oradores de Itajaí que conhecem a importância de Silvestre João de Souza Júnior, falecido aos 65 anos em julho de 2015, estão preocupados com o acervo do artista plástico. As obras estariam abandonadas dentro da antiga casa de Silvestre, na rua 13 de Maio, no centro de Itajaí.
Como a esposa de Silvestre, Alicia, faleceu antes dele, o restante da família não estaria mantendo o cuidado com o acervo pessoal e privado do artista. As obras estariam abandonadas e inclusive correndo risco de serem furtadas. “As obras do artista Silvestre estão esquecidas em sua casa, em meio à sujeira e à depredação. Me sensibilizei por ser uma pessoa muito importante da cultura itajaiense”, disse D.Z. ao DIARINHO.
O historiador Magru Floriano confirmou ao DIARINHO que a realidade na antiga casa de Silvestre é desoladora. “Pessoal de rua invadiu a casa e foi tirando tudo que tinha de metal. As obras de artes foram jogadas no chão, ao relento. O forno artesanal foi feito pelo artista, o rancho atrás da casa foi feito com tijolos fabricados ali. Tudo está correndo um risco iminente de destruição”, informa Magru.
Magru conseguiu entrar na casa no mês de novembro e fez as fotografias que ilustram essa matéria. “O Silvestre foi a maior liderança que Itajaí teve nas artes plásticas nos últimos tempos. Ele está para as artes visuais como o Bento Nascimento para a Literatura, o Toni Cunha para o Teatro. Preservar o forno com que ele fazia seus experimentos estéticos [química das tintas e reações ao calor], e objetos sonoros é um dever de todos nós que amamos a arte itajaiense”, argumenta Magru.
A Fundação Cultural de Itajaí ficou sabendo da situação, mas como a propriedade das obras é privada, cabe à família manter o acervo. “É um acervo particular, não temos como intervir nem invadir o domicílio. No nosso entendimento só se houver algum encaminhamento judicial”, informou a Fundação Cultural.
Romy Huber, presidente da Câmara Setorial de Artes Visuais de Itajaí, informou que denúncias sobre a falta de conservação das obras serão levadas para discussão em reunião.
Pesquisador da cerâmica
A artista Ane Fernandes, curadora da Galeria de Artes da Univali e amiga de longa data de Silvestre, disse que perdeu o contato com a família logo após a morte dele e não tem informações sobre o atual estado de conservação das obras. “Seria importante acompanhar a situação. Silvestre tem uma importância bem significativa para o município. Ele já foi diretor da Casa da Cultura e era um artista pesquisador da cerâmica”, explicou.
Silvestre assumiu o comando da Casa da Cultura Dide Brandão na década de 80 e naquela época organizou a primeira exposição do artista Walter Smykalla – reconhecido nacionalmente e também já falecido.
Além do acervo que corre risco na antiga casa do artista, Silvestre deixou incontável número de obras espalhadas por todo o mundo. Uma delas está na Casa da Cultura Dide Brandão. O painel “Os Carijós”, entalhado nos anos de 1983 e 1984 em madeira de cedro rosa, é uma homenagem aos antigos indígenas que habitavam a região do Vale do Itajaí.