Ele estava tratando uma pneumonia no Hospital da Unimed em Balneário Camboriú
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Stefan era húngaro e nasceu na antiga Iugoslávia
(Foto: Arquivo)
Stefan e seus irmãos antes de migrarem da Europa para o Brasil (Foto: Arquivo)
Stefan e a bisneta Maria Alice
Stefan e a esposa Luzia
Stefan com parte da família
Ao lado do filho montou uma oficina de motores de barcos de popa na Beira Rio
Stefan Toth faleceu aos 87 anos
Faleceu nessa terça-feira o mecânico aposentado Stefan Toth, 87 anos, que comandou durante anos uma oficina de motores de popa no bairro Fazenda, ao lado do filho que herdou seu nome Stefan Carlos, e faleceu precocemente em 2015, aos 53 anos.
O patriarca da família Toth estava internado no Hospital da Unimed, em Balneário Camboriú, desde o dia 31 de dezembro, tratando uma pneumonia recorrente. Ele deixa a mulher, Luzia, as ...
O patriarca da família Toth estava internado no Hospital da Unimed, em Balneário Camboriú, desde o dia 31 de dezembro, tratando uma pneumonia recorrente. Ele deixa a mulher, Luzia, as filhas Juliana e Margit, os netos Samara, Ethel, Marcelo, Egon, Isadora e Lucas, e a bisneta Maria Alice.
Stefan era húngaro mas nasceu em Sombor, na antiga Iugoslávia (hoje território da Sérvia), em 25 de maio de 1936. Ele emigrou para o Brasil em 1949 com os pais Karl e Julliana e os irmãos Jovan, Katarina, Margareta, Helena, Elisabeth e Bela. A família veio para o Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando a Europa estava em ruínas, forçando a população a se deslocar de cidade em cidade até encontrar um campo de refugiados. Separados pela guerra, na Alemanha a família reencontrou o patriarca Karl, que lutou como militar na guerra. Eles decidiram reunir a família e partir para recomeçar a vida em outro continente.
A escolha pelo Brasil aconteceu por causa da política migratória bilateral, que pagava pelo translado de navio e oferecia trabalho imediato. A saga dos Toth por aqui começou em 13 de agosto de 1949, quando aportaram na Ilha das Flores (RJ), onde era feita a triagem dos imigrantes. Depois eles vieram para Santa Catarina, onde havia descendentes alemães, cujo idioma também falavam. A mãe Juliana foi trabalhar na fábrica Cremer e o pai Karl como mecânico.
De Blumenau a família seguiu para Joaçaba, onde Karl foi trabalhar num moinho. Um ano depois, se mudaram para Petrópolis (RJ), para onde Karl foi transferido. Foi lá que, anos depois, Stefan conheceu a esposa Luzia, às vésperas do Natal de 1958. Um ano depois, estavam casados. Também foi em Petrópolis que nasceram as filhas Juliana e Margit e o caçula Stefan Carlos.
A família chegou a Itajaí em 1974, quando Stefan foi convidado a trabalhar no antigo Moinho Peônia, na rua Blumenau, até se aposentar. Por aqui, moraram em Cabeçudas e no casarão onde fica hoje a Fundação Cultural de Itajaí. Stefan sempre gostou do sul do Brasil e se dizia um brasileiro nato, sendo grato pela acolhida que o país deu à família depois de passarem fome na Europa pós-guerra. Em 1987, eles se mudaram para a rua Lauro Muller, nas proximidades da Beira Rio, onde Stefan montou uma oficina de motores de barcos de popa com o filho até 2015, quando o caçula faleceu de um infarto fulminante.
Para lidar com a perda, Stefan passou a se dedicar à pintura. Entre os temas preferidos estavam paisagens, rostos familiares e os barcos que sempre lhe fascinaram. Desde a morte de Stefan Filho, Stefan pai abandonou a oficina de motores.
Pai de todas horas, nos bons e mais momentos
A filha Margit relembra com ternura do pai, companheiro de todas as horas. “São tantas memórias boas, desde pequena quando morávamos em Petrópolis. Ele vinha do trabalho sujo de graxa, cansado, com fome, mas sempre com um sorriso no rosto. Quando conseguia juntar um dinheirinho, nos colocava dentro do carro e íamos nos aventurar e acampar pelo litoral carioca. Na praia, fazia pesca submarina e trazia a refeição do dia. Tivemos uma infância boa, cercada de carinho, e nos momentos de perrengue, nos sentíamos seguros e amados”, recorda.
Ela conta ainda que, depois de adultos, o pai sempre esteve presente, ajudando no que fosse possível, seja para consertar eletrodomésticos ou para socorrer a família em todas as dificuldades. “Era pai de todas as horas. Com o tempo, foi ficando cheio de limitações físicas e a situação se inverteu. Nos últimos anos, era ele que precisava de nós”, relata. “Pai, te amarei para sempre. Mesmo sem sua presença física, nunca esquecerei o quanto você foi bom para mim e tudo que me ensinou," agradece Margit.
A primogênita Juliana já havia expressado sua admiração pelo pai numa carta em 1990. “Ainda me lembro com carinho de quando você me buscava na escola, contando histórias malucas. Ainda te vejo com os olhos daquela menina que te esperava no fim de tarde, quando você fazia carinho com a mão suja de graxa. Te vejo como um homem, pai, companheiro e amigo muito especial. Sinto-me privilegiada de ser tua filha. Teus olhos azuis falam como um menino que sonha e ama as coisas simples. E a pureza do teu sorriso transmite mais do que qualquer palavra pode expressar. A saudade fica, mas os ensinamentos permanecem em atitudes que sempre vão estar presentes no meu viver”, escreveu.
Stefan está sendo velado na Capela do Vaticano em Itajaí, no bairro Fazenda. A cerimônia de despedida será das 8 às 14 horas desta quarta-feira, 17 de janeiro.
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