A expedição Baleia-Franca, do projeto de monitoramento do Instituto Australis, registrou 225 baleias-francas no litoral sul do Brasil entre os dias 15 e 18 de setembro. O resultado representa o terceiro maior número de baleias já avistado nos sobrevoos. O recorde é de 273 baleias, em 2018, seguido de 228, em 2022. Em 2020, foram apenas 42 registradas na mesma área.
Os números confirmam a expectativa dos pesquisadores de uma temporada com grande quantidade de baleias, as primeiras avistadas em junho. Os registros apontam que a população das baleias ...
Os números confirmam a expectativa dos pesquisadores de uma temporada com grande quantidade de baleias, as primeiras avistadas em junho. Os registros apontam que a população das baleias-francas, espécie ameaçada de extinção no Brasil, está se recuperando, com crescimento de 4% ao ano, e ocupando mais áreas ao longo da costa sul brasileira. No país, a estimativa é de 500 baleias-francas.
Do total de baleias registradas pela expedição, 110 eram mães acompanhadas de filhotes e cinco eram adultas avistadas sozinhas. O monitoramento aéreo percorreu 1,2 mil quilômetros entre os litorais do Rio Grande do Sul, SC e Paraná. No sobrevoo foram avistadas baleias já conhecidas do projeto, entre elas a Zebrinha, catalogada em 2002, e que neste ano teve filhote semi-albino. Mãe e filho foram registrados em vídeos.
Também foi registrada uma baleia que, em 2 de setembro, foi vista na praia de Moçambique, em Floripa, com um pedaço de rede de pesca presa à cabeça. Dessa vez, ela já estava livre das linhas. Ainda chamou a atenção uma rara baleia semi-albina fêmea, sendo o primeiro registro no litoral brasileiro. Os dados de contagem, localização, fotos e vídeos das baleias são usados para estudos do projeto.
Na costa de SC, a maior concentração das grandonas ocorreu entre as praias de Ibiraquera, em Imbituba, e do Mar Grosso, em Laguna. Em Floripa, foram avistadas baleias nas praias da Joaquina e Moçambique.
No Rio Grande do Sul, os registros se concentraram entre Capão da Canoa e Tramandaí. Já no Paraná, a operação foi prejudicada pelo nevoeiro marítimo, sem avistagens entre Guaratuba (PR) e São Francisco do Sul.
Pico da temporada
A expedição acontece nesta época porque setembro é o auge da temporada das baleias-francas no litoral brasileiro. A operação faz parte do programa de monitoramento das baleias da SCPAR Porto de Imbituba e do Projeto Franca Austral (ProFranca), do Instituto Australis. Segundo o gerente de pesquisa do ProFranca, Eduardo Renault, o período foi com um número de baleias acima da média em relação aos anos anteriores e próximas dos registros de 2022.
SC concentrou a maior parte das avistagens. “Agora a maioria das baleias já está acompanhadas de filhotes, com um comportamento refletindo o fato de Santa Catarina ter as condições ideais para os cuidados das mães com os filhotes”, comentou. Pra diretora do ProFranca, Karina Groch, o número de avistagens reforça a importância do projeto. “O trabalho de conscientização e de monitoramento tem sido essencial para preservação, conservação e aumento de indivíduos”, ressaltou.
O monitoramento aéreo integra o trabalho feito em terra ao longo de 15 pontos na região da APA Baleia Franca, que abrange 10 cidades no litoral sul de SC, entre Florianópolis e Balneário Rincão. A área é a preferida das baleias-francas no Brasil. Elas migram para águas tropicais mais quentes no inverno para acasalamento e procriação.