Balneário Camboriú e Camboriú não sofreram inundações com as chuvas intensas da semana passada. Só entre quarta e quinta-feira, a Defesa Civil registrou volume de 76,57 milímetros de chuva em Balneário Camboriú. Ainda assim, os rios das Ostras e Peroba seguiram dentro do leito e o rio Camboriú, mesmo com alto nível, manteve a vazão média e não interrompeu a captação de água.
Na quinta-feira, Balneário não chegou a registrar ocorrências ligadas às chuvas. Em Camboriú, houve alagamentos em ruas do bairro Monte Alegre. A explicação para as cidades terem “escapado ...
Na quinta-feira, Balneário não chegou a registrar ocorrências ligadas às chuvas. Em Camboriú, houve alagamentos em ruas do bairro Monte Alegre. A explicação para as cidades terem “escapado” das cheias tem a ver com a separação da bacia do rio Camboriú com a do rio Itajaí-açu. Com isso, BC e Camboriú não são afetadas com o escoamento das águas que vem pelo Itajaí-açu do Alto Vale do Itajaí.
O presidente do Comitê de Bacia do Rio Camboriú, Paulo Ricardo Schwingel, professor da Univali, explica que as razões para os alagamentos não terem ocorrido estão ligadas às características do rio, que abrange só os dois municípios e deságua diretamente no mar, sem contato com a bacia do rio Itajaí.
“Diferente, por exemplo, da sub-bacia do rio Itajaí-mirim, que vem de Brusque, Guabiruba, Botuverá e deságua próximo à foz, mas deságua ainda no rio Itajaí-açu. Essas, sim estão ligadas, mas a bacia do Camboriú não tem ligação com essas bacias, por isso que ela tem um comitê próprio”, destaca.
Além disso, o professor ressalta a diferença de envergadura da bacia do rio Camboriú, que pega somente as duas cidades e drena uma área de 220 quilômetros quadrados. Já a bacia do rio Itajaí-açu abrange 52 municípios e drena uma área de 15 mil quilômetros quadrados. Schwingel comenta que a diferença “gigantesca” tem um efeito importante na drenagem das águas.
No caso do rio Camboriú, o escoamento ocorre em menos de 40 quilômetros do comprimento do rio, enquanto que, no Itajaí-açu, as águas percorrem centenas de quilômetros. Pra ocorrência de alagamentos, o professor explica que tem que chover na nossa região, mas o volume nas últimas semanas foi baixo no litoral e em Itajaí, comparado com as zonas mais altas do rio Itajaí-açu.
Em Balneário Camboriú e Camboriú, mesmo quando há alagamentos, o escoamento é muito rápido. O mesmo, porém, não ocorre em Itajaí. “Em Itajaí choveu tão pouco quanto Camboriú, só que nós somos a foz, ou seja, nós drenamos toda uma bacia hidrográfica. Essa região se chama exutório, que é o ponto que drena toda uma bacia hidrográfica”, frisa Schwingel.
Água fica mais tempo presa na bacia do rio Itajaí
A condição de receber toda a água da bacia do rio Itajaí-açu faz com que Itajaí possa ter enchente mesmo que não chova nada na cidade. A diferença para bacia do rio Camboriú também está ligada ao “tempo de residência” das águas na bacia até chegar ao mar.
O professor compara que, em Camboriú, a chuva que cai nas morrarias na região de Limeira ou Macacos, leva menos de 12 horas para alcançar o mar. Já na bacia do rio Itajaí-açu, a água leva dias pra chegar à foz. “Então, nós podemos ter o efeito de uma água que caiu lá em Rio do Sul, de dois a três dias pra ter esse efeito aqui”, avalia.
Em razão do escoamento mais rápido em Camboriú é que foi idealizado o projeto do parque inundável, pra reservar a água do rio Camboriú. Nesse mês, o Instituo de Meio Ambiente (IMA) liberou a licença prévia para as obras. Além de estocar água, o parque também servirá pra conter cheias.