SANTA CATARINA
Portos crescem apesar da crise em Itajaí
Terminais catarinenses tiveram o melhor desempenho do Sul do Brasil e alta acima da média nacional
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Apesar da crise em Itajaí, os portos de Santa Catarina continuam crescendo, com registro de alta de 6,8% na movimentação de cargas no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022. O desempenho é o melhor da região Sul, acima da média nacional de 6,3%.
Segundo os dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), passaram pelos portos catarinenses 29,3 milhões de toneladas, o que representa 4,77% do total nacional. As linhas de longo curso movimentaram 21,2 milhões de toneladas, sendo 42,2% de importações e 57,8% exportações.
A China é o principal destino e a principal origem das cargas. A movimentação de contêineres continua sendo destaque entre os portos de SC, representando 21,7% das operações do país. No primeiro semestre, com 1,2 milhão de TEUs, houve um crescimento de 3,12% em relação ao mesmo período de 2022.
No balanço do primeiro semestre, o estado manteve dois portos entre as maiores movimentações de contêineres do Brasil. A Portonave, em Navegantes, ficou em segundo lugar, com 666.611 TEUs, e o Porto de Itapoá aparece na quarta posição, com 499.407 TEUs.
Considerando apenas os portos de SC, o de São Francisco do Sul lidera o desempenho com 7,5 milhões de toneladas. A Portonave vem em seguida, com 7,4 milhões de toneladas. Em 3º lugar, figura o Porto Itapoá (5,2 milhões), com Imbituba na quarta posição (3,7 milhões). Itajaí, que está com o porto esvaziado desde janeiro, a movimentação se resumiu a 185 mil toneladas, sem operação com contêineres.
"Oscar portuário" causou polêmica
Mesmo com a crise, o Porto de Itajaí recebeu uma premiação do Ministério dos Portos na semana passada, na 4ª edição do prêmio Portos +Brasil, considerado o “Oscar” do setor portuário. Itajaí ficou em 3º lugar na categoria Execução de Investimentos Planejados, levando em conta indicadores de 2022.
O troféu foi recebido pelo vice-prefeito Marcelo Sodré (PDT), que celebrou a conquista pelas redes sociais e foi criticado. Diante de um porto esvaziado, o setor também reagiu muito mal. Marcelo rebateu dizendo que o porto sempre foi premiado e reconhecido nacionalmente em vários indicadores e que o objetivo foi demonstrar que o problema do porto não se deu por falta de gestão.
“Aconteceu pela tão malograda decisão do governo federal passado, que resolveu mudar o modelo dos portos brasileiros, começando por Itajaí. E deu no que deu. Não concluíram o edital e trouxeram insegurança para o mercado, e os armadores, diante disso, buscaram outros portos”, afirmou. Na postagem, ele defende que o porto vai dar a volta por cima, recuperar a movimentação e retomar os investimentos.
O novo edital de arrendamento transitório tem previsão de ser lançado pelo governo federal no dia 25 de agosto, com empresas nacionais e internacionais interessadas no terminal. O contrato provisório terá prazo de dois anos. Durante o período, o governo prevê lançar o arrendamento definitivo, com contrato de 35 anos, estimando mais de R$ 1 bilhão em investimentos pra modernização do porto.
CPI do porto promete investigação
A Câmara de Vereadores aprovou a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Porto. O grupo pretende investigar a queda da movimentação portuária, apurando as responsabilidades com as indefinições no processo de transição no arrendamento do terminal.
Foram nomeados os vereadores Adriano Klawa (sem partido), Christiane Stuart (PSC), Paulo Maes (União Brasil), Laudelino Lamim (MDB) e Osmar Teixeira (Solidariedade). A CPI tem prazo de 60 dias úteis, prevendo prorrogação por mais 45 dias.
Neste ano, até julho, o Porto de Itajaí recebeu 56 navios, apenas dois de contêineres. No ano passado, no mesmo período, foram 160 navios, 134 de cargas contêinerizadas. A estimativa é de que o município perca cerca de R$ 15 milhões por mês em arrecadação de impostos sem o funcionamento do porto.
O superintendente do Porto de Itajaí, Fábio da Veiga, lamentou a criação da CPI. “A iniciativa parece desviar o foco dos avanços conquistados por nossa equipe, apenas por motivação política”, disse em vídeo, também defendendo a premiação. “Nos surpreende que, na mesma semana em que fomos agraciados com mais uma premiação pelo sucesso do planejamento executado no ano anterior, tenhamos de lidar com tal situação”, criticou Fábio.