O primeiro navio cargueiro movido pela força dos ventos iniciou a viagem inaugural nesta semana e está vindo para o Brasil, com destino ao porto de Paranaguá, no litoral paranaense. O Pyxis Ocean é equipado com velas especiais gigantes, chamadas WindWings, que foram construídas com aço e fibra de vidro – mesmo materiais das turbinas eólicas – e que prometem levar a sustentabilidade ao transporte marítimo.
A embarcação com capacidade de 81 mil toneladas zarpou de Xangai, na China, na segunda-feira, fretada pela gigante americana Cargill. A viagem servirá de teste pro uso da nova tecnologia ...
A embarcação com capacidade de 81 mil toneladas zarpou de Xangai, na China, na segunda-feira, fretada pela gigante americana Cargill. A viagem servirá de teste pro uso da nova tecnologia. As windwings, cada uma com 37,5 metros de altura, permitem que o navio seja levado pelo vento, reduzindo a dependência dos motores e podendo economizar 1,5 tonelada de combustível por dia e baixar até 30% a emissão de gás carbônico, segundo os fabricantes.
As velas são automatizadas e giram usando o vento pra empurrar o navio. A estrutura é composta por três elementos, sendo duas asas de cinco metros de largura e um elemento central com 10 metros de largura. Cada asa tem um pivô central e pode girar inteira, se posicionando conforme o ângulo e a velocidade do vento. Quando o navio está aportado ou durante a passagem por pontes e canais, as velas podem se dobrar e ser recolhidas.
A tecnologia da embarcação foi desenvolvida pela empresa britânica BAR Technologies, nascida da equipe do velejador britânico Ben Ainslie, e a fabricação foi feita na China. “Este é um dos projetos mais lentos que já fizemos, mas sem dúvida com o maior impacto para o planeta”, disse à BBC o chefe da equipe, John Cooper, que trabalhava para a McLaren, da Fórmula 1.
Seis semanas até o Brasil
O Pyxis Ocean vai demorar cerca de seis semanas para chegar ao Brasil. Durante o percurso, o desempenho do navio será testado. A viagem inaugural deve marcar o início de uma revolução no setor. “Prevejo que até 2025 metade dos novos navios serão encomendados com propulsão eólica”, disse Cooper. As velas poderão ser instaladas em novas embarcações e também adaptadas em navios já existentes.
Apesar do otimismo, estudos sobre transporte marítimo mostram que a tecnologia eólica pode não ser adequada para todos os navios, como os de contêineres, uma vez que as velas prejudicam a descarga. Velocidades mais lentas, que aumentam o tempo de viagem, também estão em discussão.
A embarcação pertence à Mitsubishi e é a primeira a receber a tecnologia britânica de propulsão eólica. A parceria entre a Cargill e a MC Shipping, braço de transporte da Mitsubishi, pretende alavancar a transição energética no setor, adotando a tecnologia não apenas na frota própria, como também levando pra todo o mercado. Projetos semelhantes são tocados por outras empresas e países. No Brasil, a Vale está usando velas rotativas em um navio de transporte de minério.