Tradição
Sapataria artesanal é um negócio de família
Filho homenageia o pai e resgata o ofício com um novo layout do espaço
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Montar a Zapatheria foi a forma que o administrador de empresas itajaiense José Roberto Rebello, o Beto, encontrou para resgatar a profissão do sapateiro e, ao mesmo tempo, homenagear o pai Emanuel Rocha Rebelo, o Manequinha, que teve uma pequena fábrica de calçados femininos em Itajaí entre 1972 e 1991.
Além dos tradicionais reparos, a empresa confecciona sapatos, sandálias, botas e bolsas, femininas e masculinas, de acordo com o que o cliente quer. Portanto, hoje é possível calçar um modelo exclusivo e totalmente made in Itajaí.
O local também confecciona sapatos especiais de acordo com receitas médicas, palmilhas e oferta o serviço de engraxate. A pessoa pode levar o calçado ao local e pegar depois, como também sentar e esperar que o calçado seja engraxado pelos sapateiros.
O espaço ainda tem produtos associados a calçados, malas e bolsas de viagem.
Beto abriu a Zapatheria em dezembro de 2015 e por um longo período tocou sozinho o negócio. Hoje sua esposa Fabiana administra a matriz e o filho Gustavo, aos 16 anos, toca a filial recém inaugurada, da Zapatheria Express, que tem o diferencial de fazer consertos em sapatos, bolsas e outros artigos em couro no prazo máximo de 48 horas. Eles contam ainda com três sapateiros que atendem às duas lojas.
“Essa era uma vontade antiga do Beto, de trazer de volta um serviço que praticamente não existe mais e, ao mesmo tempo, manter viva a memória do pai”, conta Fabiana. Mas os primeiros tempos não foram fáceis. Após uma pesquisa de mercado que elencou o melhor ponto para o negócio, o casal investiu no espaço, equipamentos e aí surgiu o problema da falta de mão de obra.
Ela conta que o marido conhecia o ofício, mas não estava conseguindo cuidar da gestão e dos reparos. “Ele tentou ensinar jovens, porém, sem sucesso. As pessoas vinham, ficavam um pouco e saíam”, relata. Foi aí que o casal resolveu “importar” mão de obra. Os três sapateiros que trabalham no espaço vieram um do Piauí e dois do Pará.
Os tempos difíceis passaram logo e hoje as expectativas são as melhores. “Além de ser um serviço que praticamente não existe mais, os bons sapatos têm preços elevados e o conserto de peças originais acaba sendo a melhor alternativa. Com a chegada do inverno o movimento aumenta ainda mais”, confidencia Fabiana.
O início
Beto começou a trabalhar numa linha de produção de calçados aos 15 anos, na fábrica da família, na rua Leoberto Leal, , juntamente com outras sete pessoas. “Eu era montador, fabricava sapatos, sapatilhas, botas”, narra. A Rebelo Calçados foi fundada em 1972, um ano antes dele nascer, e funcionou até 1991. “Meu pai teve um AVC e aí não pôde mais se dedicar ao negócio. E eu já tinha saído da fábrica e trabalhava em banco”, lembra.