O acordo entre herdeiros da Cia. Hering, de Blumenau, e o fundo de investimentos Algarve Capital pode ser rompido devido a um impasse com o processo de inventário de Eulália Hering, falecida em 2006 aos 97 anos. Conforme reportagem do jornal Valor Econômico, uma discordância sobre a estratégia jurídica para o inventário gerou conflito entre familiares e o fundo gestor.
Segundo a reportagem, a gestora de investimentos tinha comprado um percentual dos honorários advocatícios da disputa judicial envolvendo os herdeiros da família Hering. A negociação, que visava facilitar a sucessão patrimonial, acabou virando um novo problema.
O conflito iniciou em 2021, quando três netos de Eulália – Pedro Hering Bell, Rafaella Hering Bell e Eduardo Teodoro Hering Bell – entraram na justiça reivindicando as ações que a avó ...
Segundo a reportagem, a gestora de investimentos tinha comprado um percentual dos honorários advocatícios da disputa judicial envolvendo os herdeiros da família Hering. A negociação, que visava facilitar a sucessão patrimonial, acabou virando um novo problema.
O conflito iniciou em 2021, quando três netos de Eulália – Pedro Hering Bell, Rafaella Hering Bell e Eduardo Teodoro Hering Bell – entraram na justiça reivindicando as ações que a avó tinha na empresa. A ação também pedia que negócios da Hering feitos com o patrimônio de Eulália fossem anulados.
Eulália foi casada com Max Victor Hering, neto de um dos fundadores da Hering, Hermann Hering. Ela chegou a ter 25% das ações e foi uma das mulheres mais ricas do Brasil. A disputa pela herança envolveu outra parte da família, incluindo Klaus Hering, irmão de Eulália, que se dizia o único herdeiro.
A compra de honorários advocatícios em processos de inventário que envolvem acionistas e herdeiros de empresas familiares é um mercado em crescimento no mundo dos investimentos. No caso da Hering, o rolo é que familiares apontam que as ações de Eulália na empresa teriam sumido, por meio de transferências fraudulentas.
A situação teria sido descoberta no inventário do patrimônio da matriarca para a partilha dos bens. Com o problema, um grupo de netos e filhos de Eulália entrou na justiça pedindo a nulidade da venda de ações.
Segundo o Valor Econômico, o processo teria um financiamento da Algarve, prevendo a cessão de 10% dos direitos creditórios. Outras divergências surgiram, como a contratação de outro escritório de advocacia para dar andamento do processo judicial, originalmente de Blumenau e que passou a correr depois em São Paulo.
Voltou pra SC e aguarda decisão
As mudanças de estratégia jurídica geraram conflito com Pedro Hering Bell, que comandou o processo judicial, junto com os dois irmãos, que está na origem da disputa pela herança. Uma notificação do advogado de Pedro informou o rompimento de contrato com a Algarve, mas a gestora pediu pra entrar no processo como assistente.
O caso ainda rola na justiça que, na última decisão, determinou que o processo volte a tramitar em Blumenau. A ação dos netos de Eulália em São Paulo foi aberta ainda em 2021, depois que eles desistiram da ação ajuizada em Blumenau, por uma discordância do juízo sobre qual seria a vara adequada para o caso.
Com a volta do processo pra Santa Catarina, os autores seguem esperando o cancelamento de vendas de ações que eram de Eulália e foram negociados, segundo os netos, de forma fraudulenta pelos tios.
Havendo uma decisão definitiva da justiça, negócios feitos pela Hering após a abertura o processo judicial podem ser afetados e revistos, como a venda da empresa para o grupo Soma, dono das marcas Animale, Farm e Maria Filó, feita em 2021, pouco depois da briga de herdeiros se iniciar na justiça.
