A principal reivindicação é pela colocação dos ranchos de pesca, com a instalação de contêineres que sirvam de local seguro pra guardar redes e petrechos de pesca, e que tenham banheiro, cozinha e água pra uso dos pescadores. Outras medidas incluem um quadriciclo pra puxar os barcos, placas de sinalização com as regras da safra da tainha, uniformes e programa de cestas básicas.
Balneário conta com nove pontos de pesca da tainha, três deles na praia Central e outros nas praias de Laranjeiras, Taquarinhas, Taquaras, Pinho, Estaleiro e Estaleirinho. Os ranchos na praia Central foram tirados para as obras de alargamento e são previstos novos modelos no projeto de revitalização da orla. Enquanto isso, os pescadores não têm estrutura adequada para trabalhar, com barcos e materiais desprotegidos, alvo de furtos e ação de vândalos.
Além da praia Central, os pescadores querem a colocação dos contêineres no Pinho, que está sem rancho, e em Taquarinhas, que tá com um barraco de lona. Na praia de Laranjeiras, o pedido é pela restauração do rancho histórico, que é um dos mais antigos da cidade e precisa de melhorias na estrutura.
Uma nova reunião está marcada para o dia 26. Segundo os pescadores, o prefeito Fabrício se comprometeu em atender às demandas emergenciais. A reunião contou com a participação da secretária de Meio Ambiente, Maria Heloísa Furtado Lenzi, e da presidente da Fundação Cultural de BC, Denize Leite, uma vez que a pesca artesanal da tainha é patrimônio cultural imaterial de BC desde 2019.
Em nota, a prefeitura confirmou que vai ajudar os pescadores com a estrutura para a montagem dos ranchos. Na reunião, o prefeito apresentou o projeto dos ranchos definitivos previstos na obra de revitalização. O modelo, considerado “futurista”, não agrada aos pescadores, que defendem mudanças na estrutura pra que fique mais adequada ao trabalho no dia a dia.
Abrigo e fiscalização
A reunião na segunda foi movimentada, com representantes de diversos ranchos e da colônia de pescadores, que já tinham buscado apoio de um grupo de vereadores. A discussão tratou das medidas mais urgentes pra safra da tainha, mas também de outras reivindicações. Entre elas a cobrança de fiscalização contra o uso de redes ilegais, e contra a circulação de jet-skis, lanchas e outras embarcações que desrespeitam a distância mínima da areia das praias.
A queixa é que a movimentação dos barcos de lazer perto das áreas de pesca “espantam” os peixes. A reunião tratou de um projeto de lei a ser levado pra câmara que vai contemplar os itens discutidos.
O pescador Edson Faustino, o “Bugio”, do rancho de pesca da rua 4000, na Barra Sul, informa que a próxima reunião dará um balanço dos pedidos. “O prefeito vai nos apresentar o que conseguiu e o que terá condições de nos dar de imediato”, disse. Sobre os ranchos, ele ressalta que não necessariamente teria que ser um contêiner, mas um abrigo adequado e seguro. “O que a gente não quer é que seja uma barraca que em qualquer ventania a gente tenha que se grudar nos pés dela pra ela não voar”, lembra.
O contêiner funcionaria como “contêiner-casa”, com banheiro e espaço pra manipulação dos peixes, atendendo os pescadores até os ranchos definitivos da reurbanização da orla. “O contêiner vai ser bom porque elimina o banheiro químico. Com o banheiro químico, a gente ia pra casa de noite e, quando chegava de manhã, ele estava estourado, vomitado e cagado de tudo quanto é jeito”, relata.
Ranchos definitivos
A cobrança por ranchos seguros leva em conta os casos frequentes de furtos de redes e danos nas embarcações provocados pelos “nóias” durante a noite. Mesmo as caixas usadas hoje pra guardar materiais são alvo de arrombamentos. Os ranchos projetados para a nova orla terão estrutura completa, incluindo abrigo pros barcos.
A construção é prevista nas próximas etapas das obras de revitalização, nos pontos atuais de pesca, nos trechos das ruas 4000, 3700 e 3100. Os pescadores reclamam que não foram ouvidos na elaboração do modelo e cobram alterações. “A gente precisa de uma espia, que é pra poder olhar o peixe de cima, como todo lugar tem, uma torre. Nas praias agrestes, os pescadores ficam no morro pra poder enxergar o peixe, mas aqui [na praia Central], a gente não tem como”, explica Bugio.
Vereadores e deputados
Representante dos pescadores da praia Central, a advogada Erika Barbarini atuou junto ao prefeito, vereadores e deputados em busca de soluções para a temporada da tainha. “Nós botamos tudo por escrito e ele [Fabrício] se comprometeu, porque é caráter de urgência. As famílias estão sem alimentação, sem amparo, sem normas”, afirma.
Se as medidas travarem, Erika adianta que o Ministério Público será acionado. A advogada já levou o tema para o deputado Carlos Humberto (PL) e conseguiu apoio do deputado Marcos José Abreu, o Marquito (Psol). O parlamentar mandou ofício à prefeitura e à câmara de vereadores pedindo o atendimento às demandas dos pescadores.
O vereador Anderson Santos (Podemos), da base governista, também pediu pra prefeitura comprar ou contratar os contêineres para os pescadores da praia Central e ainda sugeriu um estudo pra criação de um corredor de acesso de veículos pra retirada do peixe na faixa de areia durante a safra da tainha.