ITAJAÍ

Expulsão de moradores de rua seria vingança após queixas de torturas da PM

Operação “clandestina” foi horas após uma denúncia à corregedoria da polícia Militar sobre os abusos

Vítimas relatam agressões do policial “alemão” que leva mendigos para serem torturados no bairro Ressacada 
(foto: divulgação)
Vítimas relatam agressões do policial “alemão” que leva mendigos para serem torturados no bairro Ressacada (foto: divulgação)
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A expulsão dos moradores de rua de Itajaí na madrugada desta terça-feira é encarada como uma represália de parte da Polícia Militar aos andarilhos após 13 agressões cometidas por policiais militares terem sido denunciadas ao comando e à corregedoria da PM de Itajaí pelo Centro de Direitos Humanos de Itajaí (CDHI).

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A denúncia foi protocolada na corregedoria da PM por volta das 14h de segunda-feira, com relatos colhidos em postos de saúde e também por membros do Centro de Direitos Humanos de Itajaí ...

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A denúncia foi protocolada na corregedoria da PM por volta das 14h de segunda-feira, com relatos colhidos em postos de saúde e também por membros do Centro de Direitos Humanos de Itajaí. As agressões estariam acontecendo desde o ano passado, mas se intensificaram este ano.

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A partir do mês de julho, as noites violentas passaram a ser rotina pros moradores de rua e foram cometidas até mesmo contra menores de idade. Segundo o presidente do CDHI, Diego Lopes da Costa, e Maria Helena Spronello, integrante do núcleo jurídico, a cena registrada em vídeo da expulsão dos moradores, em fila indiana e a pé, é encarada como uma represália à denúncia feita à corregedoria da PM horas antes.

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As imagens ajudarão o comando da PM a identificar os policiais militares que vinham cometendo agressões nas ruas e que, como represália, teriam  expulsado os moradores de rua para Balneário Camboriú, escancarando a prática violenta. Nesta terça-feira, a denúncia também foi entregue ao Ministério Público.

O comandante da PM de Itajaí, tenente-coronel Ciro Adriano da Silva, alegou que esse tipo de denúncia é feita diretamente na corregedoria e não era pra ter vazado para a tropa. “Os envolvidos geralmente ficam sabendo quando o procedimento de apuração já está instaurado e são intimados para depoimento”, explicou.

Já sobre a expulsão, o comando alegou que não se tratava de uma operação policial institucional ou planejada, sendo feita de forma “paralela” e sem conhecimento do comando local.  O comandante ainda afirmou que  “o fato será apurado por Inquérito Policial Militar.”

Denúncia de BC

Segundo o relato da Abordagem Social de Balneário Camboriú, policiais que ocupavam cinco viaturas da PM de Itajaí espancaram o grupo de moradores de rua. Os policiais obrigaram o grupo a caminhar pela BR 101 até a cidade vizinha. Os moradores ouviram frases como “vão para o inferno, vão para Balneário Camboriú, vão para qualquer lugar, menos Itajaí”.

A secretária de Desenvolvimento e Inclusão Social de BC,  Christina Barichello, denunciou a ação ainda durante a madrugada. “Estamos com aproximadamente 30 pessoas em situação de rua que estavam deitadas na marginal antes de chegar em Balneário. Nós estamos aqui com a GM, com a PM, também com o resgate, algumas pessoas estão machucadas, pois segundo elas apanharam muito e as mandaram vir para Balneário Camboriú”, denunciou.

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Na manhã de terça, a Secretaria de Assistência Social de Itajaí informou que fez o atendimento ao grupo que estava às margens da BR-101. Todos já eram cadastrados nos serviços assistenciais de Itajaí. Dezoito pessoas estavam no local durante a abordagem e foram encaminhadas ao Centro POP para acolhimento, repouso, alimentação, higiene e atendimento técnico com psicóloga e assistente social. Todos eles optaram por permanecer em situação de rua, segundo a versão da secretaria.

 

Madrugadas violentas para os moradores de rua

Relatos foram reunidos pelo centro de Direitos Humanos de Itajaí

Relatos foram reunidos pelo centro de Direitos Humanos de Itajaí 

 

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Os relatos das vítimas fazem parte da denúncia à corregedoria .

 

9 de novembro de 2022:  adolescente, situação de rua e dependente químico. Abordado e agredido por agente da PM no bairro Cidade Nova. Levou coronhadas na região da face e na cabeça. Não quis prestar informações sobre características do agressor. Caso foi repassado ao Conselho Tutelar.

 

15 de março: na frente da casa de um amigo no bairro Cordeiros, o homem foi acusado por dois PMs de ser traficante. Foi ameaçado de morte, levou chutes, golpes de cassetete, apresentando cortes  perto do olho e na boca. “Como é que o cabra é acusado de ser traficante se nem aqui ele mora?! Um branquelo enorme vê um nego pobre, vivendo de reciclagem, já acha que tá lidando com bandido e faz isso?! Não vou registrar ocorrência, lembro bem da cara dele, mas deixa quieto, só quero ir embora de Itajaí...”, alegou.

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25 de julho: homem de 30 anos, morador de rua e dependente químico. Agredido pela PM nas proximidades da comunidade do Matadouro. Com a violência da agressão, teve descolamento de retina, fratura nas costas e ficou com hematomas pelo corpo. “Apanhei muito, deram com o cassetete na cabeça, nas pernas e nas costas. Foi muita botinada nas costas, pensei que ia morrer. Só lembro que tinha uns quatro, mas dois olhavam. O que batia mais parecia mais novo e era mais forte e galego, os outros nem tanto. Eu sou nóia, mas não sou bandido: faço reciclagem pra usar as paradas”, relatou.

 

1º de agosto: homem, de 35 anos, morador de rua, dependente químico e com transtorno mental. Foi abordado próximo da Havan do bairro Fazenda. “Não foi a primeira e nem a segunda. Bateram nas costas, pernas e braços; muito chute. Eles até que bateram pouco dessa vez. O braço tá doendo, mas não quebrou. O “alemão” disse que da próxima vez vai me aleijar. Não bate foto, não. Deixa quieto”, pediu, amedrontado.

 

12 de setembro: homem, negro, de 35 anos, morador de rua e dependente químico. Durante a madrugada do dia 11, dormia nas redondezas da igreja Matriz quando foi acordado pela PM a chutes. Sofreu lesões no ombro e cotovelo, devido as lesões teve que usar tipoia. “Pessoal tem muito medo desse “alemão”. Não vô fazer boletim de ocorrência, nem nada. Pelo amor de Deus, não quero levar nada adiante”, implorou.

 

20 de outubro: homem, negro, de 35 anos, morador de rua e dependente químico. Foi agredido por agentes da PM, um branquinho e o outro é meio japa, quando dormia nas proximidades do McDonalds. Foi acordado, colocado na viatura e levado para o “riozinho da Ressacada” junto com um senhor em situação de rua. Foi agredido com pauladas e pedradas, recebeu ameaças de morte.

 

27 de setembro: homem, branco, 45 anos, situação de rua e dependente químico. Não soube informar a data correta da ocorrência, ficou internado no hospital Marieta por vários dias. Ele dormia em uma casa abandonada quando foi acordado pela PM, sofreu agressões com barra de ferro, causando fraturas nas costas.




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Comentários:

juarez rezende araujo

31/10/2023 21:08

Cristo veio ao mundo para acolher o desamparado.Quem agride ou apoia a agressão do pobre,esta agredindo o Cristo e o colocando na cruz novamente.A populaçao em situação de rua só existe por causa de muita injustiça social.Enquanto o pobre leva cuturno na cara,os vereadores de itajai querem aumentar sua verba.E ai cara palida?Vai ficar assim? Sera que a pm vai dar botinadas nesta gentalha que quer um aumento pra não fazer nada?

Felipe da Costa

31/10/2023 20:00

Se caso a PM está envolvida com essa situação eles estão de parabéns, esse bando que so sabe pedir dinheiro na sinaleira, roubar e fazer sujeira, tudo para consumir drogas, tem que tirar da cidade, emprego tem de monte, muitas empresas precisando de gente para trabalhar e não acha ninguém, não vem com essa de vitima da sociedade, emprego tem sim, é só correr a trás e largar o vicio.

Rodrigo Spinola

31/10/2023 18:19

Minha opinião: a PM ta certissima. Já estamos de saco cheio dessa vagabundagem na nossa idade. A população tem tbm que correr com esses vagabundos que querem apenas criar aglomero e vivem se drogando e enxendo o saco da população que não da dinheiro. E quem tiver pena, adota um. Voltem de onde vieram.

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