Matérias | Especial


saúde mental é coisa séria

Causas de dificuldade de aprendizagem em crianças devem ser investigadas

Profissionais de fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia e psicopedagogia podem atuar de forma integrada para um diagnóstico seguro

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Nas escolas e consultórios, é crescente a demanda por profissionais especializados em educar e tratar crianças com problemas de aprendizagem. Depois do boom de diagnóstico de TDA e hiperatividade, de alguns anos pra cá também houve pais frequentes com suspeita de que seus filhos têm Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas das vezes influenciados por vídeos da internet que simplificam a condição a partir de uma seleção de características enganosas.

“Quanto mais precoce para o diagnóstico, mais assertivo será o tratamento, mas não ter embasamento específico para diagnosticar distúrbios mentais em crianças e adolescentes é irresponsabilidade”, afirma a psiquiatra Vanessa Roese, de 43 anos. Para ela, é preciso ter cuidado com o que se lê na internet, e o excesso de informações só confunde o leigo público.

Para fechar o diagnóstico, Vanessa leva em consideração características psicológicas, biológicas e sociais ...

 

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“Quanto mais precoce para o diagnóstico, mais assertivo será o tratamento, mas não ter embasamento específico para diagnosticar distúrbios mentais em crianças e adolescentes é irresponsabilidade”, afirma a psiquiatra Vanessa Roese, de 43 anos. Para ela, é preciso ter cuidado com o que se lê na internet, e o excesso de informações só confunde o leigo público.

Para fechar o diagnóstico, Vanessa leva em consideração características psicológicas, biológicas e sociais, e, por ser um ramo novo da psiquiatria, afirma que o tratamento é extremamente complexo e sem respostas absolutas. “No Brasil, uma em cada cinco crianças apresenta algum tipo de transtorno mental e o suicídio tem ocorrido nessa faixa etária, por isso é preciso levar a saúde mental a sério e tratá-las de forma ampla”, aconselha.



Para a psicóloga Vanessa Tonnet, de 36 anos, e há 12 anos atendendo o público infantil, existe um excesso de diagnóstico por parte dos pais e uma tendência a patologizar comportamentos de crianças para que uma medicação resolva o problema. “Nem toda criança agitada tem TDAH, nem toda criança com dificuldade de se relacionar ou aprender é autista”, afirma.

Segundo ela, o excesso de telas e as muitas horas passadas na internet elevaram os índices de ansiedade e prejudicaram as habilidades das crianças, inclusive retardando a fala. E não adianta simplesmente tirar o celular delas. “É claro que se o adulto tirar algo de que gosta, ela vai ficar irritada. Daí a necessidade de uma família participar da terapia, pois muitos desses comportamentos ela aprendeu em casa. O cérebro da criança é uma esponja”, explica.

Outro problema apontado pela psicóloga é a resistência no ensino da sexualidade, muitas vezes por questões moralistas que nada têm a ver com a saúde. “Tem meninas de nove anos que já menstruaram e as mães não querem que a escola dê educação sexual. Isso acaba revertendo o aumento da gravidez precoce e a incapacidade das meninas de se defenderem de abusos”, alerta.


Portador de TDAH tem um desequilíbrio do hormônio dopamina no cérebro

A fonoaudióloga Mariana Antunes, de 43 anos, é especialista na rede pública de ensino e privada de Balneário Camboriú em tratar distúrbios que atrasam o desenvolvimento neurológico. Ela explica que as professoras são treinadas para identificar problemas nos marcos de desenvolvimento infantil e encaminham os casos para profissionais de saúde mental a fim de fazer o laudo. “Na infância existe uma idade para sentar, engatinhar, andar e falar. Caso a criança apresente dificuldade na evolução, atuamos para melhorar seu desempenho”, conta.

No caso do TDAH, há três subgrupos: os hiperativos, os desatentos e aqueles que combinam as duas coisas. De forma geral, eles têm dificuldade em realizar tarefas, ficar parados, seguir instruções e se envolver em atividades calmas. Em alguns casos são impulsivos e podem desenvolver o transtorno desafiador, que não respeita figuras de autoridade e idade de forma agressiva. Se não foi divulgado na infância, o adulto com TDAH acaba não conseguindo se organizar, ler e adquirir habilidades motoras, como usar tesouras e amarrar o cadarço, por exemplo.

“Em casos assim pode ser recomendado o uso de medicação para reequilibrar a dopamina no cérebro por um período determinado. É como se a mente estivesse tão acelerada que o indivíduo faz as coisas pela metade: a função motora e a neural estão em descompasso”, explica a psicopedagoga Flávia Pera, de 43 anos. Segundo ela, a pandemia também abalou a saúde mental de crianças e adolescentes, cujos cérebros em formação não conseguem lidar com as emoções embotadas pelo isolamento, prejudicando ainda mais a aprendizagem.

Fila de esperança em centros especializados

Não é raro que crianças com diagnóstico de TDAH tenham outras comorbidades como dislexia e descalculia. No primeiro caso, a criança soletra e identificada como letras, mas não consegue juntar as sílabas porque não tem consciência dos filhos. “Elas não conseguem fazer a correspondência dos mesmos fonemas em palavras diferentes, por isso têm dificuldade em ler e compreender o texto”, pontua. Já no caso de descalcificação, a dificuldade é em fazer operações matemáticas.


Flávia é psicopedagoga do Centro Municipal de Educação Alternativa de Itajaí (Cemespi). Além dela, os alunos da escola pública são atendidos por cinco professoras, seis fonoaudiólogas, seis psicólogos, cinco fisioterapeutas, sete psicopedagogas e três instrutores de libras. E apesar da equipe numerosa, a demanda é maior do que a oferta. “Atendíamos toda a rede pública e também a privada. Depois, restringimos para a rede pública, e agora só a municipal, e, mesmo assim, tem fila de espera porque o tratamento é longo”, justifica.

 

Centro de reabilitação física e intelectual da Univali é referência regional (Foto: Divulgação)

 


Neurodivergentes

Mães de crianças com TEA vivem maratona para atender às necessidades dos pequenos

Se ter filhos já é uma tarefa complicada, dar educação adequada a crianças com transtornos é um desafio digno de Hércules! A missão se torna mais complexa à medida que cresce o número de diagnósticos graças à evolução das pesquisas sobre como o cérebro opera. Essas descobertas obrigam o estado, a escola e as famílias a buscar formas de dar suporte às crianças com dificuldade em executar tarefas básicas, como se vestir e comer de forma autônoma.

Este foi o caso de Noah, de 10 anos, filho da jornalista Natália Uriarte Vieira, de 38, e do músico Evandro Hasse, de 50, divulgado com TEA aos três anos. A agenda dele é repleta de atividades para diminuir o atraso da aprendizagem e melhorar suas habilidades sociais e cognitivas, além de consultas periódicas ao neurologista, psicólogo, sem falar nas aulas de judô e escotismo nos fins de semana. Demandas que foram surgindo ao longo do tempo, já que na época em que Noah nasceu não havia o entendimento que se tem hoje sobre o espectro autista.

“Comecei a perceber que ele era diferente de outras crianças porque demorou muito a falar e seu vocabulário era super-restrito. Muitos diziam que o menino era assim mesmo, preguiçoso, ou que não era estimulado o suficiente, mas nada explicava seus rompantes de fúria na hora de trocar a roupa ou almoçar. Ele jogouva a comida longa, era tenso!”, relata.

Natália conta que até hoje ele não vem proteína por causa da textura e do cheiro e o que parecia ser birra era uma forma de expressar um extremo incômodo. Então eles começaram a anotar as situações que provocavam desconforto e buscaram terapias para ajudar nas atividades diárias. Além do incômodo com certos alimentos, ele resiste a restaurantes por causa do barulho de gente mastigando. Para ir à escola, use um protetor de ouvido.

Noah começou um tratamento recebido no Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual (CER) da Univali, referência no diagnóstico de autismo desde 2014. Mas como a condição luxuosa cuidados de longo prazo, Natália e outras mães se uniram para fundar a Associação de Pais e Amigos do Autista (AMA). A entidade conta com equipe multidisciplinar, que atende cerca de 150 crianças com diversas terapias, além de realizar palestras, eventos beneficentes e o grupo de apoio.


Natália e Evandro se desdobram para suprir as necessidades de Noah

(Foto: Arquivo pessoal)

A demanda por profissionais especializados para atender crianças é crescente (Foto: Divulgação)

Terapia para dar conta dos desafios da educação de Benjamin

Até frequentar a creche, a família de Benjamin não se deu conta de sua singularidade. Como ele tinha dois anos no começo da pandemia e passou muito tempo em casa, não tinha demonstrado comportamento estranho fora do círculo familiar. Foi na escola que ele se tornou irritadiço e inflexível, além de não conseguir se comunicar. “Aos três anos ele falava poucas palavras e, quando pedíamos para ele escolher algo, ele repetia a última opção, mesmo que não fosse do seu desejo. Aquilo não era normal”, contou a mãe Ana Clara, de 31 anos.

Depois da consulta com uma fonoaudióloga, ela foi orientada a procurar um neurologista e o diagnóstico de autismo nível 2 caiu como uma bomba. Como psicopedagoga, ela sabia dos desafios que teria pela frente. “Meu marido foi mais receptivo ao diagnóstico do que eu”, revela Ana, que precisou de terapia para lidar com as demandas do filho, do trabalho e do casamento. “A quarta de manhã eu reservo um tempo pra terapia e academia, senão não dou conta. É um estresse muito grande, a gente fica exausta”, admite.

 

Para ajudar o filho a superar suas limitações, Ana começou a pesquisar tudo o que existe de mais avançado sobre TEA e outros transtornos que podem vir associados, como o TDAH. Ela afirma que o ideal é que a criança tenha uma carga horária de atividades de 40h por semana. Por isso, todas as manhãs ele faz terapias numa clínica, custeado, em parte, pelo convenio particular.

“Eu sei que sou privilegiado pois meu marido tem plano de saúde, porque o SUS não supre tudo. Mesmo assim, como o convênio tem coparticipação, o custo do tratamento pode chegar a R$ 4 mil mensais”, revela. Ana conta que, após um ano de tratamento intensivo, Benjamin pode ter evoluído para um grau de autismo menos severo. “No começo, ele só usava roupas largas, agora conseguiu negociar. Também na hora da alimentação consigo incluir um brócolis para ganhar a sobremesa. Senão é só comida branca ou amarela e seca”, descreve.

A maior preocupação de Ana era a alfabetização, mas, para, sua surpresa, se deu de forma natural, pedindo para que ela alugasse as placas de trânsito. Outra conquista foi cortar o cabelo. Como ele tinha agonia da máquina, foi feita sensibilização com instrumentos vibratórios perto da cabeça. E para conter a impulsividade, participaram de jogos que estimularam a permanência numa atividade. Só cantoria e contação de história ainda lhe incomodaram. “Como ele é muito objetivo, pede pra eu só falar a história sem entonação, é um figura!”.

Em meio à maratona de atividades, Ana acha tempo para o lazer em família

(Foto: Arquivo pessoal)

 

Centros de referência em Itajaí

AMA: Rua Herculano Corrêa, 101 - Centro. Telefone: (47) 2125-1960.

CEMESPI: Rua José Pereira Liberato, 1398 - São João. Fone: (47) 3349-7963.

Univali/CER: Rua Uruguai, 458, Bloco F5 – Centro. Fone: (47) 3341-7655.

 

 

 




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