quanto o ESTADO pagou? ZERO! Todos PAGAM pela dragagem, seu Zé que pega sua bateira e vai pescar seu sustento, o cabeça branca da lancha e até o Eduardo Corrêa (MESMO NÃO USANDO). TODOS POR VIA DE IMPOSTOS!
Eduardo Correa
16/08/2024 18:21
O PRIVADO está quietinho, esperando que o ESTADO resolva esse pagamento mas adivinhe quem é beneficiado pela dragagem SEM DAR UM CENTAVO? Isso mesmo, o PRIVADO. Se usa o canal, tem que ajudar a pagar a dragagem.
João P. Paulo
16/08/2024 10:42
O PRIVADO salvando o ESTADO. O ESTADO está falido economicamente, eticamente e moralmente. Dito isso, percebo um certo silêncio por parte de muita gente sobre o tempo que o porto está parado. No entanto, ao mudar a atual gestão, e acontecer algo menor, terão a mesma atitude? Caso não ocorrer, por que tanto silêncio? Fica a pergunta.
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