A demolição está autorizada e só aguarda a aprovação do projeto do novo empreendimento pela prefeitura pra ser executada, decretando de vez o fim da casinha que guarda tanta história. Mais antiga que a própria cidade, que só se emancipou em 1964, a moradia foi construída em 1956 e adquirida em 1973 pela família Macedo, de Itajaí, que usava o imóvel para veraneio até o ano passado.
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Nas últimas décadas, a casa testemunhou Balneário se transformar na “Dubai brasileira” e viu seu entorno ser tomado de prédios, estando hoje “espremida” entre os edifícios Saint Tropez e Joana do Mar. No alvo das construtoras, os donos da residência resistiam em negociar o imóvel mas, ainda no final de 2022, acabaram aceitando uma proposta de permuta.
A avenida Atlântica não tem limite de altura para construções. O projeto do novo prédio, de altura bem abaixo dos padrões de BC, leva em conta as restrições pela área do terreno – de 286 metros quadrados – e os recuos exigidos pela legislação. Dos 12 andares do futuro edifício, serão sete para apartamentos e os outros pra garagens e áreas de lazer.
Apesar de não ser necessariamente a última casa da avenida Atlântica, que ainda conta com algumas moradias baixas, como sobrados e construções mais modernas, a residência número 4100 é a última com arquitetura de madeira da beira-mar, no estilo tradicional de ocupação que remonta aos primórdios da cidade, antes da chegada dos primeiros prédios.
Além de antigas construções, mesmo prédios menores e mais tradicionais sofrem com a pressão do mercado imobiliário que vive uma valorização histórica. A cidade lidera há mais de um ano o ranking dos imóveis residenciais com o metro quadrado mais caro do país. A valorização é puxada pelos imóveis de alto padrão, alguns avaliados em mais de R$ 30 milhões.
Catálogo preserva memória de casas de madeira de BC
Embora icônica e histórica, a casinha na Barra Sul não era tombada como patrimônio. Ela integra um mapeamento que identificou 67 casas antigas de madeira em Balneário Camboriú, a maioria dos anos 1960, década da emancipação política do município.
O projeto coordenado pelo arquiteto e urbanista Gabriel Gallarza e organizado pelo Observatório de Interações no Ambiente (OiA) resultou num catálogo impresso e online com informações das construções, permitindo fazer um roteiro de passeio a pé pelos endereços.
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O material é uma maneira de ao menos resguardar a memória das edificações, algumas prestes a desaparecer, e pode ser retirado gratuitamente na sede da Fundação Cultural e na Biblioteca Municipal. A consulta também pode ser pelo site www.arqmadeira.eco.br, que reúnes descrições, históricos e fotos das casas.
Das obras mapeadas, a que já foi casa de veraneio do ex-presidente João Goulart e que abrigava ultimamente o restaurante Canto da Sereia, na avenida Atlântica, foi demolida em dezembro de 2022, durante a pesquisa. O mesmo destino é previsto pra outros imóveis, alguns à venda ou em negociações para futuros prédios.
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