Audiência pública

Projeto pode mudar hino de SC

Proposta de deputado do PL quer acabar com letra que fala da escravidão por ter “pouca representatividade”

Proposta do deputado Ivan Naatz já divide opiniões pela internet (foto: Ricardo Wolffenbuttel / Secom)
Proposta do deputado Ivan Naatz já divide opiniões pela internet (foto: Ricardo Wolffenbuttel / Secom)

O projeto do deputado Ivan Naatz (PL) que propõe mudar o hino oficial de Santa Catarina avançou na Assembleia Legislativa (Alesc), com agendamento de audiência pública para 15 de agosto. O debate da proposta já começou nas redes sociais, onde a ideia divide opiniões. Enquanto há comentários de que o hino não é mais representativo, outros veem racismo na mudança, pois o atual hino tem uma mensagem abolicionista.

O hino oficial foi adotado por lei estadual em 1895 e tem letra criada em 1892, com versos que falam do fim do império e das diferenças entre as raças e que celebram a libertação dos escravos, determinada quatro anos antes, em 1888, pela Lei Áurea. O deputado Ivan Naatz argumenta que a canção é hoje desconhecida pela maioria da população e não retrata os “valores cívicos e a história catarinense”.

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Outra justificativa é que o hino tem uma letra difícil de cantar, por isso nunca teria “caído no gosto e na memória popular”. “Esse hino não me representa. Depois de 130 anos ainda não sabemos e não queremos cantá-lo”, afirma. Na nova letra, o deputado defende que o hino aborde, obrigatoriamente, temas como o potencial turístico, histórico, econômico e cultural do estado, além da geografia e as belezas naturais.

Entre 2010 e 2011, um projeto do então deputado Gilmar Knaesel (PSDB) propôs ideia parecida, com a formação de uma comissão interna, mas a matéria não foi adiante. Desta vez, Naatz diz que o projeto tem condições de avançar. “Recebemos o apoio de diversos setores culturais e personalidades ligados ao setor musical e o importante é que o tema seja debatido gradativamente. É missão do parlamento estimular e intermediar este debate cívico com a população”, defendeu.

Crítico da proposta, o presidente do Psol de Florianópolis, Leonel Camasão, destaca que o hino celebra o fim da escravidão contra o povo negro, sendo um símbolo de resistência histórica. Ele lembra que o projeto em Santa Catarina contrasta com votação no Rio Grande do Sul, onde a ideia, aprovada, era impedir mudanças no hino, que tinha trecho considerado racista pelo movimento negro.

“Já por aqui, onde o hino exalta a igualdade entre todas as pessoas, os bolsonaristas querem jogá-lo fora, em que pese seja o hino do estado há mais de 130 anos. Não podemos permitir que o extremismo reescreva a nossa história”, postou Camasão nas redes sociais.

Cronograma

Nesta semana, a Mesa Diretora da Alesc autorizou a tramitação e o cronograma do projeto, que tem meta de 30 meses para a conclusão dos trabalhos, até setembro de 2025, pra aprovação de um novo hino. De acordo com o deputado Ivan Naatz, o encaminhamento dá aval para a modificação do hino dentro do calendário proposto.

A próxima etapa no processo é a realização da audiência pública, que será no plenarinho da Alesc. Depois, é prevista a instalação de uma comissão especial de trabalho, com consulta ao Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e Fundação Catarinense de Cultura sobre a possibilidade da realização de um plebiscito sobre o tema. Num plebiscito, se vota “sim” ou “não” para uma determinada a proposta.

No cronograma também está previsto um concurso pra escolha da nova letra e música do hino estadual. Com o resultado, o projeto de lei é encaminhado pra redação final e análise das comissões internas da Alesc e, se aprovado, vai pra votação em plenário.

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Para a audiência pública estão sendo convidados especialistas na área de música erudita e popular, bem como representantes de diversos setores culturais, além da população em geral. Maestros, músicos, professores e historiadores serão ouvidos pra ajudar na escolha, segundo Naatz.






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