José Boiteux
Depois de confronto com indígenas, dificuldade pra fechar a barragem é técnica
PM afastou moradores do local com balas de borracha e gás de pimenta
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Apesar de decisão judicial pra fechamento das comportas da barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, a partir das 5h, a medida não foi concluída até o fim da manhã deste domingo. Houve confronto entre a comunidade indígena e a Polícia Militar, com disparos de balas de borracha e spray de pimenta contra os moradores.
Apesar do conflito, uma operação pra início do fechamento das comportas teria iniciado em seguida. Mas as dificuldades seriam que o processo é todo manual e faltariam solda e algumas ferramentas. Segundo o governador Jorginho Mello (PL) que está em Blumenau, técnicos e a Defesa Civil trabalham no local.
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Durante a madrugada, o secretário de Defesa Civil, coronel Armando Schroeder Reis, havia informado que as equipes estavam em negociação com os indígenas para tentar fechar a barragem.
Duas equipes técnicas enviadas ao local teriam condições de operar o fechamento das comportas com ferramentas hidráulicas, uma convocada pela Defesa Civil de Santa Catarina e outra mobilizada por empresários da região de Rio do Sul e Blumenau. O impasse pra operação da barragem persistiu durante a madrugada. Houve protesto da comunidade, que incendiou materiais no meio da estrada.
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O próprio governador Jorginho conversou por chamada de vídeo com o cacique Setembrino Camlem, uma das lideranças indígenas da região, pedindo para que os moradores liberassem o acesso à barragem. “Eu quero fazer um apelo pra que você desmobilize o pessoal, porque ninguém quer, eu não quero confusão nenhuma. Eu sou um homem de paz, eu sou um homem de bem, eu sou um homem de palavra. Quando eu assumo um compromisso, eu honro”, disse.
No vídeo com a conversa, que circula nas redes sociais, é possível ouvir tiros durante a negociação. O delegado da Polícia Federal, presente no local, fará um relatório das ocorrências. Casos de abuso da Polícia Militar, já denunciados por indígenas, poderão ser investigados. Relatos nas redes sociais dizem que pessoas chegaram a ser atingidas por balas de borracha e precisaram ser levadas ao hospital.
O fechamento das comportas depende da condição da estrutura, que está abandonada há mais de 10 anos e sem qualquer manutenção. As lideranças indígenas dizem que há risco de rompimento, considerando que a barragem teria fissuras estruturais. Os técnicos também não sabem apontar quanto tempo levará a operação de fechamento.
O uso da barragem de José Boiteux seria uma última medida pra aliviar o nível dos rios. As barragens de Taió, que verteu no início da madrugada, e de Ituporanga, estão 100% cheias e com todas as comportas fechadas. O rio Itajaí-açu está em queda neste momento, abaixo dos 8 metros por volta das 11h, ainda em alerta máximo. O pico foi de 9,48 metros, às 3h da madrugada. Com rios e barragens cheias, a região recebe mais chuva intensa durante este domingo, persistindo as condições de inundações e deslizamentos.